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26.10.20

CILADAS DA VIDA -PARTE L




Nessa mesma tarde, com a preciosa e eficiente ajuda da Olga, João pode respirar de alívio. Teresa estivera na consulta, acompanhada da enfermeira Sandra, fizera análises, onde fora detetado um princípio de anemia, mas viera para casa depois da doutora Laura Aguilar se ter convencido que a doente teria o apoio constante de uma enfermeira que a faria seguir à risca, tudo o que ela lhe prescrevera. Ainda assim queria voltar a vê-la dentro de dez dias.

Olga conseguira não uma, mas três enfermeiras. Uma ficaria na empresa, a outra substituiria Sandra durante as noites, e a terceira faria as folgas das outras duas.

Dividira o quarto com dois biombos e mandara instalar uma cama, uma cadeira e uma pequena mesa, de modo a que a enfermeira pudesse descansar perto de Teresa sem, contudo, perderem a privacidade.

Também mandou retirar toda a roupa do patrão para outro quarto e se encarregara de comprar ela mesma todos os ingredientes necessários para as refeições de Teresa, que Sandra confecionaria nos próximos dias.

Apesar da sua vida ter dado uma grande volta com os acontecimentos das últimas quarenta e oito horas, João pensava que tinha razões para se sentir feliz. Ele que sempre se sentira solitário, ganhara um irmão, com quem lhe parecera fácil desenvolver um clima de amizade fraternal e tinha Teresa, onde sonhara tê-la, desde o primeiro momento que a vira e soubera que ela tinha dentro de si o seu filho. Na sua casa. E para mais em vez de um filho ia ter três, de uma só vez. Iriam ser uma família, ele tinha a certeza, embora não soubesse ainda como convencer Teresa, de que o lugar dela, era a seu lado, criando os filhos dos dois.

Acabou o jantar, e foi ao quarto saber como ela estava. Cruzou-se com a nova enfermeira que levava o tabuleiro em que servira o jantar para a cozinha. Disse-lhe:

-Tem o seu jantar no forno. Pode jantar sossegada, enquanto isso eu faço companhia à dona Teresa.

- Como te sentes? – perguntou sentando-se na beira do leito.

- Estou bem. Com os comprimidos do enjoo, quase não tenho náuseas, mas preocupa-me toda a confusão que estou a causar na tua vida. Achas mesmo necessário uma enfermeira durante a noite? Vai estar quase sempre a dormir.!

- Acho. Imagina que vais à casa de banho e tens uma tontura? A Sandra comprou uma arrastadeira quando foi aviar o ácido fólico. A enfermeira poderá pôr-te a arrastadeira durante a noite, como fazem nos hospitais. Promete-me que não te levantarás sem que seja absolutamente necessário, e sem que ela esteja contigo.

- Se achas necessário prometo. Embora ainda pense que não era necessário.

-Tens que te cuidar.  Não só pelos bebés mas também por ti. A vida dessas crianças é muito importante, mas não podem importar mais do que a tua. Acredita, nenhuma criança é feliz, crescendo sem mãe.

Havia tal amargura nas suas palavras, que Teresa teve a certeza de que ele se referia a si próprio.

Tentando desviar a conversa disse:

- Tens uma excelente assistente.

- Olga, está comigo desde que comecei a minha atividade, num velho armazém sem quaisquer condições. É muito mais que uma assistente, é o meu braço direito. Somos quase irmãos, já que nos primeiros anos da minha vida, foi a sua mãe quem me criou. De modo que tenho a certeza, ela já te estima por saber que estás a gerar os meus filhos e tenho a certeza, será de grande ajuda para ti se lhe deres hipótese.

- Já tinha reparado que havia uma grande ligação entre os dois.

- E o que achaste das enfermeiras?  A Sandra trabalha connosco há quatro anos, sei que é uma profissional competente. A Gabriela e a Rosa, espero que sejam igualmente boas profissionais pelo menos têm bons currículos, mas és tu quem vai avaliá-las. Qualquer coisa que não te agrade, dizes-me. Quero que te sintas o mais confortável possível, para que em breve deixes de estar nessa situação de risco. Pelos bebés e por ti, - disse acariciando a mão que repousava sobre a colcha.

- Porque puseste uma enfermeira nova no lugar da Sandra em vez de vir para aqui? Porque durante a maior parte do dia eu estarei lá em baixo a trabalhar, e sentir-me-ei muito mais descansado tendo aqui uma profissional que trabalha para mim há anos, e em quem tenho plena confiança. De noite é diferente, porque estarei no quarto ao lado disponível para qualquer eventualidade.

Nesse momento a enfermeira Gabriela regressou do jantar e João despediu-se desejando uma boa noite e saiu deixando atrás de si, uma Teresa preocupada com a sensação que uma simples carícia na mão lhe provocara. Decididamente as suas hormonas estavam doidas...

21 comentários:

Janita disse...

Como diz o outro do tal anúncio; "Está a acontecer...está acontecer".

Gostei de sentir essa noção de felicidade que o João começa a experimentar.

Um capítulo bonito de se ler.

Boa noite, Elvira.

noname disse...

Nada como um dia a trás de outro, tudo vai ocupando o seu lugar.

Boa noite, Elvira

Tintinaine disse...

Elvira, tenho um pedido a fazer, despache rápido essa gravidez, se não a gente morre de ansiedade!
E tenha uma boa semana!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

As coisas vão acontecendo e ela não pode se queixar de que não está bem assistida... Está muito bom! beijos, linda semana,chica

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
E ainda há quem diga que o dinheiro não faz jeito !!

JR

Maria João Brito de Sousa disse...

Com todos estes cuidados, creio que a protagonista levará a bom porto a sua preciosa "carga" :)

Forte abraço, Elvira!

Alexandra disse...

Lá venho eu ler dois capítulos de uma só vez...

Hormonas doidas? Pois, pois :)))

Avante, Elvira. Quero ver o como vai desenvolver a "programação" destes dois. :)))

Um abraço e boa semana.

Beatriz Pin disse...

Olá Elvira, vejo que estas a voltas cunha nova historia. Eu sentome atraída por elas ainda que non acabo de ler todos os episodios. Gosto deste blog! En canto a porcelana inglesa, somos duas que nos gusta. Eu, cada vez que encontro uma peza vou logo a mercala. A rosa é a miña preferida. Uma grande aperta e grazas pela visita.

Edum@nes disse...

Nenhuma criança é feliz, crescendo sem mãe. Disso é que eu não duvido. Por vontade de Deus, fui vitima dessa triste realidade!

Com saúde, tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Mais um capitulo muito interessante!:)
--
Algo vai morrendo lentamente
-
Beijos, e uma excelente semana

aluap disse...

Então esta noite não vai dormir no sofá.
*Boa noite Elvira*

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
João continua a esmerar-se nos cuidados para com Teresa.
O amor anda no ar...
Beijinhos,
Ailime

rosa-branca disse...

Olá amiga Elvira, cá estou eu para beber mais um pouco da sua história, mas continuo com sede de mais. Estou a adorar. Beijinhos com muito carinho

rosa-branca disse...

Crescer sem mãe...essa doeu-me e vai doer-me sempre enquanto eu for gente. Beijinhos

Pedro Coimbra disse...

E a aproximação vai acontecendo.
Devagar mas vai acontecendo.
Boa semana

teresa dias disse...

Ele preocupa-se. E muito!
E o toque na mão... Como diz o Pedro, «a aproximação vai acontecendo».
Beijo, boa semana.

lis disse...

Um capítulo pra salvar nossa alma inquieta rs
E o homem continua com os mimos. Dessa a Teresa não escapa!
Muito boa leitura, Elvira
Parabéns pela criatividade acima do normal _ será os hormonas ? rs
beijinho, amiga

Rosemildo Sales Furtado disse...

Teresa está bancando a durona, só que, até quando, ninguém sabe.

Abraços,

Furtado

João Santana Pinto disse...

Doces momentos, momentos felizes, a vida a acontecer...

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Capítulo lindo, romântico e emocionante.
Abraços fraternos!