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31.1.19

ÚLTIMA CEIA


Continuando a mostrar trabalhos com que gosto de me entreter e que fui publicando num outro blogue. Aqui comecei a pintar uma ceia de Cristo. Lá atrás a mesa de trabalho as tintas e os pincéis. Ampliar s.f.f.

 Aqui já estão os fatos mais ou menos pintados

E aqui a obra depois de pronta. Espero que gostem.



A tela em baixo era realmente Monsaraz. Foi pintada em 2005 para oferta, já não a tenho desde essa data, e a foto feita na altura não tem grande qualidade, ainda assim praticamente todos reconheceram a localidade.

30.1.19

QUAL A LOCALIDADE?



Esta foi uma tela que pintei há muito tempo. Se é que se pode chamar a isto pintura.  Será que quem a vê conhece a localidade? 
RUI não é para si. Já sei que andou fotografando lá mesmo nesse sítio.

29.1.19

SANTUÁRIO DO SENHOR BOM JESUS DO CARVALHAL






Na primeira foto panorâmica do belo painel de azulejos de "Os círios no Santuário do Senhor Jesus". Na segunda uma composição dos vários quadros. Por favor ampliem as fotos.Consta que este era o mais importante local de culto antes antes de 1917 e das aparições na Cova de Iria. Hoje apesar de se encontrar a pouco mais de 1Km do famoso jardim Oriental do Berardo, acredito que a maioria das pessoas que vão ao Bombarral, visitar o jardim, se vão sem saberem do belo Santuário ali tão perto.






"O Carvalhal foi repovoado depois da reconquista de Óbidos aos Mouros em 1147, por D. Afonso Henriques. Em 1371, D. Fernando desanexou o Cadaval de Óbidos e o Carvalhal passou a pertencer ao concelho do Cadaval; em 24 de Outubro de 1855 voltou a pertencer a Óbidos e em 28 de Março de 1914, com a criação do concelho do Bombarral, passou a fazer parte do novo concelho. A Paróquia foi curato da apresentação do prior de beneficiados de Nossa Senhora da Assunção de Óbidos até à nova restauração pastoral do Patriarcado, já no séc. XX. O Santuário foi construído sobre as ruínas duma primitiva ermida dedicada a São Pedro de Finis Terra que ruíu com o terramoto de 1755. Entretanto, sem precisão de data, já a Imagem do Senhor Jesus fora recolhida na capela-mor da referida ermida que seria a primeira igreja paroquial. A Imagem do Senhor Jesus é duma beleza ímpar, envolve mistério e lenda,  não se sabendo com exactidão a sua origem. Poderá admitir-se a hipótese de, na ocasião da reforma protestante na Europa Central, a Imagem ter sido lançada ao mar, como aconteceu em situações de radicalidade no movimento protestante, vindo a ser encontrada na praia de Peniche.

A lenda diz: "andava um pescador no mar de Peniche, eis senão quando, vê um caixote a boiar perto do barco, com muita curiosidade, arrasta o caixote para a praia e logo se faz ouvir uma voz: leva-me até poderes... O pescador, convencido que estava uma pessoa dentro do caixote, abriu-o e ficou surpreendido ao olhar para a Imagem do crucificado. Obediente àquela voz misteriosa, o pescador colocou a Imagem aos ombros e começou a caminhar na direcção para onde habitualmente ia fazer a venda do peixe. A Imagem não lhe pesava, mas quando chegou junto a ermida de São Pedro, tornou-se tão pesada que não conseguiu avançar mais. Foi ao casario que ficava próximo chamar alguém para o ajudar, mas o peso da imagem era tanto que resolveram deixá-la na Ermida. Logo se divulgou a noticia que naquela Capela estava "huma devota antiga imagem de Christo crucificado, pela qual Deus obra muytos milagres e he mui frequentada de devotos Romeyros das Villas circunvisinhas". Assim, ao longo do séc. XIX e início do séc. XX, o Templo ampliou-se, construiram-se as casas dos romeiros e outras acomodações para acolher os peregrinos. O sino mais antigo que se encontra numa das torres da igreja tem a data de 1737 com a seguinte inscrição: "Bone-Jesus-Miserere Nobis"; seria o único sino da primitiva igreja; os outros três sinos, da mesma torre, datam de 1862. A segunda torre foi construída por iniciativa do padre José da Costa Prata e concluí-se em 1909. O arvoredo do adro da igreja foi plantado em Abril de 1867. O coreto foi construído em 1895. Em 1910 o mesmo sacerdote adquiriu o terreno da parte baixa do Santuário, que arborizou e murou, ampliando assim, substancialmente, o recinto do Santuário.

Descrição da Igreja do Santuário:

A igreja, de uma só nave, tem o tecto em madeira ornamentado com 15 painéis de florões, contendo o do centro os símbolos da paixão de Jesus. Na capela-mor está o Sacrário em talha dourada e um retábulo constituído por duas colunas coríntias, em madeira, entre as quais estão as imagens do Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria, ambas em madeira policromada; ao fundo, em posição elevada, com acesso próprio, está o Trono trabalhado em talha dourada Joanina, onde se guarda a veneranda Imagem do Senhor Jesus. Há uma capela lateral, onde se encontra a imagem do Senhor dos Passos, enquadrada num vistoso baldaquino dourado; na mesma capela podemos venerar as imagens de Nossa Senhora das Dores, Santo António, Santo Antão, Santa Teresa do Menino Jesus, São Luís de Gonzaga, Santa Rita, Santa Luzia, Nossa Senhora da Conceição e Santa Filomena; há ainda um altar túmulo com a imagem do Senhor Morto; nesta capela Celebra-se o Sacramento da Reconciliação. Em frente está o Baptistério com a antiga pia em pedra e o nicho dos Santos Óleos. Do mesmo lado, na parede, está um púlpito em madeira muito bem trabalhada. No corpo da igreja, de frente, estão dois altares, um com a imagem de São Pedro e o outro com a imagem de São Paulo. "


Fonte : site oficial do Santuário


Dá para perceber que não tenho escrito nada novo. 
E que estou a "roubar" textos de outro blog que poucos leitores do Sexta visitam. Em compasso de espera para a cirurgia, com uma festa de aniversário para preparar para esse mesmo dia e a azáfama do lançamento do livro, o tempo não dá para nada.



28.1.19

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE COZ - ORIGEM DA EXPRESSÃO - SÃO FAVAS CONTADAS

 Continuando com a visita à igreja de Santa Maria de Coz, pertencente ao antigo convento de monjas da ordem de Cister, vemos aqui um magnífico portal Manuelino está situado na parte do coro .
 Aqui em destaque os tetos da Igreja, que como podem observar são diferentes, nas suas gravuras. Trata-se de de 80 caixotões de madeira datados de 1718/1720 que representam temas iconográficos de espiritualidade cistercience.


 Aqui a parte da Igreja onde outrora era o coro das monjas.De destacar, além da azulejaria até ao teto, o  cadeiral do século XVII


E damos por terminada a visita, mas antes deixem-me que lhes conte uma história curiosa.  Segundo o guia, estas monjas que viviam em completa clausura, sob a supervisão de uma abadessa, tinham hábitos muito democráticos. Quando a abadessa, morria, ou por estar já muito idosa não conseguia cumprir a sua missão, aquelas que se julgavam capacitadas para o lugar, apresentavam a candidatura, e era marcada uma data para eleições. As monjas faziam então a sua campanha entre as companheiras até ao dia da votação que era secreta e se fazia do seguinte modo. Numa mesa eram postas duas ou três urnas consoante o número das candidatas que geralmente eram duas, mas às vezes chegavam às três.  Em cada urna era colocado bem visível o nome da candidata. Mas naquele tempo o papel era escasso e muito caro, pelo que não se podia estragar assim à toa.
Então no dia da eleição, depois da missa, cada monja, recebia três favas (no caso de serem três candidatas, duas se fossem só duas candidatas) Uma branca e duas negras., ou uma branca e uma negra, iguais a essas que aí estão. Cada monja ia até às urnas, colocava a fava branca na sua urna da sua eleita, e as negras nas outras. Terminada a eleição as urnas eram abertas na frente de todas, e ganhava a que tivesse mais favas brancas.  Conta-se que no final do séc. XV, houve uma disputa renhida, e as monjas estavam um tanto divididas. Ora estando umas quantas a discutir sobre quem ia ganhar, diz uma outra que ia passando. "Não vale a pena discutir. Quem vai ganhar é a irmã Maria. São favas contadas"
Diz-se que vem daí exatamente esse termo que usamos quando queremos dizer que já se sabe o resultado do que está em disputa.


Na lojinha ao lado do Mosteiro, encontram-se à venda algumas coisas. Desde logo as famosos e tão saborosas maçãs de Alcobaça, mas também as tradicionais alcofas portuguesas, a quem já alguém chamou por graça as Louis Vuitton portuguesas.
 

27.1.19

IGREJA DE SANTA MARIA DE COZ

 Do altar, um último olhar, antes de passarmos à Sacristia.
 A Sacristia, está toda decorada com belíssimos azulejos portugueses que contam a história de S. Bernardo. Neste primeiro, vemos a mãe do santo que repetidamente sonha com um cão que ladra. Com medo de que isso seja um mau agoiro para a vida do seu bebé, procura um ancião sábio em decifrar sonhos, que lhe explica que o seu filho, será como esse cão, nunca se calará contra os falsos doutores.

 Neste se retrata uma tentação. São Bernardo era muito jovem, quando lhe apareceram quatro belas meninas, e o santo que era de carne e osso sentiu pela primeira vez o apelo do corpo e do desejo. Para acabar com a tentação, o santo mergulhou o corpo ardente num lago gelado.

 Muitos anos mais tarde, o santo pratica caridade, numa das suas viagens pela província de Aquitânia, em França.



  Este painel representa a aparição do Menino Jesus a S. Bernardo.
 Aqui S. Bernardo  em Claraval dá de beber a um grupo de jovens que passa pelo Mosteiro

 Alguns jovens convertem-se e tomam o hábito de Monges.

 S. Bernardo, obriga Henrique, Rei de Inglaterra, a submeter-se ao Papa Inocêncio II

 A Virgem cura S. Bernardo

 S. Bernardo a caminho de Milão
Conta-se que S. Bernardo convertia muita gente. Então , um dia, quando o santo se deslocava de uma localidade para outra, numa carroça, o demónio por maldade quebrou-lhe a roda para que não prosseguisse a viagem. S. Bernardo, ordenou ao demónio que se adaptasse à roda a fim de prosseguir a viagem, e o demónio não teve força para resistir. Este painel representa assim o triunfo do Bem sobre o Mal. Infelizmente o reflexo da luz incide sobre a roda e assim não dá para que vejam a demónio dobrado de forma a fazer a roda.

26.1.19

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE COZ




Coz é uma das mais antigas povoações dos Coutos de Alcobaça.
Reza alguma História que sete séculos antes de Cristo, terão fundado os fenícios, próximo de Alcobaça, uma colónia a que deram o nome de Coz, ou Cós, em memória da ilha com o nome de Kos, de que então eram senhores, pertencente ao arquipélago de Esporádes, nas proximidades das costas da Ásia Menor.
Segundo alguns historiadores a construção deste mosteiro data de 1279, pelo abade do Mosteiro de Alcobaça, D. Fernando, cumprindo assim uma cláusula do testamento do rei D. Sancho II.  Este mosteiro seria construído, segundo esse testamento, para albergar as mulheres viúvas que levassem uma vida religiosa. Estas assegurariam o bom funcionamento do Mosteiro de Alcobaça, e fizeram o Mosteiro de Coz evoluir até se tornar num dos mosteiros mais ricos da Ordem de Cister, no início do séc. XVI.


 O Mosteiro não foi fundado, mas antes "fundamentado" pela existência das "mulheres piedosas" desde o inicio do séc. XIII e pelo consentimento da Abadia de Alcobaça.A localização primitiva do Mosteiro na baixa Idade Média, permanece uma incógnita embora se creia uma implantação coincidente com as reconstruções posteriores. O Mosteiro sofreu várias obras de reconstrução, reformas e redecoração, ao longo dos séculos, sendo a maior depois do terramoto de 1755, que o teria deixado muito danificado. 



Com a extinção das ordens religiosas em 1833, as monjas tiveram que partir para o Convento de Odivelas, e o Mosteiro foi vendido a particulares.
Seguiu-se o saque e a ocupação dos espaços. Deste mosteiro atualmente só resta a igreja, pertencendo a fonte, o celeiro e a adega, que lhe estavam anexos, a particulares e estando o restante em ruínas, nomeadamente os dormitórios que podemos apreciar no exterior, num plano perpendicular à igreja. Nesta fotografia se pode ver o que fizeram do Mosteiro.

Nesta planta se pode apreciar como seria grandioso este monumento. Tudo que tinha valor aqui foi roubado e empregue em outras construções.
Por exemplo, neste palacete em Alcobaça, que hoje é  um Colégio, foram utilizados os claustros do Convento de Santa Maria de Coz.  Vamos então visitar a igreja.
A igreja é composta por uma nave única com o altar-mor uma posição mais elevada. A nave da igreja está dividida em duas partes por um arco e uma grade de clausura em talha dourada, que separa totalmente a parte reservada às monjas da parte reservada ao público.

 Esta grade separava as monjas do resto do público. Mas não se pense que era apenas esta grade. Não. Do lado delas havia um grosso reposteiro que impedia qualquer olhar para o mundo. Imaginem que na parte do mosteiro hoje destruído, havia uma sala onde o publico ia para negociar com elas. Porque o convento tinha terrenos e elas precisavam comer. Assim arrendavam esses terrenos a troco de legumes e frutas. Ora bem havia uma grossa parede, com alguns furos para que elas pudessem conversar com o visitante, mas para que ele não espreitasse do outro lado havia uma cortina. E quando o negócio era feito, havia na parede uma roda onde eram colocadas as coisas e assim passavam de um lugar para outro sem que se vissem ou tocassem

Este lado era aquele onde o padre ia rezar a missa, o que estava aberto ao público.
 E este o lado onde as monjas estavam. Enquanto a parte pública tem azulejos até  metro e meio de altura, aqui toda a nave está revestida de azulejos.

 Aqui os diversos altares laterais. Nossa Senhora de Fátima.


 Destaque para o Purgatório de Josefa de Óbidos.

Nos posts do Mosteiro de Alcobaça, falei-lhes de S. Bernardo. Uma lenda diz que S. Bernardo era tão Santo porque foi alimentado com o leite da Virgem. Esta pintura representa isso. Neste quadro vê-se a Virgem com a mão no seio, de onde sai uma linha branca que vai para a boca de S. Bernardo. Na foto não se vê bem, foi tirada com telemóvel, não havia grande luz e não se podia usar flash.

 O altar em madeira folheada a ouro.
 No qual se destaca uma sagrada família muito rara. Pensa-se que poderá ser única. Senão reparem. 

 A Sagrada Família é sempre representada com Jesus bebé ao colo da mãe. Aqui vemos um menino de uns três anos caminhando entre os pais. 
 Pormenor das colunas

Sacrário
Fontes: Explicação do guia  
folheto do Convento



25.1.19

RECICLANDO ... NOTÍCIAS.





Então é assim. Ontem telefonaram-me da clínica a dizer que a cirurgia ao olho esquerdo, ia ser no dia 28 às 15 horas.
Fiquei contente porque na verdade ela deveria ter sido feita já no mês passado, não fora as complicações com a recuperação do outro.
Hoje voltam a ligar-me da clínica, porque o tal especialista telefonou a informar que afinal não pode estar presente na segunda-feira, e que só poderia estar na outra segunda dia 4 de Fevereiro.
Porque a intervenção é complicada, e o cirurgião se recusa a operar sem a presença desse especialista, remarcaram a cirurgia para o dia 4 de Fevereiro às 14,30 horas. 
Dia da festinha do décimo aniversário da neta. 
Esta é a altura em que me lembro do ditado:" Yo no lo creo en las brujas pero que las hay, las hay"

RECICLANDO


E, tempos ofereceram-me a peça em cima. Com o tempo foi escurecendo e deixou de me agradar. Limpei-a muito bem e pintei-a. Ficou assim. O que acham?




Aproveito para vos informar de que me telefonaram hoje da clínica, informando que a cirurgia será na Segunda-feira às 15 horas. Tenho fé que desta vez a recuperação seja normal.


E com esta informação chegamos aos 2000 posts.

24.1.19

SOLIDÃO

Sempre gostei de borrar telas. A falar verdade o que eu gostava mesmo era de saber pintar, mas enfim como não sei, limito-me a borrar telas. A última vitima aqui está, um moinho.Chamei-lhe solidão. Não é difícil adivinhar porquê.

Ampliar a imagem s.f.f.

23.1.19

QUEM SABE, FAZ A HORA... FINAL


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-Vem comigo Sandra, vamos até lá fora. Está sufocante aqui.
- O que te sufoca, são os teus receios, não o ar aqui dentro - retorquiu-lhe a amiga.
Saíram. Na rua alguns jovens conversavam. E estava frio. Mas estranhamente Cecília sentiu-se bem.
- Será que ainda demora? E será que vem mesmo?
- Claro que vem. Tem calma. Vamos voltar para dentro. Aqui gela-se.
Entraram. E Cecília voltou a embrenhar-se nos seus pensamentos. Lembrou do sofrimento que lhe causara a morte do marido. E do luto que a si mesma impôs. Mas depois... com o passar do tempo, não era mais a figura calma e doce do marido que ela recordava, mas o jovem impetuoso e apaixonado que ficara em Portugal. Tentou esquecer. E refazer a sua vida. Em vão. Pela amiga com quem falava quase todos os dias pela Internet, sabia da vida de João. Dos seus desvarios, das noitadas, da vida de excessos de celibatário. E a ideia começou a germinar. Resolveu voltar e procurá-lo. Disse-o a Sandra que a incentivou.
Lembrou-se da avó, que costumava cantar:

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Despediu-se do emprego e marcou a viagem. Só depois contou aos pais, a quem prometeu, que mandaria notícias tão depressa tivesse a vida organizada. Depois quem sabe, também eles voltariam para a sua Lisboa de que tinham tantas saudades. E agora ali estava ela, esperando ansiosa, e disposta a lutar, para conseguir a felicidade com que sonhava desde menina, ao lado do homem que sempre estivera dentro do seu coração. Sentiu a mão da amiga apertar os seus dedos, e ao olhar para a porta, todo o seu corpo estremeceu, enquanto as suas faces se ruborizavam, ao reconhecer a figura masculina.
AGORA era a hora...



Fim


Elvira Carvalho



Bom como sabem não fui operada na Segunda-feira, e ainda não me telefonaram da clínica para confirmara se será para a próxima o que me faz estar um pouco ansiosa. Por outro lado há 36 horas que não tenho um ataque de tosse pelo que penso que talvez já tenha passado.
Outra coisa que me traz muito curiosa é a história das visualizações.
Desde que começou o ano todas as Terças-feiras, e apenas nesse dia,o Sexta tem imensas visualizações, praticamente todas provenientes de um local desconhecido e dos Estados Unidos. 
Na maioria dos dias, ando entre as 300 e as 400. Vem as Terças e são 800, 900 e hoje terminou o dia estamos assim.
Esquisito, não?






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22.1.19

QUEM SABE FAZ A HORA... - PARTE III

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Cecília era uma bela mulher. Alta, morena, corpo curvilíneo, e um rosto onde se destacavam dois belos e expressivos olhos castanhos. Boca pequena e carnuda, ladeada por duas pequenas covinhas sempre que sorria. Tinha acabado de fazer trinta e seis anos, e estava em toda a plenitude da sua beleza.
Há muitos anos atrás era quase uma menina, tinha namorado o João. Na verdade ele fora o primeiro e único amor da sua vida, muito embora outros homens tivessem entrado nela.
- Então amiga, arrependida? - perguntou Sandra.
- Bem sabes que não. Mas estou apreensiva. E se depois de me ver, ele não sentir nada? Tenho medo: - disse baixinho. Tão baixinho que Sandra mais adivinhou que ouviu. E perdeu-se de novo nas suas recordações.
No final dos anos oitenta, muitas empresas abriram falência, muita gente perdeu o emprego. O pai de Cecília fora um dos que se viram de um momento para o outro sem emprego. O irmão, que emigrara há anos para o Brasil, insistia para que ele fosse para lá. Artur resistia, apesar das saudades que tinha do irmão, e dos pais que já tinham ido. Por causa da esposa e da filha que não mostravam vontade em sair de Lisboa. Perdido o emprego, e sem grandes esperanças de conseguir outro que lhe permitisse o mesmo nível de vida, não lhe restou outra coisa que convencer a mulher e a filha a fazer as malas.
No Brasil, Cecília levou muitas noites sem dormir. Chorando de saudades. De Lisboa, dos amigos e principalmente do João. Escreveu longas e inflamadas cartas de amor, que nunca enviou. Com o passar do tempo, as lágrimas foram secando. Um dia quase sem dar por isso viu-se noiva do primo. Influenciada pelos pais, pelos tios, e também pelo devotado amor que Alberto lhe dedicara desde o dia em que a conheceu. Para Cecília, tanto fazia. O seu coração tinha ficado lá longe. Só a avó se preocupava. Que ela não parecia uma noiva feliz. Que ela não demonstrava a alegria de uma noiva. Mas ainda assim Cecília casou num dia de Santo António. Um casamento que durou três anos. Três anos dum casamento, onde havia respeito, amizade, e carinho, mas onde nunca houve pelo menos da sua parte, desejo, ou paixão. E não fora aquele fatídico acidente, que vitimara Alberto, talvez Cecília se tivesse resignado àquela vida. Ou talvez não, quem sabe.

21.1.19

QUEM SABE, FAZ A HORA... PARTE II

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-João, estás-me a ouvir? Fala a Cecília, não te lembras de mim?
- Bom... gaguejou João enquanto tentava descobrir, quem raio era aquela Cecília, que parecia conhecê-lo tão bem.
- Estou a ver. Não te lembras de mim é o que é. Devia ficar zangada sabes? Não te lembrares da tua primeira namorada...
- Cecília Pedrosa? - Perguntou incrédulo
- Ah! Afinal lembras-te, - disse soltando uma sonora gargalhada.
João raciocinava a mil. Cecília Pedrosa. Mas então ela não estava no Brasil? E como é que se lembrara de lhe telefonar? E como obtivera o número do seu telefone?
- Cheguei ontem do Brasil. E acabo de encontrar a Sandra que me deu o teu número.
“Diabos, parece que escutou os meus pensamentos”, pensou.
- Olha, - continuou Cecília do outro lado. Estamos aqui em Alcântara, num bar que tu conheces bem, segundo diz a Sandra. Não queres vir ter connosco?
Sandra era a irmã do Zé. O bar só podia ser o que costumavam frequentar. Sandra era uma boa amiga. Não daria o seu número, a qualquer uma.
E depois Cecília tinha sido a sua primeira namorada, ainda antes da faculdade. Mas depois fora para o Brasil e nunca mais soubera dela... 
- Então João, - a voz do outro lado soava com impaciência
- Eu vou - numa fracção de segundo João resolvera arriscar. Afinal era noite de Sexta-feira, no dia seguinte poderia dormir até tarde.
Desligou o telefone e dirigiu-se à casa de banho para um duche rápido. Enquanto se barbeava, surpreendeu-se com uma pergunta.
Estaria casada? Sacudiu a cabeça. Claro que não. Uma mulher casada não telefona a um ex-namorado, convidando-o a sair.
Continuaria bonita? Há tantos anos que não se viam. 
Vestiu umas calças de ganga e uma camisola de gola alta, enquanto fazia mentalmente as contas.
"Deve estar com trinta e seis anos", murmurou vestindo o casaco.
Fechou a porta e caminhando a passos largos dirigiu-se ao elevador.



Bom amigos, esta história é como viram ontem uma reedição. Tem uns quatro anos e apenas quatro episódios. Alguns leitores mais antigos lembram-se. Continuo a não ter nada novo para vós, a não ser a certeza de que não serei operada hoje uma vez que não me telefonaram da clínica na Sexta-feira, a dizer que o tal especialista que o cirurgião pediu, está disponível esta segunda.