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15.10.16

VIDAS CRUZADAS - PARTE XX


Um sorriso rompeu no rosto materno, tão luminoso como raio de sol em dia de chuva. Ela ergueu a mão, e acariciou-lhe os cabelos, com a mesma ternura com que o fazia em criança, quando o filho procurava a sua cumplicidade, nalguma travessura.
- Vai descansar, filho. Já é tarde e tens que levantar cedo. A viagem é longa. 
Obedecendo, o jovem levantou-se, e dando um beijo na face enrugada, murmurou:
- Boa noite, mãe. Durma bem.
- Deus te abençoe meu filho. Que os anjos velem o teu sono.
Ao regressar à cozinha, Maria deu-se conta de que não tinham jantado. A mesa continuava posta, esperando a hora que já passara há muito. Encolheu os ombros, guardou a janta no frigorífico, apagou a luz e foi-se deitar.


Acordou na manhã seguinte com o delicioso aroma do café invadindo-lhe o quarto. Enquanto se dirigia para o duche, os acontecimentos da noite anterior, desfilaram na sua mente, como fita em tela de cinema. Adormecera tarde e tinha a sensação de pouco ter dormido.

Deixou que a água resvalasse pelo seu corpo, como se fosse uma carícia revigorante. Depois, com o corpo envolto na toalha, iniciou o escanhoamento do rosto. Enquanto o fazia a imagem de Rita pareceu sair dos seus pensamentos, e apareceu reflectida ao lado da sua, no espelho. Fechou os olhos e imediatamente soltou um queixume. Acabara de se cortar...

Na cozinha, Maria acabara de barrar as torradas. O filho deveria estar a entrar para o pequeno-almoço. Se bem o conhecia, não devia ter dormido grande coisa. Nunca em toda a sua vida,  vira o filho apaixonado. Namoricos, quando andava na escola, sim. Tivera muitos. Era um cata-vento, muito mais interessado nos rabos de saias, do que nos estudos. Depois subitamente acalmou, e nunca mais o viu interessado em ninguém. Até à noite anterior. Aí, percebera, mais pelo seu tom de voz do que pelas palavras pronunciadas que o seu menino deixara de o ser, e era agora um homem profundamente apaixonado. Tentou imaginar como seria aquela Rita. Seria uma boa pessoa? Seria capaz de fazer o filho feliz? Não parecia dar muito crédito aos elogios do filho. Tinha idade e experiência suficiente para saber que um homem apaixonado fica cego para tudo, menos para aquilo que ele próprio idealiza.

- Bom dia, mãe. Hum que cheirinho delicioso – disse curvando-se para a beijar.

- Meu ou do pequeno-almoço? - Questionou ela rindo.

- Os dois, mãe, os dois – respondeu rindo também.


16 comentários:

Os olhares da Gracinha! disse...

Mãe sempre atenta...vigilante...cuidadosa!
Bom fim de semana e bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Mãe sempre atenta...vigilante...cuidadosa!
Bom fim de semana e bj

Rui disse...

:)) ... "A coisa" promete !!! :)))
Veremos se a Rita lá está, ou se com o desgosto anterior também resolveu outras coisas ! (?)... :))

Abraço

Emília Pinto disse...

Curado está de certeza, só falta agora encontrar a Rita. Que não demore!!! Beijinhos, Elvira e um bom fim de semana. Não será grande coisa, eu sei, dada a situação do teu cunhado, mas que seja o melhor possivel. Até breve.
Emilia

Prata da casa disse...

Uma bonita cumplicidade entre mãe e filho.
Bjn
Márcia

Elisa disse...

Mais uma excelente parte desta maravilhosa história. Sempre a acompanhar. Beijinho grande
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

Anete disse...

Gostei do capítulo, cheio de doçura e ternos carinhos...
Bom sábado, Elvira...
Abraço

Majo Dutra disse...

~~~
Como sempre muito bem narrado e escrito.

Que o fim de semana seja o mais sereno possível...
Abraço, estimada Elvira.
~~~~~~~~~~~~~~~~

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história. Ai essa torradinha da imagem já ia!



Isabel Sá
Brilhos da Moda

Donetzka Cercck L. Alvarez disse...

LINDO ESSE CAPÍTULO,QUERIDA AMIGA.

MOSTRA A CUMPLICIDADE ENTRE MÃE E FILHOS,QUE É TÃO IMPORTANTE.

VOCÊ DEVIA ESCREVER UM LIVRO DE CONTOS,PORQUE É MAGISTRAL NESSE ESTILO!


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Donetzka

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Edum@nes disse...

Ainda agora a procissão vai no adro! Muita água ainda irá correr por baixo da ponte. Algumas peripécias irão ocorrer até ao desenlace deste conto, referente a Pedro e Rita!
Boa noite e bom fim de semana, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

aluap disse...

"Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra Mãe,
É das palavras pequenas
A maior que o mundo tem."

Que a palavra MÃE, seja sempre uma das mais bonitas, como bonito é o AMOR DE MÃE.

AC disse...

Devo confessar-lhe, Elvira, que a sua relação com as palavras está cada vez mais apurada: cinge-se ao essencial, dá-lhes a cor (vida) necessária, a pontuação - essencialmente as vírgulas - começa a entrar nos eixos. Depois, naquilo que escreve, ressalta a sua visão ideal de vida, a vontade de que, no objectivo de vida de cada um, prevaleça a harmonia, a sabedoria, a vontade de bem fazer as coisas...
Parabéns, Elvira!

Um beijinho :)

Berço do Mundo disse...

Um começo de dia promissor.
Aguardo os desenvolvimentos.
Beijinho
Ruthia d'O Berço do Mundo

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Momentos ternos e a ansiedade da mãe...;))!
Beijinhos,
Ailime

Rosemildo Sales Furtado disse...

Cheguei para acompanhar o conto e continuo gostando.

Abraços,

Furtado