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1.4.20

DIVIDA DE JOGO - PARTE XXI


- Ainda não me respondeste.
- Sim?  É que quando me beijas, esqueço-me até do meu nome.
- Casas comigo?
- Sim.
- Quando?
- Quando quiseres.
- Amanhã?
Riu-se.
- Não se faz um casamento de um dia para o outro.
- Dez dias, "cara".
-É muito pouco.
- Não me subestimes. Deixas-me tratar de tudo. E garanto-te que casamos em dez dias.
 - Quero ver isso.
-Combinado. Dentro de dez dias.
   Ele olhou o relógio.
 - Vai mudar de roupa. Escolhe uma roupa bonita. Vamos jantar fora. Não te demores, ou ficamos sem jantar.
- Não me apetecia sair. Podíamos jantar em casa.
- Não se faz um jantar de noivado em casa. Vai, os convidados esperam-nos.
Apressou-se a fazer o que ele pedia. Convidados? Que convidados? Escolheu um vestido-túnica de lã preto, bem curto, e umas meias opacas da mesma cor. Completou o conjunto com botins de salto e um casaco cor de tijolo. Escovou o cabelo, pegou na bolsa, e considerou-se pronta.
Sentiu-se recompensada com o olhar de admiração com que ele a brindou.
- Estás linda. Vamos, antes que acabe por desistir do jantar. – Disse ajudando-a a vestir o casaco.
Na rua, ela entregou-lhe as chaves do carro e ele abriu-lhe a porta para ela entrar. Depois deu a volta ao carro, sentou-se ao volante mas em vez de por o motor a trabalhar, meteu a mão no bolso, e tirou uma pequena caixa.
- Tinha-me esquecido. Uma noiva não pode ir para o seu jantar sem anel.
Ela abriu a pequena caixa e retirou o anel  mais bonito que alguma vez tinha visto. Abraçou-o emocionada, sem conter as lágrimas.
- Vá lá "amore mio", se não paras de chorar, os convidados vão pensar que te vais casar obrigada.
E para esconder a sua própria emoção, pôs o motor a trabalhar e arrancou.
- Há uma coisa muito importante de que não falamos. Onde vamos morar? Eu gostaria de viver em Itália. Eu e o meu irmão temos a maior vinha, da Toscana,  perto de Greve in Chianti, cidade onde mora a minha família. Agora que deixei a polícia, é lógico que me dedique  a gerir a minha parte na vinha e liberte um pouco o meu irmão. Teríamos que viver com os meus pais, enquanto procuramos comprar a nossa própria casa. Pensas que podes viver lá?
-Poderei viver até no Polo Norte, se tu lá estiveres, amor. 
Parou o carro junto ao melhor hotel da cidade. Deu-me um beijo rápido e disse sorrindo:
-Diz-me isso, quando chegarmos a casa. Para que possa agradecer-te  de forma mais conveniente.



Nota:
Como os leitores antigos sabem, esta história é uma reedição, e na época em que a escrevi a Itália não estava como hoje a ser assolada por este vírus.

Aproveito para responder a algumas perguntas que me fizeram nos comentários de ontem.
1ª Qual será a nova profissão do André, a resposta está neste episódio.
2º Mas ele era ou não jogador e ganhou ou não a casa ao marido dela.
Claro que ele era jogador. Não poderia levar meses de investigação em nenhum casino apenas como mirone. Levantaria suspeitas. E não ele nunca jogou com o marido dela, a explicação foi dada num episódio que talvez não tenham lido. O marido dela andou desesperado pelas mesas fazendo a oferta a troco de uma quantia para continuar a jogar. André deu-lhe essa quantia, e ele voltou a perder.

3.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XVI



Não era verdade. Tinha telefonado à mãe a dizer que a ia buscar às oito para jantarem juntos. E queria relembrar a entrevista dessa tarde. Paula era uma mulher muito bonita, empreendedora e muito frontal. Mas mantivera uma relação de quatro anos estivera de casamento marcado, e a poucos dias do enlace, tudo acabou. Claro, ela devia ter descoberto que estava a ser traída. 
Desde que a vira no Banco, pouco tempo depois do seu regresso, que sempre que imaginava uma companheira para a sua vida, lhe dava o nome e o rosto de Paula. Conseguiria algum dia, fazer com que ela olhasse para ele com amor? Depois do que ele lhe fizera ao pai ? Decerto que não. Mas podia ele esquecer o que tinha sofrido por causa da acusação do pai dela? A mãe, a irmã e o cunhado, pensavam que ele devia esquecer. Afinal se não fora essa acusação ele teria ficado no País, levado uma vida medíocre, não conheceria o Júlio, não teria sido desafiado a jogar e não teria a vida que tinha. A mãe costumava dizer que há males que vem por bem. Talvez tivessem razão mas ele não pensava assim. Como a polícia não encontrara os meliantes que o tinham assaltado nem recuperara o dinheiro, a suspeição ia sempre pesar sobre o seu nome.E um nome sem mácula, era para ele mais importante do que todo o dinheiro do mundo. Olhou o relógio. Quase sete e meia. Fechou o computador, e levantou-se. Vestiu o casaco, verificou se tinha as chaves no bolso, e saiu fechando a porta atrás de si. Os empregados já tinham saído todos. Saudou o segurança ao passar pelo átrio e entrou no seu carro que era o único ainda no parque.
Dez minutos depois tocava a campainha da casa da mãe. Um modesto andar num prédio antigo, a casa da sua infância. Anos atrás, quando regressara, quisera comprar-lhe uma casa nova com outras condições de habitabilidade num bairro mais moderno, perto da filha. Ela porém recusou, como recusou viver com a filha ou com ele. Naquela casa vivera os momentos mais felizes e os mais dolorosos da sua vida. Conhecia-a de olhos fechados. Cada recanto tinha uma memória. Não, ali nascera, ali havia de morrer. Depois de muita conversa lá conseguiu convencê-la a deixar que ele mandasse fazer obras na cozinha e casa de banho de modo a torna-la mais confortável. Também lhe comprou novos sofás e um moderno televisor, mas não conseguiu convencê-la a trocar a velha mobília de quarto.
-Boa noite, mãe. Pronta para sair?- Perguntou abraçando e beijando a progenitora.
- Estou pronta, sim filho, embora não veja a necessidade de ir jantar fora. Podia preparar um dos teus pratos preferidos e ficávamos aqui os dois a conversar.
- Eu sei que a mãe não se importava, - disse abrindo a porta e dando passagem à idosa. Mas eu não quero dar-lhe trabalho. Já trabalhou demais em toda a sua vida, e podemos conversar na mesma no restaurante.
Abriu a porta do carro, esperou que se sentasse, sem no entanto tentar ajudá-la, pois sabia que a mãe era muito independente, e não gostava de ser ajudada. Fechou a porta, quando a senhora já punha o cinto de segurança e só depois contornou o automóvel para se sentar.
Pôs o carro em marcha, dizendo:
- No fim do mês a Gabi festeja o aniversário de casamento. Vou oferecer-lhe a festa que não pôde ter quando casou. Falei hoje com o Eduardo e disse-lhe que lhes vou oferecer a festa e uma semana de lua-de-mel. Ele ficou preocupado por causa do Pedro. A mãe importava-se de ficar com ele uma semana? Claro que eu ia levá-lo e buscá-lo à escola.
- Ter o meu neto comigo é sempre uma alegria. Só penso que em vez de te preocupares com a tua irmã, que já está casada, e é feliz, devias preocupar-te contigo. A vida passa a correr, um dia acordas olhas-te ao espelho e descobres que estás velho. Arranja uma boa mulher e casa-te. Decerto que deves conhecer alguma que te agrade.
- Chegámos, - disse António estacionando junto ao restaurante. Prometo-lhe que vou pensar nisso, depois da festa da Gabi,
Saiu do carro abriu a porta à mãe, e dando-lhe o braço encaminharam-se para a porta do restaurante.


Quanto ao meu olho, ele está a abrir e um dia destes eu mostro uma foto. Mas ainda está muito vermelho, e não vê. a não ser luzes, sombras e vultos difusos.  Tem dias que não tenho dores e outros que é um desespero. Continuo com as gotas de cortisona e orando para que a córnea vá recuperando. Os posts vão continuando a sair há publicações programadas até meados de Maio.  


21.11.18

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE IV




Acabara de se maquilhar, quando o telemóvel tocou:
-Ana, estás em casa?
- Ia sair agora, Matilde. Está tudo bem contigo? Estive em casa esta manhã, mas tinhas saído.
- A mãe disse-me. E eu queria tanto estar contigo. Por isso estou a ligar. Não nos podíamos encontrar?
- Claro que sim. Mas é sábado. Pensei que preferisses sair com o Pedro.
- Sim. Olha, se não te importares vamos os dois ter contigo. Depois se tiveres outros planos para a noite separamo-nos. Não temos que andar juntos toda a noite, mas preciso mesmo de falar contigo. É por causa do aniversário dos pais. Queres jantar connosco? Vamos jantar a um restaurante novo de comida indiana. Dizem que é muito bom.
Pensou rapidamente. Não lhe agradava fazer de pau-de-cabeleira para a irmã e o noivo. Não há nada pior para uma mulher que acabou de ter uma desilusão amorosa, do que acompanhar um par apaixonado. Por outro lado, ela gostava de comida indiana, e uma refeição no ambiente frio de um restaurante, é sempre mais agradável acompanhada
- Então Ana? Vá lá, diz que sim. Temo-nos visto tão pouco ultimamente.
- Está bem. Espero-vos aqui, ou queres que vá ter convosco a algum lado?
-Apanhamos-te aí dentro de meia hora. Está bem para ti?
-Está.
- Então até já.
Desligou o telemóvel e ficou pensativa.
Matilde era a sua irmã mais nova. Aquela com quem se sentia mais intimamente ligada. Mas desde que há três anos, decidira viver sozinha, viam-se muito menos. Às vezes, sentia uma saudade atroz da vida que tinha na casa paterna. Do quarto partilhado com as irmãs, das primeiras conversas sobre rapazes, sussurradas com Marta, a irmã mais velha, para que Matilde, ainda uma menina não se apercebesse. Dos irmãos, tão diferentes entre si, João, alegre, divertido, sempre pronto para a brincadeira, e Simão. Este, era a antítese do irmão. Sério, responsável e protetor. Especialmente com ela e com Matilde.
Sentia saudade das longas conversas com a mãe, do pai, do calor que emanava da casa paterna.
Lembrou, do dia em que decidiu ir morar sozinha. Tinha vinte e três anos e estava prestes a casar com um jovem advogado, que trabalhava com o pai, quando rompeu o noivado. O pai ficara muito zangado. E o pior, foi quando Miguel, inconformado pediu a demissão. Afonso perdia assim, não só o homem em quem confiava para entregar a vida da filha, mas também o melhor advogado da sua equipa. Ela não suportara, as recriminações paternas e decidira que era tempo de ir viver sozinha.
O toque do telemóvel interrompeu-lhe os pensamentos. Atendeu.
- Ana, chegamos. Desces, ou ainda estás atrasada?
-Desço já, - e pegando na mala, apressou-se a sair.

reedição











20.11.18

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE II






Foi direta à sala, onde sabia que encontraria a mãe a ler. Era o seu lugar favorito. Sentou-se a seu lado. Francisca fechou o livro e olhou para ela na expectativa. Não fez perguntas, e Ana teve a certeza de que a mãe sabia o que lhe ia dizer. A mãe sempre sabia o que se passava com ela:
- Mãe, já não vai haver noivado, muito menos casamento. Acabei tudo com o Paulo.
Se esperava que a mãe dissesse alguma coisa, enganou-se. Francisca levantou a mão, acariciou o rosto da filha, e esperou.
-Eu queria, mãe. Começo a desejar estabilizar a minha vida emocional. Ter a minha casa, marido, filhos. Pensei que com o Paulo, isso ia acontecer. Mas não é assim. Na intimidade, a chama não se acendeu, senti-me estranha nos seus braços. E não quero um casamento assim. Não me basta ter um homem apaixonado ao meu lado. Eu quero alguém a quem eu ame com intensidade.
A mãe abraçou-a como fazia quando ela era criança. Ana deitou  a cabeça no seu regaço, e deu largas à sua desilusão, deixando correr as lágrimas. Francisca sentiu um nó na garganta. Apesar dos anos, tinha bem presente o que fora o seu casamento com Jorge. Sabia bem o que era rolar na cama, depois de ter feito amor, pensando que devia estar feliz, mas sentindo apenas que cumprira uma obrigação, que a envergonhava e lhe deixava um aperto no peito que não a deixava adormecer. De forma nenhuma queria isso para a sua menina. Dos seus filhos, Ana era aquela que mais se identificava com ela. A mais sensível. Sentindo que se acalmara, afastou-a um pouco e olhou-a com ternura.
- Se assim é, fizeste bem, Ana. Um casamento é uma coisa muito séria. Bem sei que na atualidade, o divórcio está na ordem do dia. Mas acarreta sofrimento. Deixa cicatrizes. Já contaste ao pai?
- Eu sabia que me ias entender. No fundo, o que eu queria, era um casamento como o vosso. Essa felicidade que transportam no olhar, esse amor visível em cada gesto. Foi sempre assim, ou isso aprende-se com o tempo?
Francisca sorriu: Continuava a ser uma linda mulher apesar de já ter ultrapassado os cinquenta anos.
-No amor, nada se aprende Ana. Ele é espontâneo e avassalador. O tempo não lhe acrescenta, nem tira nada. Somos nós, com as nossas atitudes que o engrandecemos ou o matamos. Compara-o a uma fogueira. Quando começa, as labaredas são altas, o calor intenso. Mas se não fazes nada, à medida que a lenha vai ardendo, as labaredas vão diminuindo de tamanho, o calor vai enfraquecendo até que da fogueira inicial só restam cinzas.
- E é impossível uma fogueira arder só de um lado, - murmurou a jovem desalentada. Para depois acrescentar.
-Contei ao pai, e ficou furioso. Tenho a sensação de que sentia vontade de me bater.
- Está preocupado contigo. É natural. Não te preocupes. No fundo o que nós queremos é que sejas feliz. Estás com muito trabalho? Devias pedir-lhe que te desse umas férias. Precisas espairecer. Porque não fazes uma viagem?
- Agora? E a vossa festa de aniversário?
- Faltam cinco dias. Podias, aproveitar para pôr em ordem algum assunto que tenhas pendente e partir depois da festa.
-Não tinha pensado nisso. Obrigado mãe, fazes com que os meus grandes problemas se tornem menores e menos dolorosos.
Francisca sorriu quando a jovem se inclinou para a beijar murmurando:
-És um anjo.

reedição







4.1.17

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE IV




Acabara de pintar os lábios, quando o telemóvel tocou:
-Ana, estás em casa?
- Ia sair agora, Matilde. Está tudo bem contigo? Estive em casa esta manhã, mas tinhas saído.
- A mãe disse-me. E eu queria tanto estar contigo. Por isso estou a ligar. Não nos podíamos encontrar?
- Claro que sim. Mas é sábado. Pensei que preferisses sair com o Pedro.
- Sim. Olha, se não te importares vamos os dois ter contigo. Depois se tiveres outros planos para a noite separamo-nos. Não temos que andar juntos toda a noite, mas preciso mesmo de falar contigo. É por causa do aniversário dos pais. Queres jantar connosco? Vamos jantar a um restaurante novo de comida indiana. Dizem que é muito bom.
Pensou rapidamente. Não lhe agradava fazer de pau-de-cabeleira para a irmã e o noivo. Não há nada pior para uma mulher que acabou de ter uma desilusão amorosa, do que acompanhar um par apaixonado. Por outro lado, ela gostava de comida indiana, e uma refeição no ambiente frio de um restaurante, é sempre mais agradável acompanhada
- Então Ana? Vá lá, diz que sim. Temo-nos visto tão pouco ultimamente.
- Está bem. Espero-vos aqui, ou queres que vá ter convosco a algum lado?
-Apanhamos-te aí dentro de meia hora. Está bem para ti?
-Está.
- Então até já.
Desligou o telemóvel e ficou pensativa.
Matilde era a sua irmã mais nova. Aquela com quem se sentia mais intimamente ligada. Mas desde que há cinco anos, decidira viver sozinha, viam-se muito menos. Às vezes, sentia uma saudade atroz da vida que tinha na casa paterna. Do quarto partilhado com as irmãs, das primeiras conversas sobre rapazes, sussurradas com Marta, a irmã mais velha, para que Matilde, ainda uma menina não se apercebesse. Dos irmãos, tão diferentes entre si, João, alegre, divertido, sempre pronto para a brincadeira, e Simão. Este, era a antítese do irmão. Sério, responsável e protetor. Especialmente com ela e com Matilde.
Sentia saudade das longas conversas com a mãe, do pai, do calor que emanava da casa paterna.
Lembrou, do dia em que decidiu ir morar sozinha. Tinha vinte e dois anos e estava prestes a casar com um jovem advogado, que trabalhava com o pai, quando rompeu o noivado. O pai ficara muito zangado. E o pior foi quando Miguel, inconformado pediu a demissão. Afonso perdia assim, não só o homem em quem confiava para entregar a vida da filha, mas também o melhor advogado da sua equipa. Ela não suportara, as recriminações paternas e decidira que era tempo de ir viver sozinha.
O toque do telemóvel interrompeu-lhe os pensamentos. Atendeu.
- Ana, chegamos. Desces, ou ainda estás atrasada?
-Desço já, - e pegando na mala, apressou-se a sair.



Não há dúvida de que vós sois uns leitores atentos. Pois é, esta História de Amor é a continuação de Estranho Contrato. Vinte e cinco anos depois. espero que gostem tanto, quanto gostaram da outra.