Nessa mesma tarde saiu do emprego com o ramo de rosas na
mão e o presente para o marido na mala, e como sempre ele já a esperava à porta.
Cumprimentou-o com o habitual beijo rápido e ele pôs o
carro em movimento.
-Obrigada pelas rosas, São lindas.
-Fico feliz por teres gostado. Na verdade, gostava de te
comprar uma jóia, não tens nada além da aliança e do fio que te dei pelo Natal, mas receei que não aceitasses. Sei que gostas de flores, mas só alegram o momento,
dois dias depois estão mortas e vão para o lixo.
- Nas minhas recordações, sempre que me lembrar deste
dia, elas vão estar tão bonitas como estão agora, e a sensação de felicidade
vai ser igual à que hoje me proporcionaram.
Ele lançou-lhe um breve olhar e logo voltou a sua atenção
para a estrada. Uns segundos depois disse:
- Nunca conheci ninguém como tu.
Ela não respondeu. Porque não tinha nada para dizer, ou porque
acabavam de chegar ao prédio onde viviam. Ele acionou o comando da porta da garagem e
estacionou no lugar que lhe estava reservado. Saíram cada um pela sua porta, e
dirigiram-se para o elevador.
-Pensei que a exemplo do dia de casamento, não quisesses
sair. Encomendei o jantar, vêm entregar, - olhou o relógio – dentro de meia
hora. Temos tempo para um banho, o dia esteve muito quente. Podemos tomá-lo
juntos, - disse num sussurro ao ouvido dela.
-Não! – A negativa saiu tão brusca que se assustou a si
própria. – Desculpa, mas realmente preferia fazê-lo sozinha.
Se ficou aborrecido, não o demonstrou. Na verdade, já tinha decidido, que nessa noite teriam que discutir a relação. Não suportava
mais a tristeza que notava no olhar feminino. Esboçou um sorriso.
- Sem problema. Ficas com a suite, eu uso a outra casa de
banho.
Entraram em casa, e imediatamente o olfato detetou um perfume
floral. Sobre a mesa da entrada estava um bonito arranjo de rosas vermelhas.
Isabel foi à cozinha buscar uma jarra para colocar o ramo que trouxera do
escritório, e viu sobre a mesa da cozinha, outro arranjo igual ao da entrada. Pensou
que devia haver flores em todas as divisões da casa e deixou a jarra em cima do
balcão.
Quando passou pela casa de banho, no corredor, ouviu o
chuveiro. O marido já estava no banho. Ela chegou ao quarto, abriu a cómoda
para tirar a roupa interior que vestiria a seguir ao banho, deu a volta e
abafou um grito de surpresa, ao ver um tapete de pétalas vermelhas, que ia até à
cama,e se estendia sobre a colcha, e pela mesa-de-cabeceira. Refugiou-se na casa
de banho, e fechou a porta. Não sabia que pensar. Aquilo era obra de um homem apaixonado.
Pelo menos, assim era nos livros e nos filmes. Mas ele não estava apaixonado por
ela, não acreditava no amor, tinha o coração seco. Então porquê aquele
teatro?
Tomou um duche rápido, enxugou-se, vestiu as duas minúsculas
peças íntimas, enfiou um roupão e sentou-se a secar o cabelo. Depois penteou-o
todo para um dos lados do rosto e entrançou-o.
Foi ao quarto retirou uns calções brancos e uma T-shirt. De
súbito, lembrou-se da mesa posta na noite do seu casamento, e pensou que aquela
roupa não seria adequada, se ele tivesse preparado uma mesa igual, o que era
quase certo olhando para o resto da casa.
Voltou a guardar a roupa, e tirou do guarda fato o
vestido comprido preto que comprara para o casamento de Natália, e
vestiu-o. Calçou umas sandálias de salto alto, desmanchou a trança e escovou o
cabelo mantendo-o na mesma posição. Olhou-se ao espelho. Talvez tivesse exagerado no traje, talvez Ricardo estivesse vestido desportivamente. Encolheu os ombros, pegou no embrulho de presente e
saiu em direção à sala.
15 comentários:
Vamos lá ver, se é desta que põem as cartas na mesa.
Boa noite, Elvira
Esperando que os protagonistas se entendam e desejando as melhoras do seu marido, deixou outro abraço.
Bom dia
Leitor soooooofre !!
JAFR
Que se há-de fazer? O remédio é ter paciência e esperar!
Continuo a acompanhar e aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Ai, agora fico a roer as unhas à espera do episódio de amanhã!! Amei!:)
Beijos e as melhoras do seu Marido!
Todo o cenário preparado para um bom jantar e depois a "boa sobremesa",rs... Vamos ver! bjs, chica
Um romântico e revelador jantar... Hum, o amor está despertando sensações!...
Que bom que o seu marido está tendo melhoras crescentes...
Abraço e boa noite...
Não me importo de esperar. Pelo próximo capitulo, para saber o que foi que aconteceu nessa casa enfeitada com flores. Durante um jantar a dois e a seguir qual terá sido o romantismo da sobremesa?
Boa noite amiga Elvira. Desejo as melhoras de seu marido. Um abraço.
Elvira, desejo que o seu marido continue a melhorar e a sua vista, também!
Quanto à história, esses salamaleques do Ricardo com tanta rosa vermelha, vê-se que ele não sabe que uma manifestação de carinho e afecto, teriam mil vezes mais valor.
Mulheres como a Isabel há muitas, ele é que ficou escaldado com a outra, e agora estranha...
Um abraço.
Bem interessante... Bj
Boa tarde Elvira,
Ricardo, quanto a mim, parece muito apaixonado...
Não sei porque duvida Isabel!
Um beijinho.
Ailime
Tantas dúvidas...
O Ricardo está sim, apaixonado!
Bjs.
Tanto carinho, tanto amor, tomara que os dois se entendam e sejam felizes!
Beijos!
Será que vai ser desta?
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