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25.7.19

LONGA TRAVESSIA - PARTE VII


Os dois homens chegaram às dezassete em ponto. Depois das apresentações, trocaram-se e leram-se documentos. Tudo confirmado, os documentos foram assinados, e a venda efetuada.
Depois disso, o novo dono quis ver as várias secções e ser apresentado ao pessoal. Assim, e não por reunião coletiva, como o anterior dono tinha pensado fazer. Percorreram então a empresa, com o homem fazendo perguntas pertinentes aos chefes de secção, tentando inteirar-se de tudo.
- E aqui, é o gabinete da gestora de Recursos Humanos,- disse o anterior dono, abrindo a porta do gabinete e afastando-se para que Mário entrasse.
A mulher que estava atrás da secretária, ergueu a cabeça, e fitou nele um olhar apavorado, enquanto o seu rosto empalidecia.
-Teresa Carvalho, a nossa gestora de Recursos Humanos. Teresa, este é Mário Silveira o novo dono da “Tudilar”
Teresa, tinha-se posto de pé, e olhava com surpresa e dor para o homem, que se aproximava da sua secretaria de mão estendida, e um sorriso indefinido no rosto.
-Seria possível que não a reconhecesse? – Interrogou-se mentalmente. Teria significado tão pouco na sua vida? Entendeu-lhe a mão, sem deixar de o olhar. Seria impressão sua, ou uma ligeira sombra perpassou o olhar masculino?  Ela não poderia dizer, se a viu ou se a imaginou, mas quando apertaram as mãos, teve a certeza absoluta que ela não se esquecera dele. Todo o seu corpo reconheceu o calor e o toque da mão do homem.
Depois de algumas palavras de circunstância, os dois homens saíram deixando atrás de si uma mulher completamente destroçada.
Tanto tempo depois, daquele fatídico dia em que regressou das férias de Natal e encontrou a casa vazia, sem sequer uma curta missiva de despedida. Como se ela nunca tivesse feito parte da sua vida. E a verdade é que nunca fizera. Viveram juntos dois anos, e nunca soube onde nascera, quem eram seus pais, onde viviam. Nunca conheceu ninguém da sua família. Nem amigos. 
Só sabia que era um homem extremamente apaixonado na cama. Capaz de a levar à loucura.
Mas fora dela? Interessava-se por ela, pelo que sentia, pelo que desejava? Decididamente não. Não se lembrava de um só dia, naqueles dois anos em que viveram juntos, que lhe tivesse perguntado como fora o seu dia, o que fizera o que sentia. Era como se ela fosse um objeto da casa, que lhe pertencia porque lá estava, e a casa era dele. E o golpe final foi o abandono. Sem uma morada, ou uma nota de despedida. Nada.  A rejeição total.
Ela não o esquecera. Como podia fazê-lo se lhe deixara a germinar a sua semente? E se o filho cada dia se parecia mais com ele? E agora passados quase oito anos, eis que se apresentava de novo na sua vida.




13 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Muito interessante e continuo a acompanhar, aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Passando e acompanhando com prazer! beijos praianos,chica

noname disse...

A vida é cheia de surpresas, nem sempre boas, nem sempre más. Vamos ver o que dá.

Bom dia, Elvira

Joaquim Rosario disse...

bom dia
Embora ter reconhecido a historia , vou continuar a segui-la , pois há pormenores que nos escapam sempre , e é sempre um prazer ler ou reler as historias desta senhora .
JAFR

Larissa Santos disse...

Ai ai, que a coisa vai aquecer. Talvez por más recordações/traumas do passado. Adorei :))

Hoje:-Pétalas de rosa em cálidos sorrisos

Bjos
Votos duma óptima Quinta - Feira.

Edum@nes disse...

Bom filho a casa torna, O que tem de ser será. Se nasceram um para o outro. O destino os juntará?

Tenha uma boa tarde amiga Elvira. Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Episódio surpreendente! Vamos a ver o que vai acontecer!

Sentimentos. O olhar vazio de saudade. [Poetizando e Encantando]
Beijos e uma excelente noite

Kique disse...

Seguindo esta belíssima historia
Bjs.

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Quem me Ama???.....

Tintinaine disse...

Cada um sabe de si, é o que me apetece dizer. A Teresinha passou dois anos de romance sem se preocupar em aprofundar a relação com o namorado e não o fez. Queixar-se agora não lhe serve de nada.

redonda disse...

Já tinha pensado que o filho devia ser dele
E agora?
Seria bom que ela já tivesse outro porque ele não a merece!
um abraço

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Que reencontro!!!! Abalou por completo as estruturas dela!
Beijos carinhosos!

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
A história está deveras interessante.
Vou ler o próximo capítulo.
Beijinhos,
Ailime

lis disse...

Surpreendente momento desse encontro.Um pouco frio.
Logo os sentimentos voltarão, vez que se sente só.
vamos seguindo e gostando.