Teresa sempre lhe dizia que trabalhava demais. Numas férias, pelo Natal, há oito anos atrás, quis que ele a acompanhasse à terra a fim de conhecer a sua família. Aquilo cheirou-lhe a compromisso e isso era algo que estava fora das suas ambições. Ela foi sozinha, e ele aproveitou para se despedir do banco, entregar na editora, o trabalho que tinha em mãos e partir. A Inglaterra pareceu-lhe o melhor sítio para levar a cabo o seu plano de enriquecimento e foi para lá que seguiu. Nunca mais soube da jovem Teresa.
Que seria feito dela? Teria regressado à terra quando acabou o curso, ou teria ficado na cidade? Devia ter… trinta e um anos. E se era linda quando a conheceu, agora devia ser uma mulher muito bela. Talvez tivesse casado, quem sabe tinha filhos. Passou a mão pela testa, como se quisesse afastar aqueles pensamentos.
Devia concentrar-se no negócio do dia seguinte. Estava prestes a comprar mais uma empresa, para juntar ao lote das que já tinha. Naqueles oito anos, construíra quase um império. E tudo começou com a compra de uma pequena fábrica de loiça, em vias de falência. Quando conseguiu erguê-la e já lhe dava lucro comprou outra.
Tinha-se rodeado de pessoal eficiente e de confiança. Tornara-se num negociador implacável. Por vezes, sentia – se como um abutre humano sempre seguindo aqueles que estavam na pré falência.
Os seus negócios eram tão diversificados que iam desde a fruta até aos medicamentos.
Agora estava na eminência de adquirir uma empresa de produtos para o lar, no seu país. Já tinha apresentado uma boa proposta, e no dia seguinte se veria se o negócio se concretizava.
Pensou que talvez fosse a sua última aquisição. Sentia-se cada dia mais cansado. Quase não viveu com a ânsia de enriquecer, e agora que sentido tinha a sua vida? Com quem partilhar aquela esplêndida casa?
Se ao menos a mãe fosse viva. Mas coitada, partira antes de ver o filho concretizar os seus sonhos de grandeza.
Estava a ficar velho. Decididamente. Só assim se justificavam os sentimentos que ultimamente o vinham assaltando.
Se ao menos tivesse um irmão, um sobrinho, alguém de família. Mas apenas lhe restavam uns primos, com quem nunca teve afinidade e que segundo informações recentes tinham emigrado para o Canadá.
Estava sozinho. Olhou o relógio. Quase duas horas. Eram horas de dormir. Levou o copo, para a cozinha
Depois dirigiu-se à casa de banho.
Tomou um duche, vestiu apenas uns calções de pijama, escovou os dentes e dirigiu-se ao quarto.
Puxou a colcha para trás, e antes de se deitar, lançou um breve olhar para a cama. Demasiado grande para a sua solidão.
16 comentários:
Vamos ver que volta dará ele à vida :)
Boa noite, Elvira
Boa noite Elvira,
Estou a gostar imenso da história, que começa a ter motivos de muito interesse.
Desejo-lhe um bom fim de semana.
Beijinhos,
Ailime
Com essa ansiedade que já se aproxima logo vai se encantar por alguém e quem sabe acabar com essa solidão. Vamos aguardar!
Um bom fim de semana ,Elvirinha
Descanse o braço pra aliviar a tendinite, que é doída mesmo. Tem que se poupar, amiga.
um abraço
Vamos acompanhando! Bjs E Tudo de bom,chica
Estou aqui colocando em dia a leitura. Esse último parágrafo me pareceu de uma intensidade... fala tanto!!
Um bom fim de semana, Elvira. As melhoras para o seu marido.
Um abraço.
Bom dia
É mais cego aquele que não quer ver , que aquele que não vê.
BFS
JAFR
Vai-se-nos afigurando muito promissor, este seu novo conto, amiga.
Forte abraço.
Amiga, tem um mimo floral e um pensamento reservado a voce aqui:
http://espiritual-amizade.blogspot.com/2019/07/o-balsamo-da-amizade-fiel.html
Tenha um dia feliz!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Voltatei pelo conto. Bjm
Ele é difícil!! Lool
Beijo. Bom fim de semana!
Quero ver qual vai ser a reviravolta!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Pois é, está na hora de começar a pensar no amor.
A vida não é só trabalho.
Abraço
Olinda
Uma cama demasiado grande para a sua solidão. Afinal o dinheiro não é tudo na vida!
Tenha um bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.
Será que vai encontrar a Teresa nesta empresa?
um abraço, as melhoras e um bom Domingo!
Sem garantias de continuar a acompanhar, mas como algo que já havia iniciado durante a tarde e mas relativamente ao que fui interrompido, não resisti agora a terminar de ler os três primeiro capítulos deste novo conto e a coisa promete!...
Com relação à saúde da estimado Elvira e seu marido, só posso desejar o mais rápido e pleno restabelecimento possível.
Salutar abraço
VB
Boa noite de paz, querida amiga Elvira!
Nos capitulos anteriores, li sobre o nao acreditar no Amor, sobre o debrucar-se sobre o trabalho como uma provavel fuga...
Agora, uma cama demasiado grande para a solidao da alma...
Vamos Acompanhar e ver as consequencias do inicio da historia.
Tenha uma nova semana abencoada!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Acompanhando mais uma história que promete grandes emoções.
Beijos carinhosos!
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