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23.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXX


Tomou um duche, que a revigorou. Enrolou uma toalha no corpo, escovou os belos cabelos e deixou-os soltos sem os secar. Vestiu um curto e florido pijama de algodão, enfiou um robe azul, calçou uns chinelos, e foi para a cozinha. Abriu o frigorífico, procurou alguma coisa para cozinhar, mas os dias de trabalho intenso, tinham-na impedido de ir às compras pelo que o frigorífico estava praticamente vazio. Foi até ao quarto, pegou no telemóvel, e pediu uma” pizza”. Pouco depois a campainha tocou. Paula pegou na carteira e dirigiu-se à porta. Espreitou pelo óculo pensando tratar-se do entregador de “pizzas” e surpreendeu-se ao ver quem estava do outro lado. A campainha soou de novo enquanto ela hesitava se abria ou não a porta, mas o segundo toque acabou por convencê-la. Aconchegou o robe ao peito e abriu a porta.
-Boa noite. Posso entrar?
Como resposta ela afastou-se para lhe dar passagem, fechou a porta e encaminhou-o até à sala dizendo:
- Não te esperava.
- Talvez devesse ter avisado. Mas se o fizesse será que me recebias?
- Talvez não. Não costumo receber visitas em casa, a não ser de familiares. Mas senta-te. Queres beber alguma coisa?
- Não, obrigado
- Então dá-me cinco minutos por favor! Volto já.
Deixou-o só e dirigiu-se ao quarto, onde trocou rapidamente de roupa. Já era embaraço suficiente receber o empresário em sua casa. Mas recebê-lo de roupa de dormir, era demais.
-Bom, - disse ao entrar na sala envergando um conjunto de calça e túnica. – O que é tão urgente que não podias, guardar para amanhã?
António abriu a pasta e retirou um envelope que ela reconheceu.
- Amanhã é o último dia do mês. O teu pai deverá estar no meu escritório às onze horas. Vou ficar em Sintra esta noite e não penso ir amanhã ao escritório. Vim trazer-te todos os documentos da firma do teu pai bem como o resgate da hipoteca, e um cheque que deve cobrir as necessidades imediatas da empresa.Com o resgate da hipoteca e esse cheque, ficarão liquidados todos os prejuízos que ele terá tido por minha causa. Peço-te que lhos entregues amanhã de manhã. Diz-lhe que a partir de agora, está por sua conta, eu não voltarei a interferir nos seus negócios.
- Desististe da vingança, mas não perdoaste. Por isso não o queres ver, - disse ela
-Desisti da vingança por ti. E também pela Cidália, porque me disseste que foi para ti a melhor das mães, e pelo Miguel que tanto te ama.
 - Que sabes do Miguel? Nunca te falei dele.
- O meu sobrinho Pedro é o seu melhor amigo, e os amigos falam uns dos outros. O teu irmão, não esconde de ninguém o amor e a admiração que tem por ti. Por vocês desisti. Pelo teu pai, não o teria feito. Talvez um dia eu consiga esquecer o que me fez sofrer e o possa perdoar. Mas por enquanto não consigo, e por isso não quero voltar a vê-lo.
Tocaram a campainha e Paula levantou-se.
-Desculpa, tenho que ir abrir, tinha encomendado uma “pizza” para o jantar. Deve ser o empregado da pizaria.
Era mesmo o jovem, com a “pizza”. Paula pagou, fechou a porta e foi colocar a caixa na cozinha voltando de seguida à sala.
- Porque não me contas, o que o meu pai te fez?- perguntou.
- Porque és demasiado importante para mim, e não te quero envolver nesta história. Estive em Sintra esta tarde. Pensei que ainda te encontrava, mas segundo Alice tinhas saído há um quarto de hora. Fizeste um trabalho fantástico. Sei que vais lá estar amanhã, mas tinha que resolver este assunto hoje. Por isso vim.



E com o comentário da Ailime chegámos aos 40.000

14 comentários:

noname disse...

Está certo, ele não deixa de ter as suas razões, é são tão válidas quanto todas as outras, que outros possam ter.

Beijinho

Kique disse...

A por a leitura em dia depois destas mini férias
bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Granja do Têdo

Edum@nes disse...

Esquece lá isso, vai lá, António, dar,
um aperto de mão ao teu futuro sogro
se é que com a sua filha queres casar
para que serve continuares tão teimoso?

Quem encomenda pizza para a ceia,
será que tem preguiça de cozinhar
quem mete a foice em seara alheia
amanhã para saber aqui irei voltar!

Continuação de boa primavera amiga Elvira. Um abraço.

Janita disse...

Compreendo-o perfeitamente.
Uma coisa é agir como se perdoasse, reparando os prejuízos causados, outra é conseguir perdoar a quem duvidou da sua honestidade, sem lhe dar chance de provar a sua inocência.
Cá por mim entendo que o António errou ao vingar-se, mas se redimiu por amor. Isso só o dignifica.
Estou morta por ver esses dois juntos e felizes! :)

Um abraço, Elvira!

chica disse...

É assim ele não conseguiu esperar e a surpreendeu!
Parabéns pelos 40mil!
Bjs chica

Tintinaine disse...

Fico a pensar se eles vão comer aquela pizza a meias ou que mais poderá acontecer!

Cantinho da Gaiata disse...

Será que ele não fica para uma fatia de pizza?
Só tenho uma dúvida, como é que ele foi parar a casa dela? Não me lembro de ter lido nada de ele saber onde ela morava! Estou baralhada.
Bjs

Pedro Coimbra disse...

Finalmente a deixar o coração falar???

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Mais um episodio que nos deixa ansiosos , por varias razoes uma das quais é ela não saber o motivo da vingança e ele não lho dizer . Talvez esteja aqui alguma surpresa .
JAFR

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais um interessante momento de leitura!
Bj

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Não tarda e cairão nos braços um do outro.
Beijinhos e ótimo dia.
Ailime

Anónimo disse...

Com o protagonista dividido mas redimido, chegou aos 40 000 comentários!

Parabéns, Elvira!

Um forte abraço

Maria João

Isabel disse...

estou a amar a história :)

Gaja Maria disse...

Uma decisão acertada quanto a mim. E ela com certeza vai aprecia-la também.
Abraço Elvira