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10.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXI





Estacionou o automóvel junto à porta e saiu. Percorreu com o olhar o vasto jardim, e franziu a testa, pensando se a jovem já se teria ido embora, porém logo deparou com o carro cinza estacionado junto à porta da garagem e um sorriso distendeu os seus bem desenhados lábios. Subiu os três degraus até ao alpendre e abriu a porta. Ouviu vozes na cozinha e encaminhou-se para lá. Paula e a governanta conversavam animadamente sentadas à mesa, com uma chávena de chá e um pires de biscoitos na frente.
- Bom dia, – saudou.
- Bom dia, senhor. Não o ouvimos chegar, - disse a empregada levantando-se  apressada.
Paula também se levantou. Vestia um fato de calças e casaco de seda azul, com decote em bico, e calçava sandálias de salto. Elegante e muito feminina.
- O que achas do jardim? -perguntou o recém chegado.
- Muito bonito mas não serve para o evento.
- Não? – Admirou-se ele
- Se vieres comigo explico-te.
Saíram e caminharam até ao lago circundado de bonitas flores.
- Bom, supõe que ponho o altar entre aquelas duas árvores, lá ao fundo junto ao muro. Teríamos que por duas filas de cadeiras para os convidados que segundo a lista que me enviaste é de oitenta pessoas. Duas filas de quarenta cadeiras que poderíamos por naquela parte, ali há poucas flores, podem ser transplantadas para outro local e tapar os estragos com pedaços de relva natural. Até aqui tudo bem, mas onde vou colocar as mesas para a festa? Usando mesas redondas precisaríamos de dez mesas grandes, para os convidados mais duas para apoio. Tinha que destruir todo o jardim.
- Já viste a parte de trás da casa? Tem um espaço bastante grande todo relvado até à piscina, que delimita a área entre o lazer e quinta propriamente dita. Não podíamos fazer a cerimónia aqui e a festa lá?
- Vamos ver.
Caminhando lado a lado contornaram a bonita moradia, um belo edifício de dois pisos.
- É uma bela casa- disse a jovem.
-Gostas? Comprei-a há dois anos. Inicialmente porque era um bom negócio, pensava voltar a vendê-la, mas depois decidi ficar com ela. É um local sossegado, tem bons ares, muito espaço para as crianças, é o ideal para uma família, não achas?
Não respondeu de imediato. Não sabia o que se passava com ela em relação ao empresário. Começara por sentir um sentimento de raiva quando soube o que ele fizera ao pai, exacerbado quando o pai lhe pediu para casar com ele. Entretanto a raiva fora sendo substituída primeiro pela curiosidade, depois pela admiração, e mais tarde por uma inquietação, quando falava ou pensava nele. E pensava nele vezes demais para o seu gosto, tanto mais que quase esquecera, Adolfo, o médico com quem mantivera uma relação de quatro anos e cuja traição a levara a querer distância de todos os homens.
De súbito, António agarrou-lhe no braço e parou, obrigando-a a fazer o mesmo.
- Que aconteceu? – Perguntou abrindo os olhos de espanto sem saber se era por ele ter interrompido os seus pensamentos, se pelo choque elétrico que percorria o seu corpo, com a sensação que a mão dele provocara no seu corpo.
- Diz-me tu, - respondeu. -Porque de repente fiquei com a sensação que te ausentaste e me deixaste a falar sozinho.

19 comentários:

chica disse...

Consegues descrever e nos fazer imaginar bem a cena e sensação... Gostando! beijos, chica

Pedro Coimbra disse...

A electricidade chegou aqui!!
Abraço

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Vai chegar a eletricidade mas estática .
JAFR

Anónimo disse...

À pressa, já que estou de saída para mais duas consultas médicas, não pude deixar de vir ler mais este episódio.

Espero que se encontre melhor, amiga.

Abraço,


Mª João

Tintinaine disse...

Que linda vai esta novela! Já se fala em crianças e não tardará o casamento. Não imagino é quem lhe vai organizar o evento, pois juíza em causa própria não quererá ela ser.

Cantinho da Gaiata disse...

Pronto, tudo dito vai ser a casa deles no futuro, amei o capítulo.
Bj grande e até amanhã.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

_ Gil António _ disse...

Acompanhando a Estória com toda a atenção
.
Cumprimentos
.
** Caminhando na noite escura **

Cidália Ferreira disse...

Está a quase a dar "faísca"! Lol
Beijo e um excelente dia

Joaquim Rosario disse...

Mais uma vez bom dia
vou fazer uma experiencia só para saber se consigo publicar o comentário .
JAFR

noname disse...

A história continua, misteriosa com alguns levantamentos de véus ehehehe

Boa tarde, Elvira

Anete disse...

Aos poucos, a vingança e a indiferença dando espaço a outros sentimentos... Os dois já caíram no laço da admiração apaixonada...
Puxa, você é rápida na publicação de novos capítulos... Logo fico com acúmulo na leitura, rsss...
Beijinhos

Roselia Bezerra disse...

Gosto da relação de pele pois os sentidos nos falam muito ao coração.
estou gostando agora muito mais, amiga.
Bjm carinhoso e fraterno

Janita disse...

Não tarda nada isto vai fazer faísca e atear aí um incêndio que ninguém irá conseguir apagar tal fogaréu!

Bolas, que o homem é impetuoso. Estará ele a dar a senhora já como um bem adquirido? Mau, assim ela não vai gostar nada e eu também não! :)

Um abraço Elvira.

Edum@nes disse...

O encontro de Paula e António na sua casa em Sintra. Poderá ser o princípio do caminho, para uma vida feliz?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Gaja Maria disse...

Ai, Ai, que isto está a compor-se :)

Josélia Micael disse...

Boa noite amiga, espero que já se encontre restabelecida dos seus problemas de saúde!
Gostei de ler mais esta maravilhosa história, que aí vem vindo!
A amiga escreve muito bem, está de parabéns!
Beijinho e um forte abraço de paz e bem... tenha um feliz final de semana...

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
O romance paira no ar!
Muito bom.
Beijinhos,
Ailime

URGENT disse...
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