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6.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XVIII


- Não conheço a tua irmã, mas vou dar o meu melhor, para que seja uma festa memorável.
-Quer isso dizer que voltas a confiar em mim?
- Será difícil de entender, que embora pareça, que me conheces bem, eu não me lembro de ti? Meu pai disse-me que o tinhas arruinado, e que exigias casar comigo para o tirar do buraco onde tu mesmo o tinhas metido. Tu apareces na minha empresa, e dizes que só lhe fizeste semelhante proposta, porque sabias que eu não ia aceitar. O que me leva a pensar que era uma nova forma de te vingares dele, por algo que te fez e que não me contas. Dizes que porás de parte a vingança a troco da realização da festa da tua irmã. Confiante aceito fazer a festa, e três dias depois, executas a hipoteca. Parece um jogo do gato e do rato, sendo eu o rato. Estou muito cansada, tenho trabalhado, quase noite e dia. Põe-te no meu lugar e responde à tua própria pergunta.
- Não confias, mas sendo a profissional responsável que és, farás a melhor das festas que fizeste até hoje.
Abriu uma gaveta, retirou um envelope grande, e estendeu-lho:
- Vê o que há nesse envelope.
Ela retirou do envelope uma série de documentos e analisou-os. Tratava-se de toda a documentação da “Casa Nova”.
-São os documentos que meu pai te entregou?- Perguntou encarando-o.
- Como vês estão aí todos, inclusive o resgate da hipoteca do teu pai, ao Banco. Com ela na mão a empresa volta a ser do teu pai, pois possuí-la, prova que a dívida foi paga. Pois bem se me prometes que não lhos dás antes da festa da Gabi, são teus.
-Quer dizer que se eu te fizer essa promessa os posso levar?
-Exatamente isso.
-E quem te diz, que não vou sair por aquela porta, entregar os documentos ao meu pai e desistir de fazer a festa da tua irmã?
-Acredito na tua palavra. Sei que cumprirás o que me prometeres.
Ela voltou a guardar todos os documentos no envelope e estendeu-lho.
- Podes voltar a guardá-lo. Entendi a lição. Desculpa o destempero com que entrei aqui, e a minha dúvida. Não voltará a acontecer. Tenho que ir. Estou a acabar os pormenores de uma festa para depois de amanhã, no Estoril. No dia seguinte, entro em contacto contigo para que me digas onde se realizará a festa, já que no “email” que mandaste não especificaste o local, e só depois de o ver posso organizar tudo.
- Muito bem. Fico há espera. Enviei – te o número do meu telemóvel pessoal.  
Levantaram-se os dois ao mesmo tempo. Ela estendeu-lhe a mão, que ele apertou entre as suas, como se a acariciasse. Ela corou e apressou-se a retirar a mão. Voltou-lhe as costas, dirigindo-se à porta e saiu fechando-a suavemente atrás de si.
Pensativo António voltou a sentar-se. Cada dia gostava mais da jovem. Dava parte da sua fortuna, para que ela sentisse por ele, a mesma emoção que lhe despertava. Tinha elaborado aquela estratégia com a intenção de ganhar a sua confiança. Sabia que ela estava desiludida com os homens. Sabia que  fora traída. E isso devia ser um espinho cravado no seu peito. Para ganhar o seu amor tinha que ganhar primeiro a sua confiança.


17 comentários:

noname disse...

Quando tem que ser, é. As coisas estão a compor-se.

Bom fim de semana, Elvira

chica disse...

Leitura muito boa nos ofereces em capítulos sempre bem bolados! Gostando muito! beijos, chica

Cantinho da Gaiata disse...

Acho que o barco está a chegar a bom porto.
Bjs

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Como tudo muda depois de uma conversa entre duas pessoas adultas e que sabem muito bem aquilo que querem .
A desconfiança nunca trouxe nada de bom .
JAFR

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Anónimo disse...

Estive sem acesso à net durante toda a manhã, mas cá estou a acompanhar, aproveitando o já inesperado momento em que a ligação me deixou aceder.

Um grande abraço, Elvira.

Maria João

tulipa disse...

Tinha deixado este comentário, Elvira...não sei se chegou a ver!
informo que este blogue vai ficar em standby até que eu fique bem.

LAMENTO ELVIRA
e garanto-lhe que sei do que fala!
...
correu mal, e quase me destruiu o olho.
Pois é...
estou cega de uma vista por negligência médica e
sinto uma revolta enorme,
mas quem consegue lutar contra a carreira médica?
que se protegem uns aos outros?
Impossível...

pelo que como devem perceber não dá para ter quatro blogues ativos...
SIM é verdade!
Tenho 4 blogues activos mas com posts semanais e quinzenais...
sempre que via com que frequência vocês faziam posts, ficava super admirada,
pois eu NÃO CONSIGO.

Boa recuperação.
E se quiser e puder
Para não a incomodar com muitas visitas
posso convidá-la a distrair-se um pouco
Venha até aqui:
http://meusmomentosimples.blogspot.com/
e
http://pensamentosimagens.blogspot.com/
Beijinho da Tulipa

tulipa disse...


Quanto ao seu conto
realmente é verdade
em tudo na vida
não só no amor, mas também na amizade
deviamos primeiro ganhar confiança
pois cada dia que passa
descobrimos pessoas que não interessam mesmo nada

Beijinho da Tulipa

Edum@nes disse...

Afinal o António sabe quais são os preparativos para se conquistar uma mulher, que poderá desconfiar do seu amor por ela. Primeiro pensa ele e estará certo. Tem de ganhar a sua confiança dela, para poder avançar com a certeza de que os seus planos serão realizados!

Tenha um bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Janita disse...

Mais uma estratégia deste experiente homem de negócios.
Não foi à toa que ele enriqueceu - com muito mérito, claro - fazendo multiplicar o dinheiro que a sorte lhe trouxe.
Lendo e aguardando as evoluções.

Um abraço, bom Domingo.

Anete disse...

... O romance está no ar, todo drama será convertido em momentos de superações! Muita imaginação você tem, Elvira, criatividade e construções de fatos muito bem determinados...

Bom domingo e outro abraço

aluap disse...

Já dantes era assim, bastava a palavra e um aperto de mão para se selar um acordo, mas enquanto o acordo não era celebrado também havia "muita água ralhada" e "palmos de terra disputada".
Abraço e continuação de melhoras.

lourdes disse...

A história começa a compor-se. A confiança é a base de qualquer relação, já que sem ela não há qualquer hipótese de amor, nem sequer amizade. Eles já estão a ganhar confiança.
Bjs.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Vamos ver se o António consegue alcançar o seu objetivo:)).
Um beijinho.
Ailime

Gaja Maria disse...

Ela já está a mudar de ideias :) Isto vai

Roselia Bezerra disse...

Encerramento do dia de hoje perfeito: primeiro confiar e depois amar. Lindo isso!
Bjm carinhoso e fraterno

Rosemildo Sales Furtado disse...

A estratégia usada pelo Antônio não poderia ser melhor. Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado