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30.4.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXXIV



Caminhavam lado a lado em direção às traseiras da casa, onde estava montada a tenda e onde se faria a festa propriamente dita.
- Se era isso que te preocupava, podes ficar descansado. Se queres saber a reação do meu pai, desculpa não quero falar disso. Mas quero que saibas, que te estou muito grata por teres desistido da tua vingança. Não por mim, recebi a minha parte da herança da minha mãe, que me serviu para montar a minha empresa, e é do meu trabalho que vivo. Mas pela Cidália e pelo Miguel.
- Pelo teu pai, não?
-A minha ligação com o meu pai nunca foi muito boa. É meu pai e como tal o respeito, mas ele nunca fez nada para ganhar o meu amor. Por isso fui viver sozinha. Mas não vamos falar disso agora. A tua irmã já sabe da festa.
-O Eduardo ia dizer-lhe ontem à noite. Ele contratou os serviços de um salão de beleza para que fossem cuidar dela esta manhã, e teve que lhe explicar porquê. Devem chegar daqui a pouco, almoçam connosco e vestem-se aqui, a loja já mandou entregar a roupa há dias.
- Sem ela escolher? Vocês não estão bons da cabeça. Isso não vai dar certo.
- Ela escolheu. O Eduardo levou-a à loja com o pretexto que era para o meu sócio fazer uma surpresa à noiva. Mas a minha irmã, não é parva e deve ter entendido logo que era uma prenda para o aniversário. E se não tinha a certeza, teve-a ontem quando ele lhe contou da festa. Só ainda não sabe que vai de lua-de-mel para a República Dominicana.
Conversavam enquanto Paula ia pondo nas mesas, os arranjos florais. Ninguém diria que três semanas antes, ela achava o homem arrogante e odioso. Pareciam amigos de longa data. Pareciam, mas na verdade não passava de aparência, cada um tentando esconder do outro os seus verdadeiros sentimentos.
- Está tudo pronto, não é verdade? - perguntou quando ela colocou o último arranjo na mesa que faltava.
-Por agora sim. O resto não depende de mim.
-Então vem comigo ao escritório. Preciso conversar contigo.
Afastou-se em direção à casa, sem esperar para ver se o seguia. Ao chegar à porta, voltou-se e verificou que ela continuava no mesmo lugar. Ficou parado, indeciso sem saber se continuar, ou voltar atrás. Só então Paula avançou.
-Aconteceu alguma coisa?- perguntou quando ela chegou junto de si.
- Estava a pensar se foste sempre assim, mandão e prepotente, ou se é só comigo. Por acaso ocorreu-te pedir-me para te acompanhar, ou ser delicado não faz parte da tua personalidade?
-Desculpa. Reconheço que por vezes sou um tanto rude, mas não tive qualquer intenção de te menosprezar.  A verdade é que preciso falar contigo. Queres acompanhar-me?
-Assim está melhor. Sou um tanto rebelde, não gosto de receber ordens. Essa é uma das razões que me levaram a fundar a minha própria empresa.
Tinham chegado ao escritório. Ele abriu a porta e afastou-se para a deixar passar. Entrou atrás dela e fechou a porta.
-Queres fazer o favor de te sentares. É quase meio-dia, a Gabi o marido e o filho devem estar a chegar e depois vamos almoçar. Gostava de falar contigo antes que eles cheguem.
-Bom, tu dirás.
-Daqui a pouco na festa, vou apresentar-te o meu sócio, Júlio Correia, e a sua noiva. Júlio vai casar dentro de oito dias. Eu vou ser o padrinho. Como não sou casado, nem tenho compromisso, querem apresentar-me uma prima da noiva para meu par. Não estou interessado em conhecê-la, nem em ter por par, uma pessoa que não me interessa.  Gostaria que me acompanhasses ao casamento.
Levantou-se nervosa. Acompanhá-lo ao casamento, passar o dia a seu lado, sem ser em trabalho, dançar com ele? Era demasiado perigoso, tendo em conta a descoberta recente do sentimento que ele lhe inspirava. O que ela queria era que aquela festa acabasse depressa para se afastar e tentar esquecê-lo.
-Não. Não me podes pedir semelhante coisa.
-Porquê? O que tem de mal? Não somos amigos?
- Amigos? Conhecemos-nos há quinze dias!
- Conheces-me há quinze dias. Eu conheço-te desde que tinhas este tamanho, - disse apontando com a mão a altura da sua anca. – Além disso, há quem acabe de se conhecer e fique amigo para a vida inteira. Diz antes que continuas a pensar que sou um ser odioso e vingativo, como disseste na primeira vez que nos encontrámos.


O Sexta, pede-me para vos agradecer a presença na sua festa. Diz que vocês são fantásticos, e que sem vocês ele simplesmente deixaria de existir. Bem Hajam



E porque amanhã é o 1º de Maio, esta história volta na Quinta-feira. A propósito, ainda se lembram como começou? É que o primeiro capítulo foi publicado a 14/3


19 comentários:

Pedro Coimbra disse...

O que asa danças por vezes inspiram, ui, ui!!!

Cantinho da Gaiata disse...

Olá amiga Elvira!
Gostei do capítulo, está a começar a aquecer e para minha alegria hoje até foi mais extenso.
Beijinho e bom dia 1 de Maio.

Isabel disse...

Tenho lido todos os capitulos com grande entusiasmo, nem sempre escrevo nenhum comnetário mas é obvio que estou a adorar a história! Grata pela partilha

Os olhares da Gracinha! disse...

Precisei recapitulate para não me perder no conto... 🤔
Bj

Anónimo disse...

Foi um prazer ter participado da festa de aniversário do Sexta- Feira, amiga. As iguarias estavam uma delícia e continuam a ser-nos servidas diariamente através da sua imaginativa e fluente escrita.

Muitas felicidades e, mais uma vez, que a sua vista continue a melhorar, ainda que bem mais devagar do que desejaria.

Um forte abraço,


Maria João

Larissa Santos disse...

Ele nem deixa começar uma festa para lançar o " isco"para outras, kkk. Adorei, vamos é ver se ela concorda.

Bjos

Votos de uma óptima Terça - Feira

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Isa Sá disse...

a passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

chica disse...

Muito boa e cada vez mais....beijos, lindo dia! chica

Anete disse...


Boa terça-feira, Elvira, e bom feriado...
Mais um capítulo interessante... Veremos a continuação... Vêm novidades surpreendentes!
O meu abraço

António Querido disse...

Um bom feriado de 1º de maio para quem ama a Liberdade!

Com o meu abraço.

Edum@nes disse...

O convite está feito. Não creio que Paula o vá recusar?

Bom 1º de Maia amiga Elvira. Um abraço.

Teresa Isabel Silva disse...

Ainda me lembro na história, mas confesso que fico sempre ansiosa para a ter de volta!

Bjxxx
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Ailime disse...

Boa noite Elvira,
A história está numa fase de grande suspense.
Acompanhando o desenvolvimento da mesma, sempre com enorme prazer.
Beijinhos e bom feriado.
Ailime

Janita disse...

A festa da irmã do empresário e a desistência de se vingar, foi apenas o início de todo o processo, para que António conquiste o coração ainda magoado de Paula. Agora, haverá mais caminho a percorrer, digo eu, com esta minha propensão para as profecias. :)

Quanto à pergunta que a Elvira nos faz sobre o início da história, como poderia eu esquecer aquele encontro entre os dois empresários, e a proposta "indecente" do António - que tanto me revoltou - para desistir de executar a tal hipoteca ou lá o que era!?
As voltas que isto já deu...

Parabéns pela Festa do Sexta, Elvira. Estava tudo impecavelmente organizado, foi a Paula que organizou o evento? :))

Um abraço e bom Feriado de 1º de Maio.

Tintinaine disse...

Passei por aqui por mero acaso, pois já tinha lido este capítulo esta manhã. E, em passando, reparei na falta do meu comentário. Abri os olhos de espanto e depois lembrei-me do que aconteceu. Tinha acabado de ler quando fui obrigado a sair de casa às pressas, só tive tempo de desligar o computador.
Quanto à história dos pombinhos ... vai de vento em popa, como se diz na gíria de marinheiro!

Gaja Maria disse...

Espero que ele a convença a ir :)

Ana Freire disse...

Como sempre, um capítulo, super bem construído, e os diálogos e o enredo, sempre com a capacidade de nos prender a atenção do princípio ao fim!
Só lamentando não ter a disponibilidade que desejaria, para acompanhar tudo por aqui, bem mais ao pormenor!... :-(
Mais uma belíssima e cativante história, Elvira, pelo que me apercebi!
Um beijinho grande! Continuação das suas melhoras!
Ana

aluap disse...

Lembro-me como começou...do rapaz emigrante que virou milionário e voltou para vingar-se do pai da Paula, com quem quer(ia) casar. Perdi alguns post's (que vou ler de seguida), mas pelo que li a festa que ela ia organizar para a irmã dele ainda não aconteceu.
Outro abraço.