Em menos tempo do que se leva a escrevê-lo, Simão estava atrás dela, abraçando-a com firmeza. Intensificou-se o choro feminino, o frágil corpo sacudido pelos soluços.
Não chores Ana. Não suporto ver-te chorar, - murmurou atormentado.
Ela voltou-se. Continuava presa nos firmes braços dele. Ergueu o seu rosto choroso, e fitou-o. Ele não desviou o olhar. Durante alguns segundos, que aos dois pareceu uma eternidade, permaneceram assim, olho no olho, deixando que a alma aflorasse ao olhar e desvendasse todos os seus segredos.
Com suavidade ela afastou-se. Voltou-lhe as costas murmurando.
-Não pode ser. É uma loucura.
- Eu sei, - respondeu ele, a voz rouca pela emoção. Percebes agora porque fui viver para Paris? Porque evito aproximar-me de ti?
Voltou-se. Olhou-o tentando mostrar uma serenidade que não sentia.
- Nunca me passaria pela cabeça. Não pode ser. Estás a confundir tudo e a deixar-me confusa. Somos irmãos. Os melhores irmãos do mundo, lembras-te? Tens que esquecer isso que pensas sentir. Temos que esquecer. Temos que esquecer,- repetiu
- Se repeti-lo vezes sem conta, servisse de alguma coisa, já o tinha esquecido há muito tempo, - disse ele com amargura.
Sentia-se indigno dela, dos pais, dos irmãos. Traíra a confiança de todos albergando aquele sentimento. Não lhe servia de consolo, saber que não estava a cometer um pecado, aquele sentimento não era incestuoso, eles não eram irmãos de verdade. Porque na verdade, não importava que o não fossem, se era assim que ela e toda a família o sentiam.
- Dadas as circunstâncias, peço-te que me perdoes a minha insistência. Desejo, que consigas esquecer, e perdoar-me. Não irei logo ao aeroporto. Despeço-me aqui.
Aproximou-se dele como fazia antigamente. Com a mesma confiança, de outrora, ofereceu-lhe o rosto para um breve beijo de despedida.
Como podia fazê-lo, com um homem que estava doido de amor por ela? Como podia ser tão ingénua para não pensar que ele seria incapaz de resistir, a provar as delícias da sua boca, agora que ela tinha descoberto o seu segredo?
Subitamente envolveu-a nos braços, e a sua boca aprisionou a dela, num beijo intenso, onde deixava expresso todo o amor que lhe atormentava a alma.
Inicialmente recebeu-o surpresa, depois indignou-se.
Empurrou-o com força.
- Como pudeste fazer isto? É infame. Nunca te perdoarei.
E saiu a correr, fechando a porta atrás de si.
15 comentários:
Parece tudo perdido mas....
Boa tarde, Elvira
Que coisa! Tamanha é a confusão! Que pena! Vamos esperando e adorando te ler! Bjs chica
Boa tarde
Nem é bom pensar o que vai naquelas cabeças e naqueles corações !!|
JAFR
Uma confusão que os perturba!!! Bj
Boa Tarde, querida amiga Elvira!
Como eles não são irmãos de verdade, estou adorando tudo... seu jeito de narrar os fatos e como conta o Amor acontecendo é lindo demaisssssssssssssss!
Tenha uma tarde abençoada e feliz!
Bjm carinhoso e faterno de paz e bem
Lá chegará a hora de ela cair na real. Está em jogo a felicidade dos dois.
Sempre acompanhando, deixo outro abraço.
Ui... Muita confusão nestas duas cabeças:))
Bjos
Votos de uma óptima Terça-Feira
Agora ela já sabe do amor dele e vai acabar descobrindo porquê não conseguiu ser feliz com alguém até então.
Boa noite, Elvira, um abraço!
Boa noite Elvira,
Uma reação de Ana inesperada, mas que se compreende.
Agora tudo se complicou...
Beijinhos,
Ailime
Não estou entendendo nada do que se passa com Simão e Ana. O amor que sentem um pelo outro, seria um amor impossível. No caso de não serem irmãos do que é que estão à espera?
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.
Uau, muita emoção neste capítulo! É bom demais reler Uma História de Amor... 💗
Abração e boa noite... Vi que chegou o seu comentário no Ciranda...
Bjs 🌹
Pondo a minha leitura em dia em mais uma emocionante historia
Bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - Grande queda... de água...
Acho que ambos têm que ter uma conversa com os "Pais" para escutarem opiniões :))
Beijos- Boa noite!
Não adianta ela correr, fugir, onde quer que vá o amor a alcançará!
Beijos!
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