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8.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XII


Esperando por Francisca, Afonso recordava aquela tarde três meses antes, quando Graça lhe aparecera no escritório, com aquela que hoje era sua mulher. Habituado a ver belas e desenvoltas mulheres, a jovem parecera-lhe um ser indefeso e assustado. Avançou para ela.
- Boa tarde. Sou Afonso, advogado, viúvo e com duas meninas de tenra idade. Parece-me que a minha irmã já lhe falou do nosso plano. Pretendo alguém de confiança, que goste de crianças e que possa criar as minhas filhas com carinho. A Graça contou-me a sua situação, sei que está com dificuldades e precisa de ajuda para criar os seus filhos. O que lhe proponho, não é um casamento normal como é evidente, mas um casamento de  conveniência, de modo a que os meus sogros não possam ter a veleidade de me tirarem as crianças, alegando que não tenho tempo para elas, ou que estão entregues à empregada. Casando-me, aos olhos da comunidade tenho uma família estável. Eu cuidarei que nada falte a seus filhos, e você cuidará que as minhas não sintam a falta da mãe nestes anos mais próximos em que ela tanta falta lhes faz. Elas são demasiado pequenas, uma tem três anos, a outra, doze meses. Quando crescerem não terão memórias da mãe, mas de quem esteve sempre com elas. Em público seremos um casal, com uma família feliz, dentro de casa seremos uma espécie de amigos, ou companheiros de trabalho com deveres comuns. E claro, teremos quartos separados.
A jovem mantinha-se calada. Dava para ver que estava nervosa pela maneira como retorcia a asa da mala. Estava envergonhada. ele era advogado, conhecia muito bem a linguagem corporal, habituado que estava a "ver" aquilo que os seus clientes lhe escondiam. Continuou.
- Não fique envergonhada, como se eu estivesse a tentar comprá-la. Veja isto como um contrato de trabalho, embora seja um contrato especial. Amei muito a minha mulher. Esse amor é o escudo que não me deixa voltar a pensar em me apaixonar e ter um casamento normal.  Só as minhas filhas me interessam. A Graça disse-me, que também não tem interesse em ninguém. É verdade?
Francisca assentiu com a cabeça. Ele continuou.
-Exijo respeito absoluto. Não posso impedi-la de voltar a apaixonar-se. Mas se isso acontecer quero que seja franca. Poderei entender isso, e dar-lhe o divórcio. O que não entenderei nunca é a traição. Estas são as minhas condições. Espero que as aceite e que me ponha as suas. Depois farei um documento escrito que registarei em cartório e cada um ficará com uma cópia. Não quero correr riscos.
Calou-se. Pela primeira vez a jovem olhou-o nos olhos. Depois murmurou:
- Aceito as suas condições. Tem razão quando diz que me sinto como se estivesse à venda. Estou tremendamente envergonhada. Mas o que me oferece é muito atractivo para uma mãe que vê seus filhos precisados de coisas tão básicas como vestir e calçar e não sabe como comprá-las. Se não fossem eles, não estaria aqui. Não me desagrada cuidar das suas meninas e acredite que o farei de todo o meu coração, tentando que elas não sintam a falta da mãe. Mas o que me oferece não é um emprego de ama,  e daí esta sensação de algo imoral.
Afonso admirou-lhe a franqueza. Ela continuou.

reedição


16 comentários:

Os olhares da Gracinha! disse...

Ora aqui está o que faltava saber!!!
É muito estranho mas no conto tudo pode acontecer!!!
Bj

Edum@nes disse...

Voltarei aqui para saber mais notícias acerca desse casamento por interesse de ambas as parte envolvidas!

Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.

Maria João Brito de Sousa disse...

Já com a leitura em dia, deixo o meu abraço e os votos de uma excelente noite, Elvira.

chica disse...

Tudo bem às claras... Mas...Vamos indo te relendo e gostando1 bjs,chica

Teresa Isabel Silva disse...

Já estou mais informada! Agora quero saber mais!

Bjxxx
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Larissa Santos disse...

Sabe Deus a necessidade de cada um/uma...Estou a gostar do conto. Obrigada

Bjos
Votos de uma óptima noite.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Muito fortes as "exigências" de Afonso e Francisca foi muito corajosa!
O que uma mãe não faz pelos filhos!
Um beijinho,
Ailime

O meu pensamento viaja disse...

Elvira, o meu aplauso pela criatividade.
Beijo

Cantinho da Gaiata disse...

Passando para ler mais um pouco.
Fico esperando cenas dos próximos capítulos 😂, mesmo sendo repetido estou gostando.
Bjs

Cidália Ferreira disse...

Mais um esfuziante capitulo! Amei!

Beijos-Boa Noite!

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida amiga Elvira!
Um bom enredo para continuar lendo com gosto e saber do final que não me lembro de ter lido.
Gostando muito pois é um fato novo para mim este tipo de contrato sem amor e aqui em seu bog estou me habituando com estas histórias que nos presenteia.
Tenha dias venturosos e aconchegantes!
Bjm carinhoso e franterno de paz e bem

noname disse...

Hoje, tive que ler dois de seguida :), mas isto promete.

Boa noite, Elvira

Kique disse...

Amanhã voltarei para por em dia esta grande história
Bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Wi-fi nas estradas Portuguesas!!!

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Franqueza da parte dos dois bem presentes neste capítulo.
Beijos carinhosos!

Sandra May disse...

Entendi o motivo porque Afonso quis o casamento por conveniência: para que os sogros não peçam a guarda das meninas...
Vai bem!
Um abraço, estou indo pro outro capítulo.

Berço do Mundo disse...

Ele foi direto ao assunto, podia ter tido um pouco mais de tacto. Homens!
Sigo para o próximo episódio
Beijinho
Ruthia