-Ana, estás em casa?
- Ia sair agora, Matilde. Está tudo bem contigo? Estive em casa esta manhã, mas tinhas saído.
- A mãe disse-me. E eu queria tanto estar contigo. Por isso estou a ligar. Não nos podíamos encontrar?
- Claro que sim. Mas é sábado. Pensei que preferisses sair com o Pedro.
- Sim. Olha, se não te importares vamos os dois ter contigo. Depois se tiveres outros planos para a noite separamo-nos. Não temos que andar juntos toda a noite, mas preciso mesmo de falar contigo. É por causa do aniversário dos pais. Queres jantar connosco? Vamos jantar a um restaurante novo de comida indiana. Dizem que é muito bom.
Pensou rapidamente. Não lhe agradava fazer de pau-de-cabeleira para a irmã e o noivo. Não há nada pior para uma mulher que acabou de ter uma desilusão amorosa, do que acompanhar um par apaixonado. Por outro lado, ela gostava de comida indiana, e uma refeição no ambiente frio de um restaurante, é sempre mais agradável acompanhada
- Então Ana? Vá lá, diz que sim. Temo-nos visto tão pouco ultimamente.
- Está bem. Espero-vos aqui, ou queres que vá ter convosco a algum lado?
-Apanhamos-te aí dentro de meia hora. Está bem para ti?
-Está.
- Então até já.
Desligou o telemóvel e ficou pensativa.
Matilde era a sua irmã mais nova. Aquela com quem se sentia mais intimamente ligada. Mas desde que há três anos, decidira viver sozinha, viam-se muito menos. Às vezes, sentia uma saudade atroz da vida que tinha na casa paterna. Do quarto partilhado com as irmãs, das primeiras conversas sobre rapazes, sussurradas com Marta, a irmã mais velha, para que Matilde, ainda uma menina não se apercebesse. Dos irmãos, tão diferentes entre si, João, alegre, divertido, sempre pronto para a brincadeira, e Simão. Este, era a antítese do irmão. Sério, responsável e protetor. Especialmente com ela e com Matilde.
Sentia saudade das longas conversas com a mãe, do pai, do calor que emanava da casa paterna.
Lembrou, do dia em que decidiu ir morar sozinha. Tinha vinte e três anos e estava prestes a casar com um jovem advogado, que trabalhava com o pai, quando rompeu o noivado. O pai ficara muito zangado. E o pior, foi quando Miguel, inconformado pediu a demissão. Afonso perdia assim, não só o homem em quem confiava para entregar a vida da filha, mas também o melhor advogado da sua equipa. Ela não suportara, as recriminações paternas e decidira que era tempo de ir viver sozinha.
O toque do telemóvel interrompeu-lhe os pensamentos. Atendeu.
- Ana, chegamos. Desces, ou ainda estás atrasada?
13 comentários:
É sempre bom o convívio entre jovens!!!bj
De novo procedendo à leitura dos dois últimos capítulos, deixo-lhe o meu abraço e os votos de uma feliz quarta-feira, Elvira.
As manas terão um bom papo,certamente! Vale sempre! beijos, chica
Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A passara por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Colocar as conversas em dia faz bem. Quem sabe recebe uns conselhos :))
Hoje: Nasceste em mim...Renasci.
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.
Bom Dia, querida amiga Elvira!
Fico associando aquelas crianças as pessoas que se tornaram... tão boa essa continuação!
Tenha um dia lindo e abençoado!
Bjm.fraterno e carinhoso de paz e bem
Embora Ana não tivesse vontade de aceitar, mas aceitou o convite da irmã. Pode ser que por lá encontre alguns olhos que se apaixonam pelos seus?
Tenha um bom dia amiga Elvira, e continuação de boa semana.
Um abraço.
Por vezes um bom diálogo faz bem. Amei o episódio!
Vagueio pelos trilhos do teu interior.
Beijos e uma excelente tarde!
Um ou uma jovem nunca se diverte sozinho, quanto mais se isola, mais o peito se fecha!
O meu abraço.
Não há nada melhor que uma boa conversa....
Vou estar atenta
Beijinhos
Essa camaradagem e cumplicidade entre irmãs é muito gostoso!
Beijos!
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