Acordou, sentindo que alguém lhe acariciava o rosto. Abriu os olhos e viu Paulo de pé ao lado da cama, preparado para sair.
- Que horas são? – Perguntou
- Quase seis,- disse ele. Vou a casa, buscar algumas coisas
e volto para seguir convosco. É melhor
que vá já, antes que o Martim acorde. Não quero que veja que dormi aqui. Não antes que saiba que sou o seu pai.
Baixou-se para a beijar e disse.
-Quero que saibas, que me sinto o homem mais feliz à face
da terra. Amo-te muito.
- Eu também te amo.
Trocaram mais um beijo e depois ele endireitou-se e saiu silenciosamente. Sem sono, Amélia deixou-se ficar recordando o que acontecera. Paulo fora muito além das suas expectativas. Fora um homem atencioso e um amante ardente. E ela estava tão feliz, que se fosse gata, começaria a ronronar.
Quando ele voltou duas horas mais tarde, já ela se preparava
para tomar o pequeno-almoço com o filho. Fez mais torradas e os três tomaram a
refeição juntos, numa antecipação do que seriam as suas vidas após o casamento.
Depois partiram em direção à quinta.
Amélia imaginava a surpresa da avó quando lhe contasse que Paulo era o
pai de Martim.
Após a chegada, o menino beijou a bisavó e disse que ia
brincar com o Rex.
- Espera por nós, no local onde te encontrei da outra
vez. Eu e a mãe temos uma coisa muito importante para te contar, - disse Paulo.
Depois que ele saiu, contaram à avó, que no entanto não
pareceu muito surpreendida.
- Toda a vida ouvi dizer, que “Deus escreve direito por
linhas tortas”. Quando estas coisas acontecem, vemos que é mesmo verdade. Abraçou o jovem e disse.
- ELE já vos abençoou com a chegada do Martim. Por isso,
tenho a certeza, que serão muito felizes.
- Agora vamos contar a verdade ao Martim. Até logo, avó.
Encontraram-no sentado num tronco de árvore, perto do
rio. Sentaram-se um de cada lado.
- Martim a mãe tem uma coisa muito importante para te
contar, sobre o teu pai.
- Vais-me dizer que ele morreu? Não me importo, nunca o
vi. E o Paulo vai ser meu pai, não vais?- Perguntou virando-se para ele.
- Escuta o que a mãe te diz, filho, - disse-lhe ele
- A mãe nunca te disse que o teu pai tinha morrido. A mãe
disse que ele estava em viagem. E quem está em viagem pode voltar.
A criança levantou-se sobressaltada.
- Não quero que volte. O Paulo vai ser meu pai, não quero
outro.
- E se eu te disser que o Paulo é o teu pai?
- Não acredito. Se fosse não me deixava toda a vida
sozinho. Ele gosta de mim.
- Tens razão, filho. Eu nunca te teria deixado sozinho se
soubesse que existias. Mas não sabia, acredita. E a tua mãe, também não. Soubemo-lo ontem
pelo teu tio Ricardo.
- As pessoas não têm filhos sem saber. As pessoas namoram,
casam e têm filhos. Não me venham com histórias.
O menino estava revoltado, Fazia esforço para não chorar.
Amélia não sabia que lhe dizer. Foi Paulo quem continuou.
-Tens razão, normalmente é assim. Mas sabes, existe uma
coisa que se chama banco de esperma, um local onde os homens deixam a sua
semente, para mulheres que querem muito ter um filho e não têm namorado ou marido.
O marido da tua mãe, morreu sem lhe dar o filho que ela tanto queria. Então o
tio Ricardo pediu-me para doar a minha semente a uma sua amiga. Fui a uma
clinica fazê-lo. Na clinica injetaram a minha semente na tua mãe, e tu
nasceste. Nem eu sabia da existência da tua mãe, nem ela sabia da minha, porque a lei assim o determina. O
único que sabia era o tio Ricardo e só ontem, depois do jantar nos contou. Eu estou muito feliz e orgulhoso de ser teu
pai. Já te amava como tal antes de o saber.
A criança ficou uns momentos calado como se tentasse
compreender o que tinha ouvido. Depois abriu os braços e abraçou o pai.
20 comentários:
Caramba, fez-me lacrimejar Elvira :-)
Beijinho e boa noite
Uffa.. Por momentos pensei que Martim não fosse entender e ficasse revoltado com o Pai e a Mãe. Adoro esta estória, é apaixonante do principio ao fim. Amei este episódio
Beijinhos
Boa noite
Ai que medo amiga, até pensei que o Martim ia ficar revoltado, ufa até tive calores, nesta altura do campeonato tudo tem que dar certo
Beijinho
Que a felicidade perdure a três e fomente a chegada do quarto, pois o Martim vai precisar de um(a) irmãozinho(a). Muito emocionante. Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
Uma história linda com um final feliz!
Abraço
Eu tinha comentado que um pai sente que o é.
Ora aí está!
Kung Hei Fat Choi!!
Bom Ano do Cão!!
Depois de desvendado segredo está o fim a chegar. Ou não»
Veremos o que a novelista nos reserva!
Mais uma vez a passar por cá para acompanha a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Puxa! Que sufoco! Quanta coisa importante despejada de uma só vez para Martim engolir... Mas ainda bem ele entendeu! Agora é só se curtirem e matarem as saudades ...beijos, chica
Um belíssimo final!
Parabéns por mais um belo conto! bj
bom dia
não é fácil para um miúdo desta idade entender tudo o que se passou, mas agora com a ajuda do pai e da mãe tudo se vai clarificar .
JAFR
Um belo final de capitulo.
Um abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Elvira, que lindo romance e que bem descrito tem estado. Muito agradecida por partilhar connosco este seu dom.
Puxa, as crianças são sempre muito naturais! Recebem o novo com uma espontaneidade tamanha!...
A felicidade está crescendo mais e mais na sua "história", Elvira.
Vamos adiante, ainda tem emoção maior pela frente...
Abçs grandes
Será que o Martim compreendeu essa coisa do banco de esperma. Onde o Paulo deixou a semente para ser semeada na horta de sua mãe? Da qual semente ele nasceu. Sem que Amélia conhecesse o semeador? Este capítulo quer dizer que está próximo do fim, mais este belo conto inventado com muita imaginação. Ou será que foi mesmo real?
Tenha um bom dia amiga Elvira,
Um abraço.
Muito bem! Vamos ver a reacção do Martim!
Ele é ainda muito criança para entender, mas o instinto vencerá.
Beijinhos,
Ailime
Pois, se fosse no início ele não iria ser tão compreensivo.
A trama teria que dar as suas voltas...:)))
Bj
Olinda
Que capítulo emocionante, caramba!!!! Arranca-nos lágrimas!
Beijos carinhosos!
Fantástica a conversa entre eles :)
O Martim comportou-se como um homenzinho.
E o Paulo...sem palavras!
Nem sei se a mãe seria capaz de explicar tão bem o que aconteceu.
Parabéns Elvira pelo conto e pela sua sensibilidade.
Bom fs, um abraço.
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