Aquelas duas semanas, tinham sido muito intensas para Luís, dividido entre o trabalho temporário que estava fazendo, a preparação do seu novo livro, cujo lançamento seria já no fim do mês, e o acompanhamento sempre que possível do trabalho de decoração da sua nova casa. O trabalho, no centro comercial, nada tinha a ver com jornalismo, mas Luís precisava dele para estudar as rotinas das pessoas que trabalhavam no local, já que algumas das personagens da novela que estava a escrever, viveriam grande parte da trama num sítio assim. De qualquer modo, o patrão, um empresário amigo do seu pai, sabia que ele só estaria ali um, ou no máximo dois meses, e não foi por favor que acedeu, antes pelo contrário, pois a transferência do seu homem de confiança tinha-o apanhado desprevenido e sem tempo para preparar de forma conveniente um substituto. Assim, sempre dispunha de algum tempo para encontrar um bom director. Chegava à noite cansado e sem vontade de fazer outra coisa que fosse tomar um bom banho e dormir. Escusado será dizer que a promessa de telefonar à mãe e ir jantar com os pais, foi completamente esquecida.
Porém e apesar de tudo, não raras
vezes se surpreendia a pensar em Isabel. Por onde andaria ela? Onde viveria, o
que faria? Tentava afastar estes pensamentos, mas eles permaneciam lá como erva
daninha sempre pronta a estender as suas raízes.
Naquele dia tinha acabado de
preparar com o editor, o lançamento do seu segundo livro, o fim do mês era já na próxima semana. A sua vontade era continuar incógnito, mas segundo o
editor, seria um erro. Os leitores acharam muito interessante um primeiro livro de um autor que queria permanecer incógnito. Mas um segundo nas mesmas condições, podia parecer que se tratava de snobismo, e
desprezo por eles, leitores.. E isso podia ditar o fracasso do livro. Outra boa notícia
desse dia foi a chegada do director comercial para o lugar que ele ocupara naqueles quase dois meses. Claro que ele continuaria por lá mas agora rescindido o contrato, só
algumas horas por dia, porque a novela teria que estar pronta no fim de
Novembro para estrear em Março.
Escrever uma novela é muito diferente de escrever um livro. Ele escrevia o livro, e apresentava-ao editor para a publicação.
A novela teria que ser aprovada pela direcção de programas, depois, haveria a escolha do
elenco, o que resultava de imensos castings. A escolha do roupeiro e adereços,
que compõem cada personagem, os cenários, enfim um mundo de coisas antes de
começarem as gravações. Mais tarde a campanha de lançamento e só depois a
estreia. Ou seja antes do primeiro episódio ir para o ar eram meses e meses de trabalho
intenso. E depois o trabalho continuava, pois depois da novela ir para o ar, eram as audiências que comandavam. Se o sucesso fosse grande, teria que esticar ao máximo a trama, e os duzentos episódios, poderiam ir até aos trezentos. Se fosse um fracasso, teria que reescrever grande parte da trama, matar alguns personagens, introduzir novos personagens etc.
Na verdade, ele não pretendia dedicar-se a esse tipo de escrita, aceitara fazer aquela, como se fosse um desafio.
Na verdade, ele não pretendia dedicar-se a esse tipo de escrita, aceitara fazer aquela, como se fosse um desafio.
Por tudo isso e porque acabara de
se mudar para o seu apartamento, finalmente pronto, Luís sentia-se um homem
realizado.
Aprestava-se para regressar a
casa, quando a viu entrar no centro. Ou o destino lhe estava a dar uma ajuda,
ou estava a brincar com ele. Reparou que ela não o tinha visto.
- Boa tarde Isabel, – saudou, pondo-se a seu lado.
14 comentários:
O conto promete! Gostei...bj
O conto promete! Gostei...bj
Elvira, tem aqui um header espectacular. Apetece ficar ali a olhar, a descobrir cada pormenor. Muito bem escolhido.
Quanto ao texto, ou à continuação da história, diria que ler os seus textos não nos precipita para o lado de que o texto termine rapidamente, antes pelo contrário, conseguimos ler com muita atenção cada linha, saltando rapidamente para a seguinte para ver o que acontece. Acho que essa parte é muito importante na escrita, o prender as pessoas. A Elvira sabe como fazer. Cá se aguarda a continuação...
Deixo um abraço.
O destino os está juntando, sem que Isabel se tenha apercebido ali estava a seu lado o homem de cuja a sua presença lhe faz sentir algum nervosismo, diferente de qualquer outra presença masculino. O que ela deseja é sentir no seu corpo o calor do corpo dele! É o que eu estou pensando, e se calhar não estou enganado?
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Corrijo: Presença masculina, e não masculino!
Cá estou eu, querida amiga, voltando aos poucos à minha vida normal. Antes de mais quero deixar aqui o meu agradecimento pelas palvras carinhosas que deixavas no meu cantinho durante a minh permanência no Brasil. Com certeza que sabes o quão importantes são essas manifestações de carinho em momentos difíceis. Felizmente tudo correu bem e pude voltar mais tranquila. Li desde o inicio este teu conto e, como sempre, tenho que te dar os parabéns. Está muito bem escrito , com uma linguagem simples, de fácil entendimento e agora, amiga, vou esperar pelo próximo capítulo. Espero que esteja tudo bem por aí, principalmente na saúde. Um beijinho, Elvira e muito obrigada
Emília
E agora vai começar o jogo da sedução.
Bfds
Vamos lá ver o que o destino (a Elvira) lhes reserva...
Uma história bem contada, como sempre.
Bom fim de semana, Elvira.
Beijo.
a passar por cá para acompanhar a história. Aproveito para desejar um bom fim de semana!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
E cá estou eu a ler mais um pouco dos seus textos.A história promete.
Beijinho Elvira bom fim de semana
Oi Elvira, boa noite!
Vim ler teu texto...Que gosto muito!
E estou curiosa!Acho que tudo sairá bem.
Vou aguardar!
Abraços!
Mariangela
A seguir todos os episódios, a história está cada vez mais interessante e acho que devia editar o livro, porque isto é um livro e bem escrito Elvira. Beijinho :)
Finalmente o reencontro!
Que maravilha!
Um abraço querida Elvira e boa semana.
Uma novela com 300 episódios??
Oh deus, que isso é quase uma Dallas :P
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