Paula chegou ao escritório no dia seguinte, pelas catorze
horas.
Tinha trabalhado no dia anterior até às dez da noite e toda a manhã daquele dia, mas estava tudo pronto para a festa. Agora só tinha de se preocupar em estar
presente no início da festa, e assegurar-se que ela ia decorrer sem nenhum
incidente que lhe roubasse o brilho. Era sempre assim. Ela estava presente em
todas as festas, mas só até se assegurar que tudo estava a correr como ela
planeara. Depois despedia-se dos anfitriões e regressava a casa. Não se sentia
bem naqueles ambientes tão cheios de hipocrisia. Ela era muito frontal. Gostava
da verdade acima de tudo. Saudou Irene e dirigiu-se para o seu gabinete,
seguida pela secretária.
- Já terminaste a decoração do salão?
- Trabalhei ontem até às dez e esta manhã, mas está tudo
pronto.
Falta-me confirmar data e hora com a empresa de segurança
que vai estar presente. Podes fazer isso em seguida. E o “rei” da Cozinha Portuguesa,
sempre vem?
- Tal como te disse ao telefone ontem à noite,
telefonaram de novo à tarde para saber a resposta e eu marquei para as quinze. Estou muito curiosa. Não é costume que os
futuros clientes, queiram marcar uma entrevista contigo. Por norma, sempre nos
contactam por telefone, ou correio eletrónico. E só já quase em cima do evento é que
aparecem. E às vezes nem chegam a aparecer, são as secretárias ou os agentes
que tratam de tudo. Não estás curiosa?
- Nunca ouviste falar em milionários excêntricos? Ou
maníacos do trabalho?
- Dos primeiros já ouvi falar, mas nunca conheci nenhum. Maníacos
do trabalho, tenho uma na minha frente. Bom se não tens nada urgente para mim
vou para o meu lugar.
Dirigiu-se para a porta, mas antes de a abrir voltou-se e
batendo a mão na testa disse.
- Ah! Já me esquecia. Chegou a resposta do Ferraz.
Aprovou a primeira opção. A festa vai ser ao estilo dos gloriosos anos vinte.
Vou encomendar os endereços.
Irene saiu e
Paula olhou o relógio. Catorze e vinte e cinco. Levantou-se e foi até à janela.
No céu sem nuvens o sol brilhava aquecendo tudo à sua volta. Estava-se na Primavera, mas os dias já anunciavam o Verão que se aproximava. Na rua não
andava muita gente. Não era para admirar, quem não estava a trabalhar, não saía
aquela hora. Voltou para a secretária. Estava nervosa. A situação da sua
família preocupava-a. Nunca fora muito chegada ao pai, talvez porque ele também
não se tivesse preocupado em criar laços de carinho, quando ela mais precisava.
Mas gostava muito da madrasta, e adorava o irmão. E depois havia aquele homem
que ela não conhecia, e que o pai dizia que o podia salvar da ruína, em troca de
se casar com ela. Tinha cabimento uma coisa assim? Retirou da mala, um pequeno
espelho e olhou-se, tentando descobrir o que poderia ter levado aquele homem a
semelhante disparate. Os seus cabelos negros como asa de corvo, estavam
penteados para trás e presos num coque. O rosto moreno era na sua opinião
vulgar. O nariz não era grande nem pequeno nem sequer arrebitado. A boca
pequena era cercada por lábios grossos que seriam mais bonitos se os realçasse
com um batom atraente. Porém só usava maquilhagem quando se deslocava às
festas. Tinha um bonito sorriso, mas vulgar. A única coisa que reconhecia, ter muito bonitos, eram
os olhos. De um verde intenso e límpido como esmeraldas, quando estava calma, ou verde escuro como jade, quando alguma coisa a tirava do sério. Voltou a olhar o relógio. Catorze e cinquenta e cinco. Estava cada
vez mais nervosa. Ligou o computador e abriu o esboço da festa do Ferraz.
17 comentários:
Vamos ver o que isto dá. Estou a ficar curiosa eheheheh
Abraço
Curiosidade no pico.
Abraço
Bom dia
Já estamos habituados a este suspense.
Mas que não vai ser um bom primeiro encontro , isso não vai .
JAFR
Branca e radiante vai a noiva!
Já sabemos que isto vai acabar em casamento. E talvez seja a própria noiva a organizar a festa.
Bom dia!
Passando para ler e enviar o abraço de sempre, Elvira.
Continuo a acompanhar com interesse minha amiga.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Quem organiza festas pode fazer também a sua... Está lindo! beijos, tudo de bom,chica
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Lendo e acompanhando a Estória.
.
Deixando cumprimentos poéticos.
.
** O teu colo de Açucena **
Mais um bom momento de leitura!!! Bj
Não tenho andado por aqui, mas pelo que sigo, está a ficar curioso!
Faço da força, meu caminho a seguir
Sigam o meu novo :- https://imagensquedispensampalavras.blogspot.com/
Beijo e um excelente dia
Atrasado, tive que ler vários capítulos...
Resumindo, estou a gostar da história e da narrativa.
Elvira, continuação de boa semana.
Beijo.
Tão nervosa :) O que vai dali sair?
Abraço Elvira
Boa tarde Elvira,
Um história que me está a prender cada vez mais.
Vamos ver o que se seguirá!
Beijinhos,
Ailime
Com tanta e tão pormenorizada descrição lá se foi mais um capítulo e nós sem os ver frente a frente...Acelere, acelere, Elvira! :)
Abraço.
A moenga continua, não se sabendo como será no futuro. Mas eu acredito quem tem muito dinheiro. Se calhar até se convence de que pode comprar o mundo?
Continuação de boa semana amiga Elvira. Um abraço.
Aproxima-se a hora do encontro. Inexplicável a proposta feita pelo António mas a Paula cedeu e agora resta-nos ler como decorreu o encontro. Lá vou eu!
Beijinhos
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