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11.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XXV


                                                     Foto DAQUI


Ainda naquele dia, Clara iniciou uma nova rotina com as crianças. Depois do almoço subiram ao quarto, mas quando elas pensavam que iam dormir, Clara anunciou que tinham-se acabado as sestas. As aulas iam começar dentro de dez dias, e eles precisavam programar o seu relógio biológico, a fim de não adormecerem na sala de aulas, na parte da tarde. Assim sendo, e aproveitando que de tarde o terraço estava à sombra, ali iam ficar até à hora do lanche. Para os entreter, e desenvolver as suas capacidades criativas, deu a cada um uma folha em branco e lápis de cor pedindo-lhes que fizessem um desenho e depois contassem uma história sobre o desenho. Mais tarde depois do lanche, foram então para o jardim, onde tinham os seus aparelhos de brincar, baloiços e escorregas. A ideia de Clara era que eles esgotassem as suas reservas energéticas de modo a adormecerem facilmente apesar da ausência do pai na hora de se deitarem.
Ao jantar, não o vendo à mesa, voltou a tristeza, e apesar de todo o seu esforço, apenas comeram a sopa e a fruta.
Nos dias seguintes, Clara e o irmão revezaram-se nas brincadeiras com as crianças, na tentativa de que não se sentissem tão tristes com a partida do pai.
No Domingo a meio da tarde, Clara recebeu uma mensagem de Ricardo. Dizia que às seis horas iria estar com eles, via Skype. De modo que um pouco antes da hora marcada, reuniram-se os três na biblioteca.  Clara ligou o computador e aguardaram com ansiedade a ligação.
Apesar de saber que Ricardo tinha ido para o Afeganistão, só quando ele apareceu no ecrã, Clara soube que se encontrava em Pol-i-Charki, no arredores de Cabul, no Corpo do Exército Nacional Afegão, para apoiar o levantamento e treino daquela unidade, tendo por fim último a criação de condições para a sua autossustentação. Enquanto as crianças se atropelavam para fazer perguntas ao pai, contar as novidades dos últimos dias, e falarem das saudades que sentiam, Clara não deixava de observar Ricardo. Era estranho, ligar aquele homem com aquela farda camuflada, ao homem elegante que ela conhecia.
- Muito bem meninos, estou muito contente por ver que estão bem. Fiquei muito feliz com o vosso presente. Amo-vos muito. Mas apesar de aí ainda ser dia, aqui são quase onze horas da noite, e o pai tem que ir dormir. Quando puder volto a falar convosco. Agora se me derem licença queria falar um pouco com a Clara. Boa noite, meus filhos.
- Boa noite, pai. Dorme bem – despediu-se Bernardo formando com as mãozitas um coração.
-Boa noite pai. Volta depressa – disse a irmã fazendo um gesto como se abraçasse o pai.
- Vão ver se a Antónia precisa ajuda para por a mesa. Eu já lá vou ter, - disse Clara.
Acompanhou as crianças à porta e voltou para a secretária.
-Olá – saudou enquanto se maldizia por não lhe ocorrer nada mais criativo para dizer.
- Olá! Aquela gravação foi uma ideia genial. Vejo-a todas as noites. Ajuda-me a mitigar as saudades. Não tenho palavras para te agradecer.
- Não precisas de o fazer.
-Deixa-me continuar. Vou ficar aqui seis meses. Só podemos utilizar a Internet, para video-chamadas particulares à noite e numa sala todos ao mesmo tempo, apenas separados por um tabique, o que tira toda a privacidade a quem está a comunicar. Além disso não o podemos fazer todos os dias, nem todos ao mesmo tempo.  Por isso  temos uma escala onde nos inscrevemos. E poderemos fazê-lo  duas ou três vezes por mês. Não sei quando poderei voltar a falar. Vou ter que desligar agora.
E a imagem desapareceu sem que Clara tivesse tempo de responder.



16 comentários:

Edum@nes disse...

Saúde é o que há de melhor,
na vida, para amar e ser amado
no coração sentir verdadeiro amor
por quem sempre está a seu lado!

Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.

chica disse...

As crianças sentirão muitas saudades, mas nao apenas elas!!!
Bjs chica

Maria João Brito de Sousa disse...

A história avança com rapidez, Elvira :)

Abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma separação que de fácil não tem nada!!!
Bj

Janita disse...

Meu Deus...esse homem faz tudo à pressa!!

Vamos lá ver se os seis meses passam depressa, também.

Um abraço.

noname disse...

Estou a adorar esta história :)

Boa noite, Elvira - soninho descansado

Roselia Bezerra disse...

Boa Tarde, querida amiga Elvira!
Só hoje concluí a leitura de todos capítulos e pude comentar com base aos fatos da história, mas li um P.S. no incío que me agradou muitíssimo por parte da moça que atentou ao anúncio.
Que história interessante e inusitada!
Creio que haverá surpresa no final... li atenciosamente e fui vendo como os caminhos se podem modidifcar dos nossos planos humanos.
Gostei muito de tudo que li.
Deus a abençoe muito!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

Teresa Isabel Silva disse...

Vamos lá ver se o tempo passa depressa!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

José Lopes disse...

A distância e os seus inconvenientes...
Cumps

Kique disse...

Esta historia continua a prender-me capitulo a capitulo
Bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Actividade Perigosa

Cidália Ferreira disse...

As saudades apertam! Amei!!

Boa noite- Beijos

Gaja Maria disse...

Muito difícil para todos...
Abraço Elvira

Jaime Portela disse...

A história é mesmo interessante.
Tal como a narrativa.
Estou a gostar, como sempre.
Elvira, continuação de boa semana.
Beijo.

Pedro Coimbra disse...

A distância faz crescer a paixão.
Bfds

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Claro que não vamos esperar seis meses para saber o desfecho deste conto , mas estamos cada dia mais ansiosos .
JAFR

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está interessante e continuo a acompanhar.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros