Aquela foi a primeira de muitas mensagens trocadas a partir daquele dia. Mais ou menos de quinze em quinze dias, Ricardo via e falava com os filhos, via Skype. Nessas alturas, Clara mantinha-se um pouco à margem, deixando que pai e filhos conversassem sobre tudo o que se lembrassem. Os dois só trocavam uma ou outra frase, quase sempre em resposta a uma pergunta concreta. Mas todos os dias trocavam correio eletrónico. E aí sim, eles trocavam ideias, falavam de vivências do dia-a-dia, e até de sonhos. Os dias foram passando, o mês de Setembro chegou ao fim, seguiu-lhe Outubro, sem que as rotinas se alterassem. Com a chegada de Novembro chegaram os primeiros frios, e também os dias de chuva.
Na grande casa da quinta, havia agora, uma nova
empregada. Adelaide era uma mulher dos seus quarenta anos, que ficara viúva há
pouco tempo com dois filhos pré-adolescentes para criar. Fora casada com um
primo de Antónia, e sabendo por esta, da urgente necessidade de Adelaide em
arranjar trabalho que lhe permitisse criar os filhos, Clara resolvera
contratá-la.
E foi num dia chuvoso de Novembro, quase nas vésperas
de S. Martinho que, pela primeira vez, ela ouviu as crianças chamarem-lhe mãe.
Aconteceu duma forma natural, quando Soraia falava da festa, que ia haver na
escola no dia S. Martinho.
Ela ficou tão emocionada, que deixou cair o livro que
tinha nas mãos.
Sem dizer uma palavra abriu os braços e a menina
refugiou-se neles tão confiante como qualquer criança quando a mãe a abraça.
Não querendo ficar de fora, Bernardo correu para elas e lançou os seus bracitos
ao pescoço de Clara.
Foi um momento de grande emoção. A jovem sabia que a
partir daquele momento as suas vidas nunca mais seriam as mesmas. Para o bem ou
para o mal, desde aquele dia ela era, no coração das crianças, a sua mãe. Não as
podia dececionar.
Também em Novembro, mas já quase a terminar o mês, ela
passou pela primeira aflição quando, primeiro Bernardo e depois Soraia, foram
atacados pelo surto de varicela que obrigou ao encerramento da escola. Clara sabia que a varicela era uma doença comum
nas crianças, ela lembrava-se bem de quando Tiago a tivera. E além disso, o
médico sossegara-a. O principal era evitar que as crianças se coçassem
demasiado, pois podiam fazer feridas que deixassem marcas para o resto da vida, além
do perigo de uma infeção que isso pudesse provocar.
Para evitá-lo ela dava-lhes banho com frequência,
espalhando depois a loção calmante que o médico receitara sobre as lesões.
Apesar do correio eletrónico trocado quase diariamente com
Ricardo, Clara não lhe falou do que estava a acontecer com os filhos. Não
queria preocupá-lo, pois sabia que para os homens qualquer coisa que se
relacione com a saúde é sempre um problema de difícil solução e uma preocupação
acrescida.
Felizmente quando ele fez a chamada de vídeo para ver
os filhos a cinco de Dezembro, a doença já tinha sido debelada embora ainda tivessem
no rosto e corpo algumas pequenas lesões, que levariam mais uns dias a desaparecer.
Claro que as crianças rivalizaram entre si para
contarem ao pai, o que tinha acontecido, e como a mãe cuidara deles.
Ricardo, ficou duplamente surpreendido, pois era a primeira vez que ouvia os filhos tratarem Clara como mãe. Porém quando falou com ela foi apenas para perguntar, se os filhos já não corriam perigo, e quando voltavam para a escola.
Ricardo, ficou duplamente surpreendido, pois era a primeira vez que ouvia os filhos tratarem Clara como mãe. Porém quando falou com ela foi apenas para perguntar, se os filhos já não corriam perigo, e quando voltavam para a escola.
Depois de obter resposta, despediu-se. Clara esperaria
com ansiedade, a nova mensagem. Numa delas ele tinha-lhe dito, que as chamadas
eram efetuadas numa sala, com vários militares a falarem ao telefone ou a fazer
as video-chamadas em mesas quase coladas e sem qualquer privacidade.
E os dias foram passando, o primeiro período terminou, com as férias de Natal, cujo dia se aproximava a passos largos.
16 comentários:
Empolgada, em pulgas, é como estou eheheh
Boa noite, Elvira
Boa noite Elvira,
Os laços com as crianças estreitam-se e Clara só pode orgulhar-se do amor das crianças face à sua extrema dedicação para com elas.
Estou a adorar.
Beijinhos e boa semana.
Ailime
OI ELVIRA!
MESMO SEM PODER ACOMPANHAR E TRISTE POR ISSO, VENHO TE DEIXAR MEU ABRAÇO CARINHOSO.
https://zilanicelia.blogspot.com/
Que bom haver um aumento do elo de ligação entre eles! Bj
Bom dia amiga.
Voltei para ler mais uns posts de seguida, não estou fugida😂, gosto é de ler vários.
Como sempre estou adorando mais esta linda forma que amiga escreve e que nos leva a imaginar o lindo reencontro entre eles.
Beijinho grande.
Acho que já aqui tinha comentado o que ouvi tantas vezes à minha avó - parir é dor, criar é amor.
Boa semana
Bom dia Elvira.
Cá estou, a acompanhar a evolução dos acontecimentos.
Abraço e votos de uma boa semana.
A passar por cá para acompanha a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Nada mais natural que mais cedo ou mais tarde ela seria chamada de mãe e merece...Até das varicelas cuidou! Estou gostando muito! bjs, chica
Qualquer dia menos dia, Ricardo estará de regresso para se juntar aos filhos e à Clara que eles chamam de mãe! As coisas parecem estar bem encaminhadas para juntos na vida serem felizes.
Tenha um bom dia de Segunda-feira, com chuva, amiga Elvira.
Um abraço.
Quando não existe privacidade fica muita coisa (linda) por dizer!!
Entrelaces de intempéries e sonhos. [Poetizando e Encantando]
Beijos e um excelente semana.
Bonito de se ler. É uma história que nos traz paz e calor humano.
Muito bom.
Boa semana, Elvira.
Nossa!!
Estou como homem e, me coçando...
Boa semana pra todos.
Assim como ouviu o MÃE das crianças, poderá ouvir o AMOR por parte do pai.Resta-nos aguardar. Continuo gostando e aguardando os futuros acontecimentos.
Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.
Furtado
Aguardando as novidades desta história.
Abraço
O Natal aproxima-se a passos largos e a família tem de estar toda junta ;-)
Enviar um comentário