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29.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XLIII


Não, não é um barco que errou a sua vocação marítima, ou foi trazido numa tempestade.  É mesmo a Igreja de S, Francisco Xavier, no Restelo em Lisboa.


Findas as vinte e quatro horas, de observação, Tiago foi transferido para o quarto. Segundo os médicos, estava tudo a correr bem, mas o jovem continuava em coma. Clara passava junto dele todo o tempo que o hospital permitia. Lembrava coisas da sua infância, falava das crianças, da saudade que elas tinham dele, enfim de tudo o que se lembrava, e que pensava o podiam trazer de volta. Ricardo por seu turno levava e ia buscar os filhos à escola, deixando-os depois com Antónia, para se juntar à mulher no hospital, dando-lhe todo o apoio necessário para ela não desanimar. Não raras vezes, tinha que insistir com ela para que fosse ao bar comer qualquer coisa, pois estava a emagrecer a olhos vistos. Foi assim naquele dia, o sexto desde o acidente.
Depois de grande insistência de Ricardo, Clara saíra para comer alguma coisa, e ele sentara-se junto da cama, pegou na mão do jovem e começou a falar pausadamente.
-Sabes, hoje lá fora, brilha um sol radioso. Os dias já são bem maiores, estamos quase no verão.
Foi impressão sua, ou Tiago mexeu a mão?
Levantou-se, aproximou o rosto do paciente e acariciando-lhe o rosto falou ternamente perto do seu ouvido.
- Acorda, Tiago. Nós amamos-te muito, e estamos com muitas saudades. Volta para nós, Campeão. Por favor, dá-nos essa alegria.
Então lentamente o jovem abriu os olhos. Ricardo tocou imediatamente a campainha, e pouco depois uma enfermeira entrou no quarto. Viu que o jovem tinha recuperado embora parecesse estranho como se não soubesse o que se tinha passado.
- Ora bem, o nosso jovem acordou. Já era tempo, de voltar. Vamos ver como está, - disse pegando-lhe no pulso e olhando o relógio. Depois disse: - Vou ter que lhe fazer algumas perguntas, para ver se está tudo bem. Entende?
Ele fez um gesto afirmativo
-Consegue falar?
- Sim.
- E sabe onde está?
-No hospital – disse passeando o olhar pelo espaço
-Muito bem. - Colocou a mão na sua frente com o indicador erguido.-
- O que é que eu estou a fazer? - Perguntou correndo a mão de um lado ao outro para ver se o olhar do paciente seguia o movimento.
-Está a mostrar-me um dedo.
- Certo. E lembra-se do que lhe aconteceu?
-Fui atropelado.
-Muito bem.
Consultou a papeleta aos pés da cama, e acrescentou.
- Vou ter de comunicar com o médico. Precisa de alguma coisa?
-Água.
-Vou molhar-lhe os lábios. Por agora não, pode beber água. Acabou de sair do coma, podia engasgar-se. Dentro de uma hora já poderá beber.
A enfermeira saía quando Clara voltava. Ao ver o irmão acordado, chorou de alegria e emoção. Beijou o irmão e depois refugiou-se nos braços do marido que lhe disse ao ouvido:
-É melhor ires lá para fora, um bocadinho para te acalmares. O teu irmão não deve emocionar-se e ver-te assim não lhe faz bem nenhum.
As palavras dele tiveram o condão de a acalmar. Aceitou o lenço que lhe dava, enxugou as lágrimas e esboçou um sorriso.
Virou-se para o irmão e acariciou-lhe o rosto. Ele fechou os olhos.
- Tens dores?- Perguntou-lhe.
- Não. Mas sinto-me cansado e enjoado.
- Queres que vamos embora, para descansares?
- É melhor sim- respondeu a enfermeira que voltava. O médico já aí vem, o paciente vai ter que fazer alguns exames e precisa descansar.
Amanhã já estará bem melhor e podem então conversar.
Os dois despediram-se do doente, e saíram. Ricardo colocou o braço sobre os ombros da jovem e ela não se afastou. Pelo contrário enlaçou-lhe a cintura e assim enlaçados como um casal de namorados, encaminharam para o elevador.   -Gostaria de ir a uma igreja. Sabes se há por aqui perto, alguma? – Perguntou já no carro, quando ele pôs o veículo em marcha.
- A Igreja de S. Francisco Xavier fica próximo daqui. São dezoito horas, penso que ainda estará aberta. Vamos lá ver.
Minutos depois Ricardo estacionou o carro perto da igreja, junto de uma florista.  Entrou na loja enquanto Clara  entrava na igreja.
Pouco depois ajoelhou a seu lado e sussurrou entregando-lhe um ramo de rosas brancas.
- Supus que gostarias de oferecê-las à Virgem, - disse, sabendo por ela lhe ter dito anteriormente, que pedira a Nossa Senhora pelo irmão.
Oraram, durante alguns minutos, lado a lado, e depois ela levantou-se e foi depositar o ramo no altar da Virgem, persignou-se e encaminhou-se para a saída, seguida pelo “marido”.




14 comentários:

noname disse...

Já se pressente a reviravolta ;-)

Bom dia, Elvira

Maria João Brito de Sousa disse...

Tudo parece encaminhar-se no melhor dos sentidos, para este casal... :)

Outro abraço!

_ Gil António _ disse...

Boa tarde:- Será que consigo imaginar que as coisas vão mudar?
.
* Coração que nunca amou *
.
Cumprimentos poéticos.

Janita disse...

Como diz a canção brasileira...

Tudo está no seu lugar
Graças a Deus, graças a Deus
não devemos esquecer de dizer
Graças a Deus, graças a Deus.

A partir daqui só pode dar tudo certo
e haver felicidade para todos.
Assim fosse a vida real...

Um abraço e boa semana.

Edum@nes disse...

Segundo informou o médico, Tiago está reagindo de forma positiva à cirurgia.
Quanto ao amor de Clara por Ricardo e vice-versa. Parece que dia após dia está progredindo a passo cada vez mais acelerado?

Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Se não me enganar, está tudo encaminhado para um belo momento... Lol

Desfolhando memórias...
Beijos e uma excelente semana!

chica disse...

Maravilha...Ele acordou e o casal cada vez MAIS UNIDO...aDORANDO! BEIJOS PRAIANOS,CHICA

Os olhares da Gracinha! disse...

Preparando o nosso pensamento para mais um final feliz!!!
Bj

Tintinaine disse...

Como dizia o marinheiro, lá de cima do cesto da gávea, "Terra à Vista", assim digo eu agora, "Fim à Vista".
Adivinha-se que o fim está próximo e a novelista tanto pode optar por descrever-nos a noite de amor que aí vem, ou deixar adivinhar tudo sem dizer nada.

Meu Velho Baú disse...

Tudo indica para um final Feliz .....
Beijinho

Emília Pinto disse...

Querida Elvira, tenho andado um pouco ausente, mas sabes o motivo e tenho a certeza que entendes. Agora que a bebé fez um mês, a minha ajuda já não é tão necessária e com certeza tudo voltara ao normal. Fui ler os capitulos antigos para relembrar a história e agora fico à espera do final que me parece vai ser feliz. Pelas actividades que tens tido, de certeza que a saúde está boa e isso é o mais importante. Que assim continues, amiga, pois parar faz-nos mal. Um beijinho e até sempre.
Emilia

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida amiga Elvira!
Muito lindas a reviravolta do casal e a cura gota a gota do irmão!
Deus a abençoe muito!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Um episódio muito bonito com a sua narrativa sempre em crescendo.
Agora que Tiago recuperou do coma, tudo se encaminha para que Ricardo e Clara possam finalmente desfrutar do amor que os une.
Beijinhos e até amanhã.
Ailime

Gaja Maria disse...

Tudo vai ficar bem com todos eles. Adivinha_se um final feliz, certo?
Abraço ElvirA