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29.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XLIV







Quando chegaram a casa e deram a notícia a alegria foi geral. O comportamento educado e cordial do jovem, tornara-o benquisto não só das crianças, mas também dos restantes habitantes da quinta.
O jantar foi pois bem mais animado do que nos dias anteriores, com as crianças a quererem saber quando podiam ver o tio Tiago.
Depois do ritual, de deitar as crianças, e de os adormecer, lendo as histórias infantis, Clara desceu à biblioteca, onde Ricardo se recolhera, depois do jantar.
Encontrou-o de volta com os seus manuscritos. Aproximou-se da secretária.
- Estás muito ocupado? – Perguntou.
- Não,- respondeu sem saber o que ela poderia querer naquela altura. Não tinham voltado a falar deles nem dos seus sentimentos, apesar de por todos os meios ao seu alcance, ele lhe ter demonstrado o que ela representava para ele. Mas Ricardo pensava que esse era um assunto para ser tratado depois da recuperação do cunhado. Não queria que Clara pensasse que ele se estava a aproveitar da sua vulnerabilidade.
-Quero que saibas uma coisa. Não foi só pelo Tiago que quis ir à igreja.
-Não? – Interrogou arqueando o sobrolho.
-Foi também para agradecer a Nossa Senhora de quem sou devota, por te ter trazido para as nossas vidas. O que fizeste por mim nestes seis dias foi incrível. A tua preocupação, o teu apoio, o respeito pelo meu sofrimento, o teu carinho, ter-me-iam dado volta à cabeça se eu não estivesse já apaixonada por ti.
Ele levantou-se e aproximando-se abraçou-a, atraindo o corpo feminino ao seu.
- Se alguém tem que agradecer, sou eu, querida. Estava morto para o amor, e provavelmente assim estaria o resto da vida se não respondesses aquele bendito anúncio. O que fiz não foi nada, comparado com o que gostaria de ter feito, para minimizar o teu sofrimento. Porque a única coisa que eu desejo é fazer-te feliz.
- E tudo isso porque me admiras e desejas, - disse ela com tristeza.
-Não, meu amor. Tudo isso porque te amo e desejo partilhar contigo, sonhos e projetos, alegrias e tristezas, - disse mergulhando o seu olhar nos olhos que o perscrutavam ansiosos. - É verdade, podes crer. Na verdade, creio que te amei desde que te conheci. Admirava-te, e emocionavas-me, mas eu estava muito ferido e sabes o que diz o povo, “Gato escaldado de água fria tem medo”
Depois no Afeganistão, as mensagens que recebia tuas, davam-me alento e faziam-me sonhar com um futuro em conjunto, mas, pensava eu, baseado na amizade, companheirismo e admiração. Mais tarde já de regresso comecei a sonhar com o teu corpo mas ainda assim não liguei o meu desejo à paixão e ao amor.
-E então, quando descobriste a verdade dos teus sentimentos?
- Naquela noite em que dormimos juntos. Quando adormeceste, confiadamente junto a mim, comecei a pensar. Meu Deus, não havia nada no mundo que eu quisesse mais do que fazer amor contigo. E no entanto ali estava eu, deitado contigo na mesma cama, com o teu corpo junto ao meu, feliz da vida por ter conseguido aquietar o teu coração, e feito com que descansasses. Na sociedade hedonista em que vivemos, totalmente virada para o prazer, pelo prazer, aquele sentimento, aquele desejo de te fazer feliz, aquela paz que sentia naquele momento, não podia ser apenas desejo sexual. Tinha que ser algo muito maior, que só por cegueira eu ainda não tinha compreendido. Amor.
Feliz, ela enlaçou-lhe o pescoço e ofereceu-lhe os lábios para um primeiro beijo amoroso.
Depois apagaram a luz, e de dedos entrelaçados, subiram as escadas, rumo ao quarto. 
Mais tarde ela murmurou:
-Meu Deus, é mesmo verdade!
-O quê?- Perguntou curioso.
-Os sinos, a explosão de cores, tudo.
Ele riu-se. E perguntou por sua vez:
- Tens noção do que me fizeste? 
- Não tenho grande experiência. Fui muito má?  - Perguntou insegura.
- Má? Foste maravilhosa. Tão assim que estou com uma vontade enorme de repetir, - disse atraindo-a para juntar o seu corpo  ao dela.
E de novo se perderam nos encantos da ancestral dança do amor.
Horas mais tarde, aquietados os corpos, ela perguntou num sussurro:
-O que vamos dizer amanhã às crianças, quando descobrirem que dormimos juntos?
- Que o pai e a mãe se amam e as pessoas que se amam dormem juntas,- respondeu-lhe entre beijos.
-Temos que ser mais criativos do que isso, ou eles vão dizer que também nos amam e querer dormir connosco.
-Mau. Isso não pode ser, - disse rindo. Bom amanhã inventamos alguma coisa, mas agora não, querida. É quase manhã estamos os dois a precisar descansar um pouco antes que eles acordem.


Parece que acabou? Mas ainda não. Vamos ver o que nos reserva  o último capitulo.

16 comentários:

noname disse...

eheheh mistério até ao fim.

Bom soninho, Elvira

chica disse...

Só pode vir coisa boa como surpresa...Ela engravidou dele na primeira...Vão ser felizes! beijos praianos,chica

Sandra May disse...

Conduzisse com maestria a tua novela. Adorei acompanhar e me colocar um pouquinho no lugar de Clara.Aguardando ansiosamente o último capítulo.
Bjs

Ansiosa pelo últim pitulo

Pedro Coimbra disse...

Curioso para ver o que aí vem...
Abraço

Cantinho da Gaiata disse...

Para o penúltimo capítulo está maravilhoso, finalmente se entenderam e o Cúpido falou mais alto.
Beijinho grande.

Os olhares da Gracinha! disse...

Virão mais surpresas? Bj

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
A ansiedade continua .
Um mérito da autora .
JAFR

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Aguardo, então, o último capítulo.

Abraço e uma excelente semana, Elvira.

Tintinaine disse...

Eu estou pronto para tudo. Siga o baile!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou curioso e fico à espera da continuação.
Um abraço e uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Anete disse...


O romance está indo bem demais, quase terminando e deixando mensagens de amor leal...
Um bom dia, Elvira! O meu carinho...

Edum@nes disse...

Encigueirados num abraço ternurento. Tão apaixonados que estão um pelo outro. Só a morte os separará?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Custou mas foi... Lol. Como nada acontece por acaso, por vezes é nas"infelicidades" que se encontram respostas!! Amei o episódio!

Beijos e um excelente dia!

Larissa Santos disse...

Ai como e adoro histórias que terminam em amor, kkk :))

Bjos
Votos de uma óptima terça-Feira

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Maravilhoso episódio tão bem escrito e cativante.
Adorei.
Beijinhos,
Ailime