Antes do almoço, Odete telefonou à mãe, querendo saber como se encontrava, e informando que só iria vê-la no dia seguinte, pois estava em viagem com o marido.
- Acalma-te. Já te disse que a
tua mãe está em boas mãos. Já falaste com o teu pai?
- Já. Mas não lhe falei da
gravidade do estado dela. É melhor dizer-lhe quando chegar, talvez amanhã à noite, ou na segunda.
Tive receio de que ficasse nervoso e tivesse algum acidente.
- Vamos almoçar. Não deves ter comido bem nos últimos tempos, estás mais magra. Não ajudas em nada a tua mãe se adoeceres.
- Vamos almoçar. Não deves ter comido bem nos últimos tempos, estás mais magra. Não ajudas em nada a tua mãe se adoeceres.
A sua voz, soou calma, quase
carinhosa, e a jovem não pode deixar de recordar o dom que ele tinha de a
acalmar e lhe transmitir segurança, quando andava mais nervosa, por causa dos
estudos. Que se passava com ele? Porque não pedira o divórcio? Se amava Inês
porque estava sozinho? E porque a obrigara a voltar para casa? Pensaria ele que
com a sua volta, salvaria o casamento? Na cabeça de Odete havia um mar de interrogações.
E no coração continuava cravado o espinho da traição. Terminou o almoço quase
sem dar por isso, tão embrenhada estava nos seus pensamentos.
Finda a refeição, voltaram para
o carro. O sol brilhava lá no alto, o calor fazia-se sentir impiedoso. Odete voltou
a pensar na mãe. Aquele calor cansava a mais saudável das pessoas, quanto mais
a debilitada senhora.
Já no carro, em direção a
Aveiro, ela resolveu que devia informar o marido, das suas intenções futuras.
- Quero que saibas que o ter
voltado para casa, não me obriga a estar nela todo o tempo. Vou começar a
procurar trabalho, não tenho paciência para levar todo o dia armada em fada do
lar.
- Nem há necessidade disso. Adélia,
a empregada é muito competente, trata da casa com esmero. Tem trabalhado só meio -dia mas pode passar a trabalhar todo o dia. Tenho a certeza de que ela não se importará. E se queres trabalhar,
porque não? Nunca restringi a tua liberdade, não será agora que vou fazê-lo.
Odete soltou uma gargalhada
forçada.
- Obrigas-me a viver debaixo do
mesmo teto que tu. E dizes que sou livre? Estranha noção de liberdade a tua.
- Como obrigo-te? A decisão foi
tua.
- Chantageaste-me.
O rosto masculino empalideceu. Não
respondeu. Não podia censurá-la, se ele próprio não se sentia bem com o que
fazia. Mas tinha uma desculpa. Amava-a, e queria-a de volta. Afinal sempre
ouvira dizer que no amor e na guerra, todas as armas são legítimas. E ele
lutaria com aquelas que lhe fossem mais favoráveis. O único receio que tinha,
era de que naqueles anos de ausência ela se tivesse interessado por outro homem
mais jovem. Os dez anos que os separavam sempre o incomodaram.
O resto da viagem decorreu em
silêncio, concentrados que estavam nos seus pensamentos, cada um tentando adivinhar e analisar o que o outro sentia.
19 comentários:
Boa tarde, amiga Elvira.
Passando para ler mais um pouco da bela historia, vou ter que esperar muito pelo post que eles iram falar sobre o que levou a Odete a sair de casa, a amiga vai fazer render o peixe...hehehe.
Bj ternurento
Ele está a começar a ver que também agiu mal em chantagear Odete. Vamos a ver até onde vai esta dureza.
Hoje:- Âmago em transparências
.
Bjos
Votos de uma boa Terça - Feira.
Há-de chegar a altura de eles se abrirem e dizerem tudo aquilo que agora calam. Não há um ditado que diz que é a falar que a gente se entende? Pois, aí está!
Odete continua obcecada de que João a traiu com Inês. Enquanto ela não tiver a certeza de que essa traição não existe. O ciúme não a deixa acreditar na sinceridade de João, se é que de facto ele não atraiu?
Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.
Tá enrolada a coisa..Ainda não sei o que pensar...Tu és danadinha, Elvira!rsbjs, chica
Uma boa conversa vai aproximá-los!bj
Se no capítulo anterior a secura dele me aborreceu, aqui é ela que me está a fazer nervos!!
Tanta insegurança..."se ele ama Inês", isto e aquilo. Bolas! Se o homem tivesse outra mulher andaria com a ela a tiracolo, para lá e para cá e queria-a em casa, para quê?
Bem... ou isto se desenrola ou vou ficar à espera de melhores novas, Elvira.
Um abraço
Hora de medir forças. Vamos ver o que dá :-)
Beijinho
E a intriga adensa-se!
Beijinhos
Demorei a colocar a leitura em dia, mas não me arrependo, porque a trama me envolveu e estou ansioso por descortinar o epílogo.
Cumps
Os meandros da historia ao rubro
Bjs
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/
Tanta dúvida de parte a parte... O melhor seria abrirem ambos o jogo, não?
Mais um episódio sem grandes sobressaltos. Odete podia ir directa ao assunto por qual a fez sair de casa...
Beijos. Boa noite
Enfrentar a fúria de uma mulher é mais complicado que enfrentar uma tempestade.
Abraço
Estou a ver que o Romance vai ter muito que contar
Estou a gostar muito :))
Beijinhos
Boa tarde Elvira,
Estão a começar a abrir o "jogo"!
Vamos ver...
Beijinhos,
Ailime
Não vejo a hora deles externarem esse forte amor que ambos sentem um pelo outro.
Abraços afetuosos!
Interessante, vamos seguindo.
Porque é que não falam?
Nisto os dois são iguais!
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