Uma hora mais tarde passeavam junto à ria. Não como um casal, mas como dois amigos conversando serenamente. Como se ambos tivessem feito um pacto secreto de passar aquele fim-de-semana em paz e harmonia. A jovem que não conhecia a cidade estava encantada, e o marido estava contente por vê-la feliz. No seu coração, morava a esperança de que, se ela se sentisse feliz, não voltaria a abandoná-lo, quando a sua mãe já estivesse curada.
- Queres dar um passeio pela
ria?- Perguntou
Ela fitou-o. Não precisou responder, os seus
olhos eram demasiado expressivos.
Ele pegou-lhe pela mão e
puxou-a para o cais, mesmo em frente do belíssimo edifício do Museu Arte Nova, onde
se encontravam os moliceiros, uns barcos muito bonitos, cheios de cor, que
outrora eram utilizados na apanha do moliço.(1) Com as obras de reconstrução
da ria, o moliço quase desapareceu, e o pouco que restou é essencial à vida da
mesma. Os barcos foram então adaptados ao turismo, e esses passeios são agora o
sustento dos antigos apanhadores de moliço.
Entraram num dos barcos, já com
meia dúzia de turistas, prontos para o passeio. Embalada pela beleza da
paisagem, ou talvez porque tenha reparado no olhar intenso com que uma mulher
atraente, brindara o seu marido, Odete encostou a cabeça no peito dele, que
respondeu apertando um pouco o seu corpo de encontro ao dela.
Durante o passeio, ao mesmo
tempo que admiravam da ria, o belo casario que se estende ao longo do canal,
todos eles, foram brindados com a prova das raivas, um biscoito fino e crocante,
com sabor a canela, enrolado à mão, uma especialidade da terra, e uma tentação
dos deuses.
Quando o moliceiro regressou ao
cais de partida, ambos sentiram que o passeio tinha sido demasiado curto. Era
como se tivessem voltado atrás no tempo à época em que eram um casal que se
amava e respirava felicidade.
Odete estava entusiasmada,
queria ver tudo, e João logo prometeu que voltariam depois do jantar. Era verão
as noites estavam quentes, apetecia passear, e depois, à noite, a ria
transformava-se num imenso espelho, onde a margem se reflete, exibindo vaidosa
luzes e sombras. Porém agora eram horas de regressar. As duas idosas, eram
rigorosas com a hora do jantar.
1) Moliço, nome dado ao conjunto de algas e outras plantas marinhas, que era depois usado para adubar as terras.
1) Moliço, nome dado ao conjunto de algas e outras plantas marinhas, que era depois usado para adubar as terras.
19 comentários:
É mesmo uma linda cidade :-)
Vamos ver o que lhes traz a noite :-))
Boa tarde, Elvira
Tinha que ser a Minha Cidade de Aveiro. Lindo... Amei este capitulo!!
Beijinhos
Tão bem descrito que até eu passeei com eles!bj
Gostei de passear com eles...Não entendi o biscoito das raivas...Que nome para um biscoito,rs...bjs,. chica ( Fui no google e pesquisei,.Devem ser bons!!!)
Vá lá, hoje foi menos tenso :)) Adorei
Hoje:- Mãos entrelaçadas... Amor sentido...
.
Bjos
Votos de uma boa Quarta-Feira
Gostei deste episódio, vamos ver o passeio da noite.
Bjs
Um bonito passeio de 'namorados' que é, simultâneamente, uma alegoria à linda cidade de Aveiro e à beleza da sua Ria.
Siga a história.
O fim já está à vista...
...E que bela vista!!
:)
Passeando no moliceiro. Juntos Odete e João, se sentiam felizes, lá na ria de Aveiro!
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.
Estive a passear em Aveiro o verão passado. É de facto lindo :)
Estou há muitos anos a dever uma visita a amigos que vivem em Aveiro.
Uma cidade encantadora.
Abraço
bom dia
Os protagonistas estão a começar a entender-se , até porque o doutor está a usar uma estratégia muito especial para reconquistar a sua amada , e com certeza quando numa conversa mais intima se esclarecerem as coisas vai ser muito romântico.
Gosto muito de Aveiro que é uma linda cidade , mas confesso que a Costa Nova ali ao lado me deixa fascinado com aquelas casinhas pintadas de uma forma especial e comer um robalinho grelhado na esplanada de um restaurante junto á ria em dia de sol ,é algo que não se pode perder.
JAFR
Não conheço in-locco Aveiro, mas dizem ser uma cidade muito bonita. Um dia visitarei. Gostei demais de ler.
.
* Se te amar for pecado ... Então sou um Pecador *
.
Cumprimentos poéticos
Gosto imenso de Aveiro e os barcos são de facto o ex-libris da região. Nunca andei em nenhum.
Beijos
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Aveiro uma cidade encantadora e com bastantes edifícios em estilo arte nova.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Boa tarde Elvira,
Um capítulo lindo com o casal, sereno, a passear.
Aprecio muito os seus apontamentos explicativos.
Beijinhos,
Ailime
Amei esse capítulo cheio de serenidade entre eles.
Beijos!
Legal, bom passeio.
Gostei do passeio :)
Enviar um comentário