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13.3.18

A TRAIÇÃO - PARTE XVII




Antes do almoço, Odete telefonou à mãe, querendo saber como se encontrava, e informando que só iria vê-la no dia seguinte, pois estava em viagem com o marido.
- Acalma-te. Já te disse que a tua mãe está em boas mãos. Já falaste com o teu pai?
- Já. Mas não lhe falei da gravidade do estado dela. É melhor dizer-lhe quando chegar, talvez amanhã à noite, ou na segunda. Tive receio de que ficasse nervoso e tivesse algum acidente. 
-  Vamos almoçar. Não deves ter comido bem nos últimos tempos, estás mais magra. Não ajudas em nada a tua mãe se adoeceres.
A sua voz, soou calma, quase carinhosa, e a jovem não pode deixar de recordar o dom que ele tinha de a acalmar e lhe transmitir segurança, quando andava mais nervosa, por causa dos estudos. Que se passava com ele? Porque não pedira o divórcio? Se amava Inês porque estava sozinho? E porque a obrigara a voltar para casa? Pensaria ele que com a sua volta, salvaria o casamento? Na cabeça de Odete havia um mar de interrogações. E no coração continuava cravado o espinho da traição. Terminou o almoço quase sem dar por isso, tão embrenhada estava nos seus pensamentos.
Finda a refeição, voltaram para o carro. O sol brilhava lá no alto, o calor fazia-se sentir impiedoso. Odete voltou a pensar na mãe. Aquele calor cansava a mais saudável das pessoas, quanto mais a debilitada senhora.
Já no carro, em direção a Aveiro, ela resolveu que devia informar o marido, das suas intenções futuras.
- Quero que saibas que o ter voltado para casa, não me obriga a estar nela todo o tempo. Vou começar a procurar trabalho, não tenho paciência para levar todo o dia armada em fada do lar.
- Nem há necessidade disso. Adélia, a empregada é muito competente, trata da casa com esmero. Tem trabalhado só meio -dia mas pode passar a trabalhar todo o dia. Tenho a certeza de que ela não se importará. E se queres trabalhar, porque não? Nunca restringi a tua liberdade, não será agora que vou fazê-lo.
Odete soltou uma gargalhada forçada.
- Obrigas-me a viver debaixo do mesmo teto que tu. E dizes que sou livre? Estranha noção de liberdade a tua.
- Como obrigo-te? A decisão foi tua.
- Chantageaste-me.
O rosto masculino empalideceu. Não respondeu. Não podia censurá-la, se ele próprio não se sentia bem com o que fazia. Mas tinha uma desculpa. Amava-a, e queria-a de volta. Afinal sempre ouvira dizer que no amor e na guerra, todas as armas são legítimas. E ele lutaria com aquelas que lhe fossem mais favoráveis. O único receio que tinha, era de que naqueles anos de ausência ela se tivesse interessado por outro homem mais jovem. Os dez anos que os separavam sempre o incomodaram.
O resto da viagem decorreu em silêncio, concentrados que estavam nos seus pensamentos, cada um tentando adivinhar e analisar o que o outro sentia.


19 comentários:

Cantinho da Gaiata disse...

Boa tarde, amiga Elvira.
Passando para ler mais um pouco da bela historia, vou ter que esperar muito pelo post que eles iram falar sobre o que levou a Odete a sair de casa, a amiga vai fazer render o peixe...hehehe.
Bj ternurento

Larissa Santos disse...

Ele está a começar a ver que também agiu mal em chantagear Odete. Vamos a ver até onde vai esta dureza.

Hoje:- Âmago em transparências
.
Bjos
Votos de uma boa Terça - Feira.

Tintinaine disse...

Há-de chegar a altura de eles se abrirem e dizerem tudo aquilo que agora calam. Não há um ditado que diz que é a falar que a gente se entende? Pois, aí está!

Edum@nes disse...

Odete continua obcecada de que João a traiu com Inês. Enquanto ela não tiver a certeza de que essa traição não existe. O ciúme não a deixa acreditar na sinceridade de João, se é que de facto ele não atraiu?
Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.

chica disse...

Tá enrolada a coisa..Ainda não sei o que pensar...Tu és danadinha, Elvira!rsbjs, chica

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma boa conversa vai aproximá-los!bj

Janita disse...

Se no capítulo anterior a secura dele me aborreceu, aqui é ela que me está a fazer nervos!!
Tanta insegurança..."se ele ama Inês", isto e aquilo. Bolas! Se o homem tivesse outra mulher andaria com a ela a tiracolo, para lá e para cá e queria-a em casa, para quê?
Bem... ou isto se desenrola ou vou ficar à espera de melhores novas, Elvira.

Um abraço

noname disse...

Hora de medir forças. Vamos ver o que dá :-)

Beijinho

O meu pensamento viaja disse...

E a intriga adensa-se!
Beijinhos

José Lopes disse...

Demorei a colocar a leitura em dia, mas não me arrependo, porque a trama me envolveu e estou ansioso por descortinar o epílogo.
Cumps

Kique disse...

Os meandros da historia ao rubro
Bjs

https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/

Gaja Maria disse...

Tanta dúvida de parte a parte... O melhor seria abrirem ambos o jogo, não?

Cidália Ferreira disse...

Mais um episódio sem grandes sobressaltos. Odete podia ir directa ao assunto por qual a fez sair de casa...

Beijos. Boa noite

Pedro Coimbra disse...

Enfrentar a fúria de uma mulher é mais complicado que enfrentar uma tempestade.
Abraço

Meu Velho Baú disse...

Estou a ver que o Romance vai ter muito que contar
Estou a gostar muito :))
Beijinhos

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Estão a começar a abrir o "jogo"!
Vamos ver...
Beijinhos,
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Não vejo a hora deles externarem esse forte amor que ambos sentem um pelo outro.
Abraços afetuosos!

Andre Mansim disse...

Interessante, vamos seguindo.

redonda disse...

Porque é que não falam?
Nisto os dois são iguais!