“Deve
ter adormecido de cansaço” pensou pousando os sacos em cima da mesa.
Aproximou-se e tocou-lhe ao de leve no rosto. A jovem acordou assustada.
-
Deixei-me dormir- disse, em voz baixa, como quem pede desculpa
-
Eu vi,- disse ele sorrindo. E acrescentou:
-São
horas de jantar, a pizza espera por nós. Separou dois sacos e estendeu-lhos.
-
São para si. E pegando nos restantes dirigiu-se à cozinha sem esperar sequer um
agradecimento. A jovem foi para o quarto e despejou os sacos em cima da cama.
Olhou a roupa, e pela primeira vez esboçou um leve sorriso.
Depois
dirigiu-se à cozinha onde Miguel acabara de pôr a mesa, e se preparava para
abrir a caixa da pizza.
-
Obrigado.
-
Não vai passar a vida a agradecer-me pois não? Pense que eu sou seu pai, e como
tal compete-me cuidar de si.
Foi
ilusão sua, ou a jovem empalidecera? Preocupado perguntou:
-Que
foi? Disse alguma coisa que não devia? Ou lembrou-se de algo? Parece que ficou
perturbada.
-
Não foi nada, disse a jovem sentando-se. Um leve arrepio, mas já passou.
Miguel não insistiu. Limitou-se a partir e a
servir a pizza, que comeram em silêncio. Terminado o jantar, a jovem lavou a
loiça e Miguel enxugou-a e arrumou-a no sítio.
Depois, apontando um saco, junto à porta que dava para o quintal, disse:
-Nesse
saco, está o detergente que pediu. E também um copo, uma escova e a pasta de dentes.
Se precisar de algo mais, terá que me dizer, e amanhã compro. Nunca tive uma mulher
em casa, não sei bem que coisas costumam usar.
Calou-se. Se esperava algum comentário, não o recebeu. Retomou o monólogo.
- Hoje é Segunda-feira, e às Segundas, é noite de tertúlia com os amigos. Quando quiser pode deitar-se. Não precisa esperar por mim, não sei a que horas, volto. O quarto tem chave, pode fechar a porta por dentro.
Calou-se. Se esperava algum comentário, não o recebeu. Retomou o monólogo.
- Hoje é Segunda-feira, e às Segundas, é noite de tertúlia com os amigos. Quando quiser pode deitar-se. Não precisa esperar por mim, não sei a que horas, volto. O quarto tem chave, pode fechar a porta por dentro.
A
jovem mantinha-se calada, o que levou o homem a perguntar:
Ouviu
o que eu disse?
Fez um aceno afirmativo.
-Então
boa noite. Durma bem.
Boa
noite Miguel- retorquiu docemente.