Mais tarde, Isabel dava o almoço à sobrinha. Matilde era
uma bebé de quinze meses, grandes olhos cinzentos, provavelmente herança
paterna, já que na sua família todos tinham olhos castanhos. Também o cabelo
preto era diferente do cabelo da mãe da mãe e do seu, ambos, castanho-claro quase do tom do mel. No
resto, a boca, o narizito arrebitado era semelhante à mãe. Que saudades, Isabel
tinha da irmã, que se suicidara dez meses antes, deixando a menina então com
cinco meses a seu cargo.
Susana nunca fora
psicologicamente muito forte. Desde menina nunca soube gerir as suas emoções,
parecendo viver em constante conflito com o mundo inteiro, e com ela própria. Quando se
apaixonara, parecia estar mais forte, mas o descobrir que não passara de uma
aventura para o homem que amava, acabara por derrubá-la e entrou em depressão, que se agravara após o parto. Isabel cansara de insistir para que procurasse
ajuda especializada, mas Susana sempre se escusara. Até ao dia em que tomou a
trágica decisão de acabar com a vida.
Nesse dia, dissera-lhe que ia ter uma consulta, pediu-lhe
para cuidar da sua filha e saiu. Quando mais tarde, ela fora ao seu quarto vira em cima da cómoda aquela carta.
Lera-a tantas vezes que a sabia de cor.
“Isabel vou sair daqui a pouco para não voltar. A vida para mim nunca fez sentido e hoje mais do que nunca, sinto que não é aqui o meu lugar. Deixo-te a Matilde. Sei que a amas muito. Na verdade desde que ela nasceu, tu foste muito mais a sua mãe do que eu. E é o imenso amor que sentes por ela, que a salva, pois o meu vontade, era levá-la comigo. Na cómoda do meu quarto está a sua certidão de nascimento. Registei-a com o nome do pai, e peço-te que logo que possas, faças com que se conheçam. Não lhe digas mal dele. Eu não lhe tenho rancor. Apesar de tudo, o tempo que passei com ele, foi o mais feliz da minha vida. Perdoa-me minha irmã, se te faço sofrer, mas acredita que a minha partida, será o melhor para ti e para a Matilde. Eu nunca seria capaz de a amar como tu.
Susana”
Quando acabou de ler a carta, ficou desesperada. Bateu à porta da vizinha, pedindo-lhe se tomava conta da bebé e saiu desaustinada para
a rua tentando encontrar a irmã. Procurou nos arredores, telefonou a amigos.
Debalde. Ninguém a tinha visto.
Regressou a casa, desalentada. Recriminava-se por não ter
insistido mais com a irmã para procurar ajuda médica. A firma onde trabalhava
como secretária há quase seis anos ia entrar em falência e ela estava
preocupada com a certeza do desemprego que a esperava. Depois chegava a casa e
tinha de cuidar da sobrinha de cinco meses, pois a irmã passava os dias na
cama, e não ligava nenhuma à filha, que ia crescendo de boa saúde graças aos
cuidados dela e de Natália, a vizinha que cuidava da menina enquanto ela estava
no trabalho.
Não fora isso, e talvez ela se tivesse apercebido do
abismo onde a irmã tinha caído.
-Mãe, não …
-Não queres comer mais, meu amor?
-Não – disse a criança, reforçando a palavra com um gesto negativo
da cabeça.
Hoje não houve tempo para visitas. Passei o dia em Lisboa, entre tratar de documentos, ir ver o cunhado (Que teve um AVC) ao hospital e levar horas retida por causa da greve dos barcos foi um dia complicado.
Hoje não houve tempo para visitas. Passei o dia em Lisboa, entre tratar de documentos, ir ver o cunhado (Que teve um AVC) ao hospital e levar horas retida por causa da greve dos barcos foi um dia complicado.
26 comentários:
Espero que o seu cunhado se restabeleça rápida e completamente.
Abraço
Bom dia
Um episodio sem duvida comovente , que infelizmente é o pão nosso de cada dia .
As melhoras para si e o seu cunhado .
JAFR
Que tudo corra bem para o seu cunhado... as suas melhoras... e mais um interessante capítulo... Bj
Desejo as rápidas melhoras do seu cunhado, Elvira.
Cá voltarei amanhã para acompanhar o próximo episódio.
Abraço,
Maria João
Estou a gostar e desejo as melhoras do cunhado.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Uma carta impressionante e que situação! Sobrará a linda p pequena! Estou gostando muito! Bjs e b o s sorte pra todos aí! Chica
Hola Elvira, acabo de leer el relato y me parece una situación un tanto triste, ojalá tenga un buen final, de historias traumáticas, por desgracia está en mundo lleno.
Te dejo un abrazo y mi gratitud
Pelo que li pareceu-me que se trata de um "original" ainda a ser escrito ou recentemente acabado. (?) Será, Elvira ?...
Um "mau começo", muito bem escrito e contado, que já começa a prender o leitor !
Abraço e as melhoras, suas e do seu cunhado, Elvira.
Uma narrativa trágica e impressionante...
Vamos adiante para ver como os fatos prosseguirão...
Um abraço p você, Elvira, e muita paz e força no coração...
Vidas.... será que algum dia vão ter com o pai da Criança? Se calhar, seria melhor não...!~
As melhoras para o seu Cunhado!
Na longitude da lua, constroem-se teias
Beijos e um excelente dia!
Sigo lendo e meditando nesta trama que, afinal, é o espelho da vida de muita gente.
Não a visito para que me visite, Elvira, venho porque gosto, pelo que, pela minha parte, não vejo necessidade de dar explicações.
Desejo as rápidas melhoras desse seu familiar.
Um abraço.
O suicídio está cada vez mais na moda. Quando alguém chega ao fim da picada e não encontra qualquer saída ... salta da falésia e ... fim da história.
Aqui o que interessa é a criança e vamos ver que futuro a nossa novelista lhe reserva.
As melhoras para o cunhado!
Senti vontade de chorar quando Isabel leu a carta. Infelizmente o suicídio e uma realidade. Triste realidade.
Estimo as melhoras do seu cunhado, que ele se restabeleça em breve.
Um abraço e fiquem com Deus!
Obs: estou lendo José Saramago, "Ensaio sobre a cegueira". Maravilhoso!
Muito comovente vou seguir com muito entusiasmo
As melhoras do seu cunhado
Beijinhos
Estou a acompanhar e a gostar, quero ver como vai ficar a Matilde.
As melhoras para o seu cunhado!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Adorei amiga. Andei a pôr a escrita em dia, a ler os atrasados claro. As melhoras do seu cunhado e para a amiga, um grande beijos e votos de tudo a correr bem.
Ah! E aquele condão, que a amiga Elvira tem, de nos agarrar à escrita. Fico sempre curiosa pelo próximo capítulo. Beijinhos
Tudo a correr bem. Que o cunhado recupere e a saúde volte à família.
Abraço
Arrepiante e ao mesmo tempo emocionante!
As melhoras do cunhado.
Uma boa recuperação aí para esses lados.
Abraço Elvira
Toda a pessoa que resolve pôr fim à sua própria vida, será um acto de coragem?De desespero, ou medo de não ser capaz de enfrentar a vida até à morte natural?
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço. Desejo as melhoras de seu cunhado.
mais um interessante capitulo desta historia
As melhoras ao cunhado
Bjs
Kique
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Boa tarde Elvira,
Uma história, mas como existem tantos casos reais semelhantes!
Desejo as melhoras do seu cunhado.
Um beijinho.
Ailime
Olá, Elvira!
Continuo encantada com a história. A carta da Susana para a Isabel, bem...
As melhoras do familiar.
Beijo.
Boa noite, querida amiga Elvira!
A crianca cresce e sempre ha algum familiar que cuide. Ainda bem!
Demoro a vir, mas quero ver o fim.
Tenha dias felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Cada vez mais empolgada e presa a essa bela história!
Beijos!
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