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24.5.19

UM PRESENTE INESPERADO - PARTE IV



Passou a mão pela testa, tentando afastar os pensamentos dolorosos. A vizinha tinha razão, ela devia entrar em contacto com o pai da criança. Afinal era isso que a irmã desejava que ela fizesse. Mas… e se ele lhe quisesse tirar a menina? Ela morreria de dor. Matilde era muito mais que sua sobrinha.
Tinha quase trinta e três anos, e o único namorado que tivera, acabara o namoro quando a sua mãe morreu e ela assumiu a responsabilidade de acabar de criar a irmã. Ele não estava disposto a começar uma vida com tal encargo. Depois disso, dedicara-se por completo à irmã, e depois à sobrinha. Acreditava que lhe queria tanto como se fosse sua filha. Por isso a criança lhe chamava mãe. Na verdade nunca conhecera outra.
Mas será que ele ia querer saber duma criança fruto de uma aventura passageira? E se lhe escrevesse uma carta e lhe mandasse a cópia da certidão de nascimento da menina? Assim era melhor, se não obtivesse resposta à carta, era sinal que ele não se interessava e pronto, assunto arrumado.
Ouviu o sinal de que a máquina acabara de lavar. Levantou-se e foi estender a roupa. Logo de seguida, ouviu a criança a chamar, e foi tirá-la da cama. Levou-a para a cozinha e deu-lhe o lanche. Depois mudou-lhe a roupa, e a criança riu feliz e bateu as palmas, quando lhe disse que iam ao parque.
Pôs no saco um biberão com água, colocou e prendeu a menina no carrinho, deu-lhe o seu peluche preferido, pegou na mala, nas chaves e saiu. Tocou a campainha do andar em frente e uns segundos depois a vizinha abria a porta.
- Vou ao parque com a Matilde. Quer vir connosco?
-Se esperar uns minutos, enquanto calço uns sapatos, e dou uma penteadela ao cabelo, vou.
-Claro que esperamos.
De facto, Natália, não demorou mais do que dois minutos a voltar. Fechou a porta e as duas saíram do prédio e encaminharam-se para o parque que ficava muito perto. No seu carrinho, Matilde palrava num alegre conversa com o seu peluche. Ficava sempre radiante quando ia ao parque. Gostava de andar de baloiço, e de atirar pedacinhos de pão para o lago. Ria alto e batia palmas sempre que algum dos patos apanhava o pão.
Tinha começado a andar há pouco tempo, ainda não conseguia dar mais que três quatro passos sozinha, mas agarrada aos móveis corria a casa toda. Também palrava imenso, mas palavras, dizia poucas. Pronunciava bem, mãe, e não. Depois havia outras palavras, que não sendo corretas se entendiam perfeitamente. " vó Taia” para chamar Natália, “Bias” o seu peluche preferido Tobias, (ão ão), cão (áua) água. As duas mulheres, tal como todas as mães e avós sorriam enlevadas a cada nova gracinha da bebé.

21 comentários:

noname disse...

Esta história, promete e, eu, prometo segui-la :-)

Boa noite Elvira

Pedro Coimbra disse...

As minha filhas começaram por dizer papá.
Se calhar era papa mas eu prefiro que seja papá... :))))
Bfds

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Que episodio mais ternurento !!
JAFR

Isabel disse...

já não passo todos os dias sem vir ler mais um bocadinho deste enredo delicioso.
Grata pela partilha

Anónimo disse...

Passando para acompanhar este quarto capítulo, deixo-lhe o abraço de sempre, amiga Elvira.

Maria João

chica disse...

Uma delicia de momentos aqui narrados...Coisa boa de ler! beijos, chica

Isa Sá disse...

a acompanhar a história.


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar minha amiga.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais um belo momento de leitura... Bj

rosa-branca disse...

Olá amiga, este já marchou. Que venha outro. Adorei amiga. Beijinhos

Anete disse...


Lendo mais dois capítulos e gostando...
Vamos adiante...
Bom fim de semana... Bjs

Larissa Santos disse...

Mais um bonito episódio. Ela irá superar as dificuldades. :))

Hoje:-Quero-te tanto...Quero-te, porque sim. [Poetizando e Encantando]

Bjos
Votos de uma óptima Sexta - Feira

Janita disse...

Lidos estes dois últimos episódios, sigo atentamente o desenrolar da história, torcendo para que a Isabel consiga o trabalho que tanto precisa.

Bom fim de semana e desejo as melhoras dos seus familiares doentes, Elvira. Sem a esquecer, também, a si, claro.

Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Quando começam a falar só quem lida com eles é que os entende. Não sei se ela fará bem em ir à procura do Pai! Antevejo outro problema!!

Olho além, numa visão de muita saudade (POETIZANDO)
Beijos e bom fim de semana.

Gaja Maria disse...

Tudo tranquilo de momento :)

Edum@nes disse...

Se Isabel, não escrever ao pai da menina. Dando-lhe conhecimento do que aconteceu. Nunca saberá se ele a recusa ou se a aceita?

Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Kique disse...

Cada capitulo me agarra mais e mais a esta historia
Bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Vamos ao cinema??

Sandra May disse...

Estou gostando da escrita leve e amorosa. Ontem não vim, mas hoje lerei os dois.
Já estou ansiosa pra saber sobre o pai de Matilda.
Abraços, Elvira!

teresa dias disse...

Os trinta e três anos da Isabel não foram fáceis.
Certamente que anos melhores chegarão em breve. Será, Emília?
Beijo.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um episódio repleto de ternura em que a Elvira põe tanto da sua criatividade e engenho.
Um beijinho.
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Continuando lendo e maravilhada com a história!
Beijos!