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31.5.19

UM PRESENTE INESPERADO - PARTE X



No dia seguinte, encontraram-se no laboratório, fizeram o teste e separaram-se quase sem se falarem. O resultado demoraria uma semana, e ele não pensava voltar a vê-la antes disso.
Ricardo seguiu para a sua empresa um tanto atónito. Tivera ocasião de ver a criança enquanto esperava para fazer o teste, e sentira-se impressionado com os seus olhos cinzentos, o cabelo negro e a cor morena. Não se parecia nada com a mulher, fosse ela tia, como dizia, ou mãe, como a criança lhe chamava.  Ele continuava muito desconfiado em relação aquela história. No entanto para ser sincero, diria que a criança se parecia bem mais com ele, do que com ela. Apesar disso estava de consciência tranquila. Não que ele não tivesse as suas aventuras, Mas nunca se envolveria com uma ninfeta, por muito bonita que fosse. Ele gostava de mulheres mais velhas. E além disso, tinha uma regra de ouro, que nunca, em circunstância alguma, quebrava. Nunca fazia sexo sem preservativo, ainda que a mulher lhe jurasse que tomava a pílula ou tinha o DIU. Podia estar com uma mulher muito bonita, e muito excitado,  mas se não tivesse um preservativo com ele, arranjava qualquer pretexto, ia para casa e tomava um banho gelado. Depois do que Ivone lhe fizera, ficara vacinado. Relembrou aquela história, que condicionou todo o seu futuro e ainda hoje, lhe doía. 
Na altura em que a conheceu, tinha apenas vinte anos, era "um miúdo" com as hormonas em ebulição e nenhuma experiência de vida.  Ivone, era tão linda quanto pérfida. Era apenas três anos mais velha, mas sabia mais da arte de sedução que muitas mulheres aos quarenta. Resultado, dois meses depois ela comunicou-lhe que estava grávida, e ele ficou louco de felicidade e pediu-a em casamento. Na altura, ainda nem tinha terminado os estudos, não tinha emprego, nem sabia como ia sustentar uma família, mas estava completamente fascinado por ela, de tal modo que o seu pai, propôs-lhe fazer o casamento e assumir as despesas com a sua casa, em troca dele ir trabalhar para a oficina e terminar os estudos à noite.
Porém logo depois de casados, Ivone deixou cair a máscara. Queria sair quase todas as noites e clamava que ele nunca estava disponível para isso e que se sentia como ave numa gaiola. Uma noite ainda não tinham dois meses de casados chegou a casa e não a encontrou. Sem saber onde a procurar esperou o seu regresso. Ela chegou quase à uma da manhã. Veio acompanhada por um casal, mas ainda assim ele não gostou de que tivesse saído e tiveram a primeira discussão séria. Depois dessa vieram outras, a sua vida transformara-se num inferno que ele só suportava por causa do bebé.  Seis meses mais tarde, já nem estranhava quando chegava à casa depois das aulas e não a encontrava. E estava tão cansado, que raramente dava pela sua chegada. Com a desculpa de que a gravidez a incomodava e não lhe dava qualquer prazer a intimidade, ela fizera com que ele fosse dormir para o sofá da sala. E já quase não se viam. Ele levantava-se cedo para ir trabalhar, almoçava com o pai, e no fim do dia quando ia a casa tomar banho e mudar de roupa para ir para as aulas, ela já não estava em casa. Por vezes sentia tanta raiva que lhe apetecia partir tudo. Outras ficava completamente indiferente. Às vezes surgia-lhe a ideia peregrina, de que tudo aquilo eram humores de grávida e que a situação mudaria quando o bebé nascesse e ele terminasse o curso. Teriam mais tempo um para o outro e a chama voltaria a acender-se. Por essa altura o casamento já tinha acabado há muito, só a sua ingenuidade ainda lhe dava esperanças.
Até que numa noite, ao ir deitar-se encontrou no sofá uma carta de Ivone. Nela lhe informava que ia partir com o homem da sua vida, o pai do seu filho. Dizia-lhe que nunca o amara, mas estivera três meses sem notícias do namorado, que se tinha ausentado do país. Ela pensara que ele a tinha abandonado. Como estava grávida, precisava de um pai para o seu filho, e dada a sua ingenuidade, não tinha sido difícil convencê-lo que o filho era dele.



E aqui temos o primeiro bocadinho da minha recente visita ao Algarve.  Se estiverem interessados em saber o que andei a fazer, vão até lá

21 comentários:

Janita disse...

Com essa da "ninfeta" até se me dispersaram as ideias.
Pela primeira vez, em muitos anos, tive de ir ver o significado de uma palavra. Sim senhor, sempre a aprender. Aprende a Elvira nas suas aulas e aprendemos nós - eu - consigo.

Quanto à novela, já se levantou um pouco o véu sobre a vida do jovem Ricardo, que anda meio atarantado com este caso bicudo, de um filho caído do céu. Veremos o que nos espera amanhã.

Um abraço.

noname disse...

A vida pode ser uma cilada, sem dúvida.

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Um homem marcado pelo passado é terrível.
Bfds

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história!
Agora vou espreitar as imagens do Algarve!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Passando para acompanhar o desenrolar da novela, dei comigo a visitar o Museu do Traje em São Bartolomeu de Messines. Um bonito espaço, sem dúvida.

Abraço, amiga Elvira.

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Já se começa a vislumbrar algo na historia , e parece que toda a gente está a entender .
Só falta saber como se vão encontrar as personagens que faltam no resto da historia.
JAFR

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais uma leitura interessante para acompanhar a história... Bj

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

António Querido disse...

Eu sempre escolhi a opção ensinar, ser ensinado por vezes resulta nisto!

ABRAÇO.

chica disse...

Na certa,Ricardo tem histórias de vida... Tô gostando muito! beijos, chica

Larissa Santos disse...

Claramente sofrido e vamos ver o que vai acontecer, :))


Bjos
Votos de uma óptima Sexta-Feira

Cidália Ferreira disse...

Continuo com curiosidade do seguinte, N entanto é um homem já bem marcado!!

Beijos. Bom fim de semana.

Fá menor disse...

Sigo sempre com muito interesse os seus romances, lendo por vezes vários capítulos de uma assentada.

Será que ele tem algum irmão gémeo que se fez passar por ele?

Bom fim-de-semana!

Beijinhos.

Edum@nes disse...

Nesse conto para além. Do enredo ou não que se gerou envolta da acusação feita por Susana. numa carta manuscrita antes de se suicidar. Há outros mistérios por desvendar?

Tenha um bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Que coisa essa! Não é que não aconteça na vida real, porque infelizmente há pessoas de muito má índole!
Vamos ver como será o resultado do teste de ADN;))!
Beijinhos,
Ailime

Sandra May disse...

Como diziam aqui no Brasil, ha um tempo..."que rabo de foguete"!!!
To gostando.

teresa dias disse...

Já entendi porque é o rapaz tão desconfiado...
Isto promete!!!!
Bjs.

Roselia Bezerra disse...

Boa Noie de paz, querida Elvira!
Toda pessoa qeu é desconfiada tem muitas razões para sê-lo, salvo se for débil da mente, claro!
Tenha dias abençodos!
BJm carinhoso e fraterno de paz e bem

Gaja Maria disse...

Gato escaldado de água fria tem medo...

Rosemildo Sales Furtado disse...

Daí o porquê da desconfiança dele com relação a Susana. Gato escaldado tem medo de água fria. Pelo menos, experiência de galo na testa ele tem. Gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Uauuuuuuuuuuu que história magnífica!
Beijos!