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4.5.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXXVII





Durante as horas que se seguiram, Paula andou pela festa, cumprimentou alguns conhecidos, conversou um pouco com o Padre Celso, verificou se tudo estava a correr como ela tinha planeado e tendo a certeza disso, pelas dezoito horas despediu-se e abandonou a festa. Nunca em toda a sua vida lhe custara tanto, a passar, o tempo que estivera numa festa. Queria voltar a falar com o empresário, mas ele ignorou-a por completo, não lhe dando hipóteses de se aproximar. Assim abandonou o local sem se despedir dele. Entrou no seu carro, pôs o motor a trabalhar e arrancou, mas apesar de se sentir cansada não se dirigiu para casa, mas para o seu escritório. A tarde estava quente, o sol brilhava com intensidade, mas para ela o dia tinha perdido todo o encanto. Já no seu escritório, verificou as notas que Irene lhe deixara em cima da sua secretária, e depois pegou num bloco e escreveu. “Não aceites nenhum trabalho para o próximo mês. Vou de férias. Depois telefono-te” Arrancou a folha do bloco fechou, a porta e já na sala da sua secretária prendeu a folha no monitor do computador e saiu fechando a porta.
Em casa, dirigiu-se ao quarto, despiu o vestido que usara na festa, entrou na casa de banho, e abriu a torneira da banheira.
Habitualmente tomava duche mas quando se sentia cansada e nervosa como agora, preferia um demorado e relaxante banho de espuma.
Sentia-se tão cansada que quase adormeceu na banheira. Acordou com o arrefecimento da água e saiu envolvendo o corpo nu numa toalha. Sentou-se no banquinho em frente ao espelho a secar a sua farta cabeleira. Quando terminou mirou-se no mesmo, com um olhar analítico. Reparou nos círculos violáceos à volta dos olhos, fruto do cansaço e das poucas horas de sono dormidas ultimamente. “Meu Deus, vou dormir uma semana seguida” pensou. Secou-se, espalhou uma fina camada de creme hidratante pelo corpo e vestiu um curto top de alças e os calções do pijama.  Levantou-se e dirigiu-se ao quarto, onde se deixou cair sobre a cama sem nem mesmo puxar a roupa para trás. Dois minutos depois, qual bela adormecida, dormia profundamente.
Acordou com o som irritante do telemóvel. Abriu os olhos e surpreendeu-se com a luminosidade que invadia o quarto. Adormecera sem fechar a persiana e o cortinado não era barreira para o sol intenso que brilhava lá no alto. Saltou da cama para apanhar o aparelho que ficara em cima da cómoda, precisamente no momento em que ele deixou de tocar. Viu que a chamada era de Cidália, e constatou pelo registo que era a sétima vez que lhe ligava.
Olhou o relógio e verificou que já passava das catorze horas. Tinha-se deitado na véspera, ainda não eram vinte horas. Dormira mais de dezoito horas seguidas. Passou a mão pelo cabelo. E dirigiu-se à casa de banho. Telefonaria à madrasta depois da higiene matinal.
Meia hora mais tarde, sentada à mesa da cozinha, com uma chávena de chá e um prato de biscoitos na frente, recordava a festa do dia anterior, e tudo o que nela acontecera, quando o telemóvel voltou a tocar. Depois de um olhar rápido para o visor atendeu a chamada
- Estou…
-Paula? Graças a Deus, desde ontem à noite estou a ligar. Pensei que te tinha acontecido alguma coisa.
- Não me aconteceu nada. Estava mais cansada do que julgava, dormi desde ontem ao final da tarde até há minutos. Aconteceu alguma coisa?
-Não sei. Estou confusa. O teu pai acabou de sair. Telefonaram do acampamento a pedir se podia ir buscar o Miguel. O motorista que os levou teve um acidente, não podia ir buscá-los. Estavam a pedir aos pais se o podiam fazer. E eu gostava de falar contigo. Posso ir aí, ou estavas a pensar sair?
-Podes vir quando quiseres. Hoje não saio, preciso preparar algumas coisas vou de férias amanhã.
-Ok. Vou para aí. Até já.



12 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Mais um episódio empolgante onde tanta coisa fica por explicar!
*
Queria ser desejo d'outrora, da tua pele {POETIZANDO}
Beijo e uma boa noite

Edum@nes disse...

Continua tudo como dantes. Entre Paula e António. Porque será que ela resolveu ir de férias? Mais ainda, se o António já lhe disse que a ama. Porque motivo na festa não se aproximou dela?

Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Tintinaine disse...

Vamos dar-lhe um fim de semana para pôr as ideias em ordem. Acho que na segunda-feira ela (ou ele) vai atacar de novo. E eu estou aqui sentado na bancada pronto para aplaudir.
Bom fim de semana !

Janita disse...

Desta vez foi um episódio que me deu muito gosto ler, pois me lembrei de quão bem me sabe um banhinho de imersão, ao invés do duche rápido.

De resto cá vamos ficar em suspense até saber o que aconteceu.

Um abraço.

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
A solidão também não ajuda muito , mas por vezes o descanso faz com que as ideias se clarifiquem e nos ajude a tomar melhor decisões .
Um bom fim de semana.
JAFR

Anónimo disse...

Tudo continua em aberto e eu aqui estou mais uma vez, saboreando a sua fluente e imaginativa escrita, Elvira.

Forte abraço,


Maria João

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história e desejar bom fim de semana!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar e continuo a acompanhar.
Um abraço e um bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

António Querido disse...

Chama o António, Paula chama o António!

BOM FIM DE SEMANA.

Larissa Santos disse...

Bem, nada como um bom banho e uma boa noite de sono para repor energias. Adorei.

Hoje :- A tua competência orgulha quem te escuta [Poetizando e Encantando]

Bjos
Votos de um óptimo Sábado.

Os olhares da Gracinha! disse...

Amanhã é um novo dia!!! Bj

Gaja Maria disse...

Que se passará?