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2.5.19

UM HOMEM DIVIDIDO - PARTE XXXV



-Não, de modo nenhum. Desde que te conheci só me tens demonstrado que és uma boa pessoa, e o que fizeste ontem à noite, devolvendo a empresa, ao meu pai, apesar do ódio que lhe tens, foi a maior prova disso.
-Então, o que te impede?
-Se for contigo, a imprensa vai começar a especular. Não quero encher as páginas das revistas cor-de-rosa como a tua nova conquista.
-Isso é desculpa. Primeiro não tenho por costume exibir nenhuma conquista, nunca o fiz, sempre que apareci em alguma festa, fui sozinho, ou acompanhado da Gabi e do Eduardo. Segundo, não me parece que seja essa a verdadeira razão. Penso que cometi um erro quando disse ao teu pai que o salvaria se acedesses a casar comigo. Na altura, só pensei em castigá-lo, não pensei que isso podia separar-nos para sempre. Agora dou-me conta, que hoje, mesmo que diga que te amo, como nunca amei ninguém em toda a minha vida, que daria a minha fortuna, para que tivesses por mim, o mesmo sentimento que me inspiras, tu nunca acreditarás em mim. Como o teu pai não acreditou que eu tinha sido assaltado. Se eu fosse um tipo esperto, teria descoberto há muito que não és diferente dele. Mas até os tipos mais lerdos,  cedo ou tarde, acabam por ver o que têm na frente dos olhos. Assim sendo, não precisas inventar mais desculpas. Não voltarei a incomodar-te, nunca mendiguei nada a ninguém, também não o vou fazer contigo.
Atordoada com aquela declaração, Paula não teve tempo de responder, pois nesse momento bateram à porta, e de seguida, dona Teresa entrou.
-Filho, a tua irmã, e a família acabam de chegar.
Paula aproveitou a interrupção para dar por terminada aquela conversa, antes que começasse a chorar.
 -Já passa do meio-dia. Não se devem atrasar com o almoço, o tempo passa a correr e depois não têm tempo de se vestirem antes dos convidados começarem a chegar.
António levantou-se e deu o braço à mãe.
-Vamos lá então, -disse
Paula ficou só no escritório. Deixou-se cair na cadeira, e escondeu o rosto entre as mãos. De todo o discurso de António ela só retivera a declaração de amor. Pudesse ela acreditar nas palavras do empresário, e sentir-se-ia a  mulher muito feliz ao cimo da terra. Mas será que era mesmo uma declaração ou tratava-se apenas de um mero exemplo explicativo? E mesmo que fosse uma declaração, como acreditar num homem capaz de guardar sentimentos de vingança durante tantos anos? Quem lhe diria que ele não tinha desistido de arruinar o pai, por pensar que seria maior a vingança, se casasse com ela? Se ao menos ela soubesse o que o pai lhe tinha feito. Mas como havia de o saber, se nenhum dos dois queria falar nisso? Certo que o empresário deixara escapar qualquer coisa sobre um assalto. Mas ela estava tão atordoada que nem entendera o que ele dissera. Levantou-se e ia dirigir-se à cozinha, quando encontrou a mãe do anfitrião.
-Venha minha querida, ia chamá-la para almoçar.
-Obrigada, dona Teresa, mas é um almoço de família, não quero ser uma intrusa. Prefiro comer alguma coisa na cozinha. 
-De modo algum. Venha, estão todos à sua espera.
A senhora era tão amável e parecia tão sincera, que Paula não tinha como recusar o convite sem ser indelicada.
Entraram juntas na sala. Eduardo levantou-se para a cumprimentar e apresentou-lhe a  esposa e filho. Paula sentiu uma empatia imediata por Gabi, e emocionou-se quando a esposa de Eduardo, a abraçou com carinho. Pedro, o filho do casal era um rapazinho alegre e simpático, que lhe disse ser muito amigo de Miguel, e lhe contou que o irmão falava muito dela.
Pouco depois era servida a refeição. Todos se mostravam alegres e simpáticos, fazendo com que se sentisse da família. Todos, menos António, que se mantinha em silêncio e de sobrolho franzido, respondendo apenas quando era interrogado diretamente.



Passei o dia fora e estive na Alameda. Aqui podem ver algumas imagens se estiverem interessados. 

15 comentários:

noname disse...

Em que embrulhada, eles estão, mas as coisas irão compor-se, certamente.

Boa noite, Elvira
Beijinho

Pedro Coimbra disse...

O moço tem o ego ferido.
Isso passa.
Abraço

Anónimo disse...

Gostei de ler este novo capítulo e de ver as imagens de celebração do 1º de Maio.

Há muito que as caminhadas me estão vedadas, mas continuarei a ser uma eterna não-ausente, parafraseando o Rogério.

Abraço,


Maria João

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Cidália Ferreira disse...

Bom dia. Creio que depois disto tudo eles se vão entender! Aguardemos !:)
*
Esvoaçam sentimentos, névoas do destino
Beijo e um excelente dia!

Janita disse...

Desta vez limito-me a assinalar a minha habitual presença...

Deixemos que ambos se entendam!! :)

Um abraço.

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Pouca ou nada se constrói sem trabalho e sem dedicação . O amor também faz parte dessa situação . Penso que com mais ou menos esforço eles vão se entender.
JAFR

chica disse...

Vamos acompanhando e torcendo...beijos, lindo dia! chica

António Querido disse...

Fui dar uma espreitadela às imagens do 1º de maio em Lisboa! Ontem foi o dia do trabalhador, logo o meu dia também, foi um dia de trabalho nem abri o computador.

O meu abraço.

Jaime Portela disse...

Mais um interessante capítulo.
Elvira, um bom resto de semana.
Beijo.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Há-de chegar a hora H, para os dois se entenderem!
Vou agora ver as fotografias. Ontem não estive em Lisboa.
Beijinhos,
Ailime

Anete disse...


Olá, Elvira...
Um dia desses os dois cairão em si e compreenderão o que de fato aconteceu... O perdão trará novos rumos...
Um grande abraço... O meu carinho...

Teresa Isabel Silva disse...

Espero que eles compreendam o que se está a passar!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

Larissa Santos disse...

Ela não é fácil de vergar:)) Gosto assim :))

HOJE, DO NOSSO GIL ANTÓNIO :- Ondas de Amor

Bjos
Votos de uma óptima noite.

Gaja Maria disse...

Ohh! Então? que será que ela vai fazer?