Assim que ficou só, António levantou-se e caminhou até à janela. Precisava esticar as pernas, libertar a tensão em que estivera, durante a reunião com o seu inimigo.
António nem sempre fora um homem rico. Seus pais vinham
de famílias pobres, não tinham grandes estudos. O pai trabalhava nas obras, a
mãe, nas limpezas em várias lojas no bairro. Ainda assim queriam dar aos filhos
os estudos que eles não puderam ter. António terminara o Secundário com boas
notas e preparava-se para entrar na Universidade, quando o pai adoeceu
gravemente. Se o seu ordenado não era grande coisa, o subsídio de doença era
bem mais pequeno. Por outro lado a mãe para poder tratar do pai, não podia sair
de casa, e deixou de poder trabalhar, limitando-se a aceitar alguns trabalhos
que podia fazer em casa, como levantar umas bainhas, ou pôr um fecho numas
calças. Como filho mais velho, António viu-se obrigado a abandonar os seus
sonhos de entrar para a faculdade e a procurar um trabalho que lhe permitisse
ajudar a sustentar a casa. Foi assim que conheceu, Jorge Maldonado em cujo
escritório se empregou. Tinha dezanove anos.
Um ano mais tarde, António foi assaltado quando voltava à
empresa, depois de ter efetuado uma venda e ter recebido a importância que
sinalizava o negócio.
O patrão não acreditou no assalto e acusou-o de ter simulado
o roubo para ficar com o dinheiro.
Despediu-o e denunciou-o à polícia. O jovem foi interrogado pelos
agentes de autoridade vezes sem conta, mas nunca se desviou um milímetro do que contara a primeira vez, pois isso fora o que acontecera, essa era a verdade.
Entretanto, o pai sofreu uma violenta recidiva do AVC
anterior e faleceu três meses depois. A mãe levava os dias a chorar, e os
amigos deixaram de lhe falar. Por mais que António, procurasse um trabalho que pudesse ajudar na sobrevivência da família, não conseguia. Ninguém dá trabalho a uma pessoa, quando essa pessoa está a ser investigada por roubo. Desesperado, António jurou a si mesmo que um dia ainda ia ter poder suficiente para se vingar do homem que lançara sobre ele aquele estigma.
Seis meses depois, o processo foi arquivado por falta de
provas.
António despediu-se da mãe e da irmã partiu para o
Alentejo, onde foi trabalhar na apanha da azeitona.Quando a safra acabou, deu
parte do dinheiro à mãe e com o resto partiu para a França.
Bom fim de semana
Bom fim de semana
16 comentários:
Quantas histórias reais não serão em tudo semelhantes???
Bfds
Vou à procura do primeiro capítulo... é reler este!
Bj
Bom dia
Com um inicio bem á sua maneira , vamos ter com certeza uma grande historia.
JAFR
Acompanhando com atenção! beijos,tudo de bom,chica
Estou a acompanhar e aproveito para desejar um bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
E assim se vai fazer um Grande Homem! Estou a adorar, Já tinha saudades.
As suas melhoras
Beijo. Bom fim de semana!
É certo, motivos não faltam, para que se sinta injustiçado, porém a forma que parece ter escolhido para se vingar, não é das melhores, nem o abona em nada.
Boa tarde, Elvira
É bom senti-la por cá de novo.
Bom fim de semana
Lendo e bebendo em cada palavra o sabor de uma linda estória
.
Feliz fim de semana
Abraço
Penso que a vingança não seria a melhor forma para provar que o roubo não tinha sido simulação sua para se apoderar do dinheiro? Se ele pudesse apresentar provas da sua inocência, isso é que seria o ideal.
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Lendo o 2º capítulo e já gostando... Hummm, ressentimento traz ao coração sentimentos terríveis... O perdão é o caminho...
Um bj e BOA NOITE... Bom fim de semana e ÓTIMA CONTINUAÇÃO DO REPOUSO...
Estou a gostar, Elvira!
Vou continuar a ler.
Beijinhos,
Ailime
Olá, novamente.
Quantas histórias destas se devem ter passado na vida real? Muitas....
Bjs
A história promete :)
Abraço Elvira
É muito triste ser acusado injustamente!
Beijos!
E a novela continua a desenrolar-se. Gostei bastante deste episódio. Ainda me aguçou mais a curiosidade. António concretizará o seu sonho? Imaginação não te falta, amiga. Excelente!
Beijinhos
Muito trite quando se tem lançado por si um estigma mentiroso.
Muito boa abordagem!
Bjm carinhoso e fraterno, amiga.
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