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23.11.18

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE VIII





Ana, dava voltas e voltas na cama, presa de insónia. E não encontrava explicação para isso. Tinha jantado com a irmã e o futuro cunhado. O jantar estava delicioso, a conversa amena. Depois passaram lá por casa, para verem o álbum. Tinham-se entretido com as recordações que cada foto representava. Matilde acabara levando-o como tinham combinado. Na segunda-feira ela iria à ourivesaria.
Ultimamente quase não se tinha encontrado com os irmãos, cada um preso às suas rotinas, os empregos, as casas, os filhos. A única exceção eram os domingos. Sim porque nesse dia almoçavam todos juntos na casa paterna. 
 Todos exceto Simão. Tinha ido para Paris há anos e por lá ficara. Tinha saudades dele. De todos os irmãos, era Simão aquele de quem mais sentia saudades quando lembrava a sua infância. Ela e Matilde eram as mais novas. E ele estava sempre perto delas. Quando caíam e esfolavam um joelho, quando foram para a escola, quando começaram a sair à noite. Ele era o anjo da guarda delas, sempre pronto a aliviar os seus pequenos desgostos. E quando ele partiu para Paris elas choraram abraçadas, sentindo já a dor da saudade. Depois foram-se habituando à sua ausência.
Durante um tempo, Simão vinha a casa, sempre que algum dos irmãos, ou os pais faziam anos. Mas depois do casamento dos irmãos, nunca mais tinha voltado. Decerto viria para a festa de aniversário do casamento dos pais.
Sabia que era uma data muito importante para eles. Como estaria ele?  Viria sozinho? Traria mulher? Quem sabe, se teria casado, sem a família saber.
Deu mais uma volta na cama, recordando o recente rompimento do seu quase noivado.
Pensava ter encontrado por fim o amor. Mas foi mais uma desilusão. Tudo ia bem, enquanto a intimidade não entrou em jogo. Quando isso aconteceu…
Ela não era uma adolescente romântica. Não sonhava com um amor platónico.  Não acreditava no amor sem sexo,  como não não acreditava  no sexo, apenas como uma necessidade física. Para ela um era o complemento do outro.
E ela não seria capaz de repetir a experiência com Paulo.  
Talvez fosse demasiado exigente. Mas, ou encontrava o que queria, ou ficava solteira o resto da vida.

reedição



                                           

11 comentários:

chica disse...

Uma insônia que a levava a verificar seus sentimentos, focando no que realmente queria para sua vida. beijos, chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

noname disse...

Ainda que, já tendo lido, dei por mim expectante :)

Bom dia, Elvira

Maria João Brito de Sousa disse...

Sempre acompanhando, Elvira.

Outro abraço

Larissa Santos disse...

Estou mesmo curiosa para ler a chegada para as bodas de prata. Simão e Ana dois "encalhados" Ou azarentos...lindo episódio

Do nosso amigo Gil António, com : Amor reflectido na cor das águas do mar

Bjos
Votos de uma óptima Sexta - Feira.


Edum@nes disse...

Se eu falasse frente a frente,
dizia a escolha é sua menina Ana
se é que solteira bem se sente
continue com quem a não engana?

Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

As insónias por vezes fazem trazer a realidade à tona! Amei!

A chuva, o elixir dos meus dias.
Beijos e um bom fim de semana.

Os olhares da Gracinha! disse...

Recordar faz bem à alma!
Bj

Janita disse...

É no calor da noite, que se passa em claro, que os pensamentos menos bons nos atormentam.

Boa noite e bom fim de semana.
Abraço.

esteban lob disse...

Aquí, Elvira, a miles de kilómetros de tu tierra portuguesa, siguiendo con interés tus variadas historias de amor.

Un beso.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Simão, Ana, noivado terminado, insônia, saudades, aí tem um quê de romance no ar.
Beijos!