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22.11.18

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE VI




O homem semicerrou os olhos, analisando o ambiente que o rodeava. Na pista, vários casais dançavam alegremente como se estivessem celebrando a própria vida.
Pela quinta vez, a mulher perguntou:
- Vamos dançar, querido?
Esboçou um gesto de impaciência. Desagradava-lhe a insistência feminina. 
Naquele sábado tinha decidido misturar-se na multidão que se divertia. Entrara ali como podia ter entrado em qualquer outro recinto semelhante. Mas já se cansara.
Pousou o copo e levantou-se. Era um homem alto, bem proporcionado. Vestia umas calças justas, pretas, e uma camisa solta por fora das calças. Era moreno de cabelos e olhos escuros.
-Já vais embora?- perguntou a mulher que antes o interrogara.
- Já. Lamento não corresponder às tuas expectativas. Não me apetece dançar.
- Que pena! Ia gostar de te conhecer melhor.
Não respondeu. No fundo estava desejando sair dali.
Na rua, parou por breves instantes, aspirando profundamente o ar noturno. Depois encetou o caminho de regresso ao seu estúdio, seguindo pela margem do Sena, observando o movimento dos pares de namorados que por ali passeavam, entre silêncios e beijos. Tão diferente do movimento de dia, onde grupos, de amigos ou famílias faziam piqueniques, e conviviam em amena cavaqueira.
Ele também gostaria de passear por ali com a mulher que amava.
Porém sabia que isso não ia acontecer. Com tanta mulher bonita, logo tinha que se apaixonar pela única que nunca poderia ter.
Apertou os punhos ao pensar nela. Que estaria fazendo? Ia casar, ele sabia. Só não sabia quando. Que fosse em breve. Ele havia de sobreviver. E depois quem sabe, sabendo-a casada, deixasse de pensar nela e naquele amor maldito. Entrou no velho prédio e subiu as escadas de madeira, gastas pelo tempo até às águas furtadas, onde tinha o seu estúdio.
O local estava longe de ser luxuoso, mas da janela, ele tinha uma das mais belas panorâmicas do mundo. E uma esplêndida luz para as suas pinturas. Despiu a camisa, que atirou para o velho sofá, e em tronco nu, dirigiu-se à janela.
Enquanto a sua mente se perdia em tortuosas recordações, a seu lado, no cavalete, numa tela por acabar, uma jovem mulher, olhava enlevada o bebé que amamentava.
Era a última tela para a sua próxima exposição.

reedição


Quem será este homem. Têm algum palpite?









14 comentários:

chica disse...

Aqui tentando imaginar... Vamos ver e te acompanhando sempre! bjs, chica

Larissa Santos disse...

Claro, só pode ser o Simão...penso eu. Adorei :))

Hoje: Viagem à gratidão

Bjos
Votos de uma óptima Quinta - Feira.

Maria João Brito de Sousa disse...

O Simão. Penso que é o Simão.

Abraço, Elvira

Edum@nes disse...

Pois, eu não sei dizer quem é,
penso que algum forasteiro será
que à procura com esperança e fé
de algum o amor perdido andará?

Tenha uma boa tarde amiga Elvira.
Um abraço.

Os olhares da Gracinha! disse...

Misterioso...vai dar que falar!!! Bj

Olinda Melo disse...


Uma história de amor que me parece já a correr muito bem para o homem misterioso. Visto ser uma reedição, talvez consiga saber quem é com o avanço da história...

Bj

Olinda

Olinda Melo disse...


queria dizer ...a correr mal...

:)

noname disse...

Eu sei, mas não digo, :-)

abracinho, Elvira


Teresa Isabel Silva disse...

Tenho as minhas desconfianças!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Mais um excelente capítulo!
Penso que será o Simão que está em Paris, não?
Beijinhos,
Ailime

Kique disse...

Seja ele quem for vai dar muito que falar...escrever
Bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Teu refugio...

Cidália Ferreira disse...

Mais um belo episódio que amei! será este jovem O Simão? só pode!

A chuva, o elixir dos meus dias.
Beijos - Boa noite!

Rosemildo Sales Furtado disse...

O melhor é aguardar os acontecimentos. Continuo gostando.

Abraços,

Furtado

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Tenho uma forte certeza de que esse homem é o Simão!
Beijos!