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17.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XXVIII


- Vem comigo ao escritório. Precisamos conversar.
Tinham acabado de adormecer as crianças. Já era tarde, e ela estava cansada. Mais do que isso, estava nervosa, inquieta. Há meses que descobrira o amor pelo marido. Desde então, tantas vezes se deixava levar pela imaginação sonhando com ele. Mas Afonso parecia não reparar nela. Com os filhos era amoroso. Francisca tinha-o surpreendido várias vezes emocionado com eles.
Mas com ela era diferente. Era gentil, educado, mas nada mais. Mas esta noite parecia diferente. Como se a parede invisível que parecia separá-los tivesse desaparecido.
Abriu-lhe a porta, e desviou-se para ela passar.
- Senta-te.
Indicou-lhe o sofá. Esperou que o fizesse, e sentou-se quase a seu lado.
- Faz hoje onze meses que entraste no meu escritório. Estavas nervosa como agora e pareceste-me muito tímida. Fiz-te uma proposta, aceitaste e pouco depois fazias parte das nossas vidas.
Remexeu-se inquieta. Porque lhe estava a contar aquilo que ela sabia bem demais? Com que finalidade relembrava agora aquele dia? Teria ela feito alguma coisa que não podia, segundo aquele malfadado contrato? Mas o quê? Se ao menos não tivesse rasgado a sua cópia, quando percebeu que se tinha apaixonado por ele.
Sem capacidade de lhe adivinhar os pensamentos, Afonso continuou:
-Tornaste-te rainha e senhora desta casa, por mérito próprio. Mas continuas a ser um mistério para mim. Sei que aceitaste a minha proposta por necessidade absoluta, a Graça falou-me qualquer coisa sobre isso. Gostava que me falasses de ti.
- De mim?
Espantou-se. Não acreditava que um advogado, entregasse a sua vida e a de suas filhas a uma mulher sem fazer uma investigação sobre ela. E tinha razão, Afonso tê-la-ia feito, não fora a total confiança que a irmã tinha na amiga.
- Sim. Tenho a certeza que a minha irmã te contou tudo sobre mim, o meu amor por Olga, e a minha dor quando a perdi. Mas a mim, só me disse que podia confiar em ti de olhos fechados. Solidariedade feminina, - concluiu sorrindo.
De tudo o que Francisca ouviu, o seu coração apaixonado, reteve apenas a frase. " o meu amor por Olga".
Sentiu vontade de chorar. Tentando disfarçar a mágoa, fez o que ele lhe pedira. Falou de si. Contou do seu desgosto por não ter ido para a faculdade, da pressão dos pais para que se casasse com o filho dos amigos, da vida na cidade, do desastre financeiro do marido e do seu gesto cobarde, que a atirou a ela e aos filhos para uma vida de desespero e privação. Calou-se ao mesmo tempo que deixava escapar um soluço angustiado. 

reedição



E ultrapassámos ontem os 37.000 comentários. Mais uma vez pela escrita da Ailime, comentário deixado às 22, 31 h
Obrigado a todos pelo vosso carinho.



13 comentários:

noname disse...

é agora que ela a abraça? eheheheh

Boa noite, José

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Com certeza, virá o abraço e fortes emoções!
Beijos!

Teresa Isabel Silva disse...

Não precisas de agradecer, é sempre um prazer vir até aqui e deixar um comentário!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

chica disse...

Após o desabafo, um abraço cairia bem! Vamos indo! bjs, lindo dia! chica ( parabéns pelo grande número de comentários!)

Maria João Brito de Sousa disse...

De novo, pela força das circunstância, leio dois capítulos de uma assentada.

Um forte abraço e um bom fim-de-semana, Elvira.

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Cada vez mais aumenta a ansiedade em cada capitulo que lemos .
JAFR

Larissa Santos disse...

Uma vida muito dura, a da Francisca:)) Adorei...

Hoje com: Sussurras-me, beijas-me com o teu olhar. [Poetizando e Encantando]

Bjos
Votos de um óptimo Sábado.

António Querido disse...

Eu não esperava tanto tempo! Aliás, nunca teria feito semelhante contrato, um abraço e uns beijinhos à mistura vão rasgar o contrato.

O meu abraço

Anete disse...


O que escreve é cativante e desperta interesse, principalmente porque a Elvira é muito querida e sincera. Que bom que tem tido muitos comentários!!
Confissões e o romance se firmando nas boas conversas... É preciso um relacionamento bem alicerçado nos acordos...
Bjs

Edum@nes disse...

Continuam a batalhar no passado. Nos desgostos que cada um sofreu. Deixem-se mas é de pensar nisso. Os vossos corações um pelo outro apaixonados. Quererão ser felizes com amor e ternura?

Que a seu bom gosto seja mais um fim de semana amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Existem vidas muito difíceis! Tudo se vai ajeitar!


Beijos. Bom fim-de-semana.

aluap disse...

Só lhe posso dizer Parabéns pelos imensos comentários!
Um abraço.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
O elevado número de comentários só demonstra o quanto a gostamos de a ler.
Hoje mais um excelente capítulo.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime