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19.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XXXIII





Não queria separar-se das crianças a quem ganhara amor.  Não ia abandoná-las,  agora quando tinham aprendido a amá-la. Tinha a certeza de que elas nem se lembravam se algum dia tinham tido outra mãe que não ela. Também não acreditava, que Ricardo pusesse um ponto final no contrato, pois ele anteporia a felicidade dos filhos, aos seus desejos. Mas era evidente que ele queria transformar aquele casamento, num casamento real.
 A atração sexual entre os dois era muito intensa. Ainda assim ela não estava disposta a ceder. Não sem amor.
“Porque não aceitas o que ele te propõe” - interrogava-lhe uma voz vinda algures de algum recanto da sua cabeça.
-Porque não seria meu marido, mas um amante, e não estou preparada para me prostituir – respondia a si própria
“És uma parva, - volvia-lhe aquela voz irritante. – "Quem sabe não fazes com que ele te ame mais depressa se cederes”
-Ou perca o respeito e admiração que neste momento sente por mim.
Doía-lhe a cabeça, estava cansada demais para travar uma luta com aquele outro ser, que habitava nela e lhe chamava parva.
Tomou um comprimido e recostou-se na cama fechando os olhos.
Não soube quanto tempo esteve assim, tentando não pensar em como a sua vida se tinha complicado nos últimos meses. Ela só pensara no irmão e nas crianças tão pequenas e já sem mãe. Não pensara que o charme daquele homem, a conquistasse. Como é que ela ia ter coragem de conviver com ele dia-a-dia, (se era verdade que ia deixar a vida militar e não voltava a partir) naquele ambiente de tensão? Ia ser terrível não só para eles como para as crianças. Elas percebem sempre o que se passa à sua volta. Sentia uma tal tristeza que não conseguir reprimir o choro. Chorou de raiva, de pena, de medo, de amor, Como se chorando, expulsasse da sua cabeça. e do seu coração, tudo o que a afligia. Cansada por tantas emoções e mais calma depois daquele choro libertador, acabou por adormecer.
Acordou com a suave carícia das pequenas mãos de Soraia.
- Estás doente, mãe?
- Não, meu amor. Já mostraram ao pai os pintainhos?
- Já. E já brincámos e lanchámos. E como tu não aparecias a “Tónia” disse que estava preocupada. E que se calhar não te sentias bem.
- Está tudo bem, querida. Vai dizer à Antónia que desço já, - disse dando-lhe um beijo.
A menina saiu e ela saltou da cama e dirigiu-se à casa de banho. Olhou-se no espelho e assustou-se com o seu aspeto. Tinha os olhos vermelhos e inchados.
Lavou várias vezes o rosto com água fria, tentando disfarçar as evidências do choro e depois mudou de roupa já que o facto de ter adormecido vestida, fazia com que a roupa se encontrasse por demais enrugada.
Dirigiu-se à cozinha. Procurou no armário um pacote de chá de tília e pôs a cafeteira com água ao lume.
Sentia os olhos de Antónia cravados nela, mas a empregada era discreta demais para fazer alguma observação. Sentiu necessidade de dizer alguma coisa que a sossegasse.
- Sei que não tenho muito bom aspeto, mas estava com uma terrível enxaqueca. Tomei um comprimido e acabei dormindo. Graças a Deus já passou.
-Calculei que alguma coisa tinha acontecido. Em todos estes meses nunca deixou de assistir ao lanche dos meninos. 
-E por falar neles…
-Estão na biblioteca com o pai. Aqueles três adoram-se. Durante o lanche falou-se em presentes, já não me lembro a que propósito. O senhor disse que não lhes trouxe nada, o país onde estava era muito pobre, a única coisa que por lá há muito, são especiarias. E sabe o que lhe responderam?
- Não.
-Que a única prenda que queriam, era que nunca mais se fosse embora.
Clara sentiu que as lágrimas afloravam de novo aos seus olhos.


Esta história volta Segunda-feira. Para todos um bom fim de semana

20 comentários:

noname disse...

E aí vamos, num enredo que roça realidade, talvez por isso as suas histórias tenham tantos e fieis seguidores :-)

Boa noite, Elvira

chica disse...

E assim estamos nos na torcida que esses dois se entendam...Tomara! Bjs tudo de bom, chica

Pedro Coimbra disse...

As crianças são o maior factor de aproximação.
Bfds

Os olhares da Gracinha! disse...

Um sofrer desnecessário mas por vezes agimos assim!!! Bom fim de semana!!!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Larissa Santos disse...

Agora é o medo dela. Nada que uma noite de amor não resolva:))
O pior é ficar à espera tanto tempo :)))

Bjos
Votos de uma óptima Sexta - Feira

Maria João Brito de Sousa disse...

Passando para acompanhar a evolução desta sua história de amor e desejar-lhe uma boa sexta-feira, Elvira.

Abraço

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Vamos passar um fim de semana á espera de um novo episodio , na esperança que a próxima conversa entre eles seja mais dócil !!
JAFR

Edum@nes disse...

Penso que só a Clara poderá resolver tudo aquilo que lhe está fazendo confusão? No entanto, só ela mesma é que sabe o que deve fazer, para seu bem e sem prejuízo para quem a rodeia?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Mais um episódio que amei ler! S+o "filmes" na cabeça da Clara! Lool... . Agora tanto tempo à espera? lol

Beijos. Bom fim de semana!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Teresa Isabel Silva disse...

Agora quero ver que voltas isto ainda vai dar!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

Janita disse...

E perfeitamente compreensível este sofrimento em que a Clara se encontra. Como mulher apaixonada gostaria de consumar aquele casamento de fachada, por outro lado, é justamente essa paixão que, como qualquer mulher, gostaria de ver retribuída para que a entrega fosse plena de amor recíproco.

Só não entendes isto quem não quer...:)

Um abraço e bom fim de semana

Janita disse...

Há para aí umas gralhas, que este teclado parece ter vontade própria, mas a Elvira percebe o que eu quis dizer.

José Lopes disse...

Falta só dar aquele passo...
Cumps

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Continuando a acompanhar a história com muito interesse.
Beijinhos e excelente fim de semana.
Ailime

Kique disse...

Continuo a acompanhar este enredo
Bjs
Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Conheci a minha mulher

Berço do Mundo disse...

A presença e o amor é o melhor que se pode dar a um filho. Cheguei tarde a esta história, mas estou a gostar do enredo.
Abraço e bom fim-de-semana
Ruthia d'O Berço do Mundo

Sandra May disse...

O momento é difícil, Elvira. E tenso...tem as crianças envolvidas, tem a dignidade de Clara, os princípios morais em não aceitar se entregar sem amor...tá complicado! Estou confiante que a autora vai nos brindar com um desenrolar elegante, excitante e apaixonado.
Bom final de semana a todos!

aluap disse...

Às vezes fazemos perguntas às crianças, que muitas não fazem sentido; sendo o assunto presentes, esta foi uma respostas que se calhar o pai não esperava, mas que faz todo o sentido!
Um abraço Elvira e passe um bom domingo.