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10.10.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE XXIV




Com as pernas a tremer, Clara deixou-se cair no sofá. Nunca o seu corpo tinha reagido assim com Júlio, nem sequer nos momentos de maior intimidade.
“O que foi isto, meu Deus? Será a isto que chamam a química entre duas pessoas? Se o é, então entre nós existe química, mais do que suficiente para fazer explodir um quarteirão inteiro” – Pensou enquanto tentava acalmar-se.
Não teve porém muito tempo para isso pois as crianças irromperam na biblioteca a chorar.
- Desculpa. Não consigo acalmá-los – disse o irmão.
- Não faz mal, - disse abraçando as crianças. Vamos deixá-las chorar um pouco a fim de acalmarem. Depois a seguir, vamos aproveitar o sol na piscina, não é verdade meninos? Para a semana começam as aulas, e o outono está à porta. Temos que aproveitar o resto do verão.
E sabem de uma coisa? Se o vosso pai se esqueceu de alguma coisa, e volta atrás, vai ficar muito triste por vos ver a chorar. Vocês querem ver o vosso pai triste?
-Não – disseram em coro.
-Então toca a por, um sorriso nessas carinhas lindas, despir essas roupas, vestir os fatos de banho e… vamos para piscina.
- Tu também? Nunca vens – disse Soraia.
- Claro que vou. Só não fui antes, porque vocês estavam com o vosso pai, e o tio Tiago. Era muita gente na piscina, não acham? – Perguntou enquanto subiam as escadas para os quartos.
Pouco depois estavam os quatro na piscina. Enquanto Bernardo parecia tão à-vontade na piscina como peixe na água, Soraia, não sabia nadar. Não saía da zona onde tinha pé, e sempre que Clara ou Tiago tentavam que se deitasse na água tremia de medo. Tiago disse à irmã que tinha observado o mesmo comportamento da menina nos dias anteriores com o pai.
- Admira-me que o pai não lhe tenha comprado uma bóia para que ela perdesse o medo.
- Comprou. Contou-me que foi mesmo por causa de uma bóia que ela ficou assim. Disse-me que estavam os três na parte mais funda da piscina. Ele jogava à bola com o Bernardo, e a menina brincava na água suspensa pela bóia que de repente rebentou e a fez- afundar-se e engolir água até o pai chegar junto dela e a tirar da piscina. Depois disso levou bastante tempo até que voltasse a entrar na água mas limita-se a ficar ali quieta.
- Se me ajudares, vamos fazer uma brincadeira, a ver se aos poucos ela perde o medo.
-Vamos a isso.
- Meninos, vamos brincar um pouco na água? – Perguntou Clara depois de chamar Bernardo para junto da irmã. – Vamos fazer de conta que o Tiago é um Golfinho. Vocês já viram um Golfinho?
- Sim.
E gostam de Golfinhos?
-Sim – repetiram em coro
Então o Tiago vai ser um Golfinho que gosta de passear os meninos pela piscina. Eu sou a tratadora. E vocês querem passear no lombo do Golfinho. Muito bem. Como é que se vai chamar o Golfinho?
-Piloto – disse Bernardo.
-Piloto. Parece-me bem. Vamos lá Piloto levar o Bernardo a passear, – disse clara estendendo o menino ao comprido sobre as costas do irmão que nadou de um lado ao outro da piscina, sem contudo se afastar para a parte mais funda. O menino ria, as mãos agarradas aos ombros de Tiago. Clara olhou a menina, e viu-lhe nos olhos o desejo de entrar na brincadeira.
- Chega Piloto, agora é a vez desta menina linda, - disse Clara retirando Bernardo das costas do irmão e colocando no seu lugar Soraia.
Tiago sentia o corpo da menina tenso. Nadou tão devagar quanto possível enquanto emitia sons, como se fosse um verdadeiro Golfinho. A menina foi relaxando e quando ele se dirigiu à borda da piscina ela já ria e parecia esquecida do medo, embora os dois adultos soubessem que a brincadeira teria que se prolongar ainda alguns dias até que a menina perdesse o medo e confiasse o suficiente para desejar aprender a nadar.



15 comentários:

Edum@nes disse...

Clara está sentindo por Ricardo o que nunca sentiu por Júlio. Quererá ela dizer com isso que por Ricardo sente amor, enquanto que por Júlio não sentia?

Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.

chica disse...

Essa convivência amiga, de família fará bem a todos eles! Terão as saudades,claro, mas estão em boas mãos! bjs, chica

noname disse...

Esta história também contempla a pedagogia infantil, muito bem apanhado.

Boa noite, Elvira

Janita disse...

Vê-se que a Clara tem sensibilidade apurada e grande sentido pedagógico. A coisa não podia correr melhor...Muito bem!

Um abraço e votos de uma boa noite.

esteban lob disse...

Amores equivocados, niños traviesos pero normales, escenas de risas y de llantos justificados; todo un carnaval de imágenes que hacen de tus letras, Elvira, entretenimiento y suspenso.

Abrazo.

Quase Cinderela disse...

Está cada vez melhor :)
Obrigada por partilhar connosco esta linda história
Fico à espera da próxima parte ;)
Beijinho

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Clara é uma mãe incrível!
Muita sensibilidade e criatividade na sua escrita.
Parabéns, Elvira!
Beijinhos,
Ailime

Pedro Coimbra disse...

Parir é dor, criar é amor, não é assim??
Abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Momentos em que a ajuda entre eles supera a falta de quem se está "gostando"... Bj

Maria João Brito de Sousa disse...

Bom dia, Elvira.

A ler o novo episódio e a acompanhar, como sempre, o desenrolar desta sua história.

Abraço

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com bastante interesse.
Continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Larissa Santos disse...

Que emocionante. Isto vai acabar bem, ai vai vai :))


Bjos
Votos de uma excelente Quinta - Feira.

Anete disse...


Olá... Enfrentar a mudança de ritmo (despedida) com um banho de piscina e brincadeiras foi uma boa ideia...
Boa tarde p você... Um abraço

Cidália Ferreira disse...

Gostei tanto de ler este capitulo! Tenho a certeza que na cabeça dele pairam os mesmos sentimentos! Amei!!

Beijos e um excelente dia!

Gaja Maria disse...

Clara é uma otima mãe e será com certeza uma boa esposa :)