Parecia distraído com a conversa, mas estava atento à
jovem, ao seu rubor, ao estremecimento que aquela carícia lhe provocara, ao
esconder do seu olhar nos olhos semicerrados. Estava desejoso de acabar com
aquela representação na cama. Porque ele estava convencido que toda aquela
inocência, não passava de representação, afinal Isabel não era nenhuma
adolescente, e segundo o relatório de Artur, tivera pelo menos um namorado.
- Para onde sigo agora?-perguntou Sérgio ao entrar em
Lisboa.
- Para casa da Natália, na rua Alexandre Braga, em
Arroios. Conheces? – perguntou Ricardo.
-Arroios sim, mas essa rua, não sei onde fica.
- É logo acima do Jardim Constantino, - elucidou Natália.
Pouco depois, estavam à porta do prédio. O casal saiu do
carro e Ricardo pegou na criança adormecida ao colo, para que Natália saísse.
Pouco depois regressavam deixando a menina com
Natália, não sem antes Isabel ter feito um milhão de recomendações à amiga,
como se ela nunca tivesse tomado conta da criança. Depois deixaram Artur, em
casa e por fim, Sérgio deixou-os à porta do prédio onde tinham o apartamento,
dizendo na brincadeira que ia aproveitar a limusina para levar a esposa num
passeio romântico. Ricardo riu-se e despediu-se com uma forte palmada nas
costas de Sérgio.
Tinha parado de chover, e os dois ficaram uns momentos
vendo o carro afastar-se. Depois Ricardo
enlaçou a jovem murmurando:
-Vamos.
Encaminharam-se para a porta no momento em que as
luzes da rua se acenderam. Os dias pelo Natal são muito curtos. Apesar do
relógio marcar pouco mais que dezassete horas, o dia dera lugar à noite.
Eles entraram no elevador em silêncio. Ricardo estava
ansioso por dar livre curso ao seu desejo. Isabel encontrava-se dividida por
emoções contraditórias. Desejava tanto fazer amor, como o receava. Pela sua
cabeça passava uma infinidade de perguntas. Iria saber corresponder aos desejos
dele? Iria ser prazeroso ou iria doer-lhe muito? O que é que um homem
experiente nas artes do amor, espera de uma mulher? Estremeceu, e ele apertou-a
carinhosamente.
-Tens frio? – perguntou solicito.
- Um pouco – mentiu enquanto o elevador parava no andar
da sua nova casa.
Ao chegarem à porta, ele abriu-a, e depois voltando-se
passou-lhe um braço pelo pescoço e o outro pelas pernas e pegou-lhe ao colo.
-Que fazes? – perguntou nervosa.
- Cumpro a tradição – respondeu entrando em casa e
fechando a porta com o pé. Com cuidado, pousou-a no chão, mas não a largou.
Beijou-a apaixonadamente.
- Estava doido para te beijar, para te ter assim,
nos meus braços. Meu Deus nunca um dia foi tão longo.
Ricardo era um homem atraente, que agradava às mulheres.
E elas agradavam-lhe. Essa combinação fazia que nunca tivesse tido problemas em
satisfazer os seus desejos, quando determinada mulher lhe agradava. Isabel
agradava-lhe e muito. Desejava-a mais do que desejara qualquer outra, desde o
primeiro beijo naquela noite. Mas de um modo ou de outro, qual virgem envergonhada,
ela conseguira evitar a união sexual, durante o tempo que mediou entre o ter
aceitado casar com ele, e o dia do casamento. E isso foi exacerbando o seu
desejo até ao limite.
Mas agora eram marido e mulher, e ele não conseguia controlar-se mais.