- Mana, quando vamos a casa buscar o resto das coisas? Preciso dos meus livros, queria fazer uma revisão de matéria antes de começarem as aulas.
Naquele momento, encontravam-se os três na sala, depois das crianças
terem ido dormir a sesta.
- Por mim poderíamos ir hoje, mas não agora que está
demasiado calor - respondeu Ricardo por ela. - Talvez mais para o fim do dia. Estou
ansioso por conhecer a casa em que viviam.
- Porquê? – Interrogou Clara. É uma casa humilde, nada
que se compare com esta.
- E depois? Decerto, perto de algumas onde já entrei,
poderia considerar-se um palácio.
Relembrando a conversa tida no dia anterior na
biblioteca, ela retorquiu:
-Desculpa. De qualquer modo, preferia ir amanhã. Hoje
estou cansada.
- Calculo. Sabes Tiago, que enquanto nos divertíamos na
piscina, a tua irmã fez uma revolução no quarto das crianças? A propósito -
acrescentou voltando-se para ela, - fizeste um ótimo trabalho. Parabéns. Mas não
voltes a fazer o mesmo sem ajuda. Podes magoar-te.
- Não foi nada demais, estou habituada a fazer este
tipo de trabalho. E valeu a pena o esforço, para ver a alegria deles.
- Vai-te habituando - interrompeu Tiago. - Às vezes chegava a casa e levava
cada surpresa que até pensava que me tinha enganado na porta. Foi uma pena que não tivesse continuado a estudar. Estou certo que
seria uma ótima decoradora.
- Mas ainda poderá fazê-lo. É só uma questão de
conciliar horários, - disse Ricardo. - Gostarias de voltar a estudar?
- Talvez um dia quem sabe. Agora tenho algo a fazer, mais importante que qualquer curso.
- Bom, - disse Ricardo - pelo que me disseste, o que há para trazer são
roupas e livros. Excetuando os manuais escolares, temos uma boa biblioteca.
Tenho no computador uma lista de todos os títulos existentes. Poderás vê-la
esta tarde. Não vale a pena trazeres livros que se repetiriam. Podes
oferecê-los a uma instituição. Não disseste que ias dar os móveis?
- Sim. Mas há umas porcelanas antigas, de que não
quero desfazer-me. Guardam muitas recordações. Poderia trazê-las?- Perguntou com
uma certa ansiedade.
-Claro. Podem guardar-se na cave. Mas então será
melhor pedir ao Alfredo que nos arranje umas caixas e nos siga com a carrinha. Vou
avisá-lo daqui a pouco.
- Bom, - disse Tiago, pondo-se de pé. - Se já está tudo
combinado, vou sair. Até logo.
-Até logo, - responderam em coro.
Durante alguns segundos ficaram em silêncio. Depois
Clara perguntou:
-Já pensaste como e quando, vais dizer às crianças que
vais partir?
- Penso nisso todos os dias, desde que soube da
partida, mas quando estou junto deles, não sei como lhes dizer.
- Deves fazê-lo o mais breve possível, para que se vão
habituando à ideia. Se quiseres, posso estar presente. Para que sintam que
estarei a seu lado e que não ficarão sozinhos. Queres fazê-lo depois do lanche?
- Tens razão. Deixar para a última hora, será contraproducente.
Que te parece, se depois de lhes contar, fossemos dar um passeio com eles, e comer um gelado?
-Parece-me bem. Vou ver se já acordaram.
15 comentários:
Esta história promete :-)
Boa noite, Elvira
Mais uma episódio que gostei muito!
As cortinas fecham-se...as vozes calam-se.
Beijos - Boa noite!
Uma conversa muito importante há de vir por aí! Séria!Necessária! beijos, chica
Elvira, estou aproveitando a meia hora que posso ficar no computador pra visitar os blogs e já sinto falta da Clara e das crianças. Estou gostando e queria tomar também um gelado rsrs.
Agora chega o momento mais complicado.
Abraço
Não esperava conseguir ler antes de sair, mas ainda tive tempo.
Um grande abraço, Elvira.
E será que vai mesmo "partir"???
Gostei muito. aliás, estou a adorar a história. :))
Hoje » Poesia sem sonhos
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.
Continuo a acompanhar e a história promete.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
As coisas vão-se compondo,
não as impeça a partida
aqui eu vou acompanhando
tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.
Mais um capítulo importante na formação de uma especial história de amor 💗..
Uma família sendo restruturada! Isso é muito bom!!
Boa quarta-feira, Elvira, o tempo não para...
Bjs
Não me parece que tenha coragem de partir!!!=)
bj
E aos poucos estão se habituando uns aos outros, é um bom sinal.
Não venho de acordo como publicas mas leio os capítulos anteriores e me convenço que é escritora nata,sabes distribuir os apartes de todos os personagens. de modo a formar uma família normal,e nos faz sentir como se conhecêssemos.
Muito bom Elvira.
grande abraço
* estou com pessoa da família no hospital, recuperando-se, e com mais dificuldade de
relaxar mentalmente.Vir aqui é um prazer, mesmo não sendo diariamente,Portanto, caso demore o motivo é real e justo,ok?
Esa noticia que recibirán los niños podría ser terrible para ellos si no se actúa con moderación y psicología. Estoy expectante, Elvira.
Un beso austral.
Tenho pena de não ter lido o início, pois, lendo apenas este episódio e o anterior, parece-me uma história muito interessante e absorvente.
Vou ver se consigo, aos poucos, ler a partir do início.
Continuação de boa semana.
Um abraço
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Bom dia Elvira,
E assim a intimidade entre eles vai acontecendo no meio de diálogos aparentemente inofensivos.
Beijinhos,
Ailime
Enviar um comentário