Enquanto a jovem arrumava a cozinha, na sala, Miguel foi testando as telas e juntando as que já estavam secas, tentando libertar um pouco o espaço. Nunca se tinha preocupado com isso, pois nunca levava ninguém lá a casa, e ele próprio pouco parava por lá. Agora era diferente.
Tinha de sair. Esquecera de comprar roupa para a jovem dormir.
Se ela quisesse sair, podiam ir às compras.
Se ela quisesse sair, podiam ir às compras.
Minutos depois apareceu na cozinha.
- Quando acabar, podemos sair. Quem sabe se recorda de alguma coisa algum lugar.
- Não,- quase gritou a jovem. Depois mais calma acrescentou:
Se não se importa, eu prefiro ficar. Pelo menos hoje. Tenho medo do que posso encontrar. Por favor!
-Você é que sabe. Mas não pode encerrar-se num casulo e ficar a hibernar. Mais cedo ou mais tarde terá que enfrentar o seu medo, e procurar encontrar o seu passado.
- Eu sei. Mas como fazer isso se não me lembro de nada?
- Pode encontrar alguém que a conheça. Que lhe diga quem é.
- E terei que viver segundo o que me dizem, sem saber se é verdade ou mentira? O senhor mesmo, disse que não me conhece e não sabe quem sou. Mas, eu estava sozinha consigo, quando acordei. Como fui lá parar? Quem me levou? E como é que o senhor não viu nada?
- O que lhe disse é verdade, mas parece-me que não confia em mim. A única coisa que posso acrescentar, talvez sirva para a pôr mais confusa ainda. Por isso não lho disse antes. Mas talvez o devesse ter feito. Você preparava-se para saltar da falésia. Eu impedi que o fizesse, desmaiou e quando acordou foi o que sabe. Não há mais nada que eu saiba, ou que esteja a esconder.
Ante a palidez da jovem, calou-se, ajudou-a a sentar-se e preparou-lhe um copo de água com açúcar.
-Eu… eu, ia matar-me? - Balbuciou incrédula.
- A menos que tivesse algum paraquedas escondido, -brincou Miguel tentando desanuviar a tensão da revelação.
- Mas porquê? O que é que eu fiz de tão errado, para querer acabar com a vida?
- As vezes, não fazemos nada. A vida é alegria e dor, e às vezes a dor é tão grande que acaba com a própria existência. Um dia saberemos o que aconteceu, não se martirize mais.
- O senhor é um anjo.
-Longe disso, menina, longe disso. E por favor, o meu nome é Miguel.
A jovem levantou para ele os olhos rasos de água, e murmurou
- Obrigado Miguel.
10 comentários:
A revelação de tentativa de saltar sem pára-quedas talvez lhe devolva algumas lembranças! Vamos esperar para saber.
O meu abraço.
Está complicado a memória da moça. Vamos acompanhando :))
Bjos
Votos de uma óptima Segunda- Feira
Mais um capítulo de leitura agradável e boa! bjs, chica
boa tarde
o Miguel estava com medo de lhe contar esta versão , e realmente tinha razão , pois isto pode complicar ainda mais as ideias da miúda .
JAFR
Complicada vida desta jovem!! Amei!
Beijo e uma excelente semana.
Continuo a acompanhar mas vou ter que parar, vou de férias.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Love is all around ....
Muito para se descobrir!!!=)
bj
Boa noite Elvira,
De regresso e voltando a comentar como habitualmente.
Magnífica a história que tenho seguido em silêncio e que estou a adorar.
Gosto do enredo e da forma como se está a desenrolar.
Um beijinho e boas férias.
Ailime
Há uns tempos existiu um Miguel na sua história, mais velho, apaixonado por uma bela jovem que tinha sofrido de amnésia. Foi uma história que apanhei a meio, mas nao consegui abandonar. Será a mesma? E agora estou a apanhar o início?
Não importa. Estou a gostar e como prometido, vim ler.
Espero que esteja a ter férias maravilhosas, Elvira.
Um forte abraço.
Enviar um comentário