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6.8.18

FOLHA EM BRANCO- PARTE VIII


                                      


Enquanto a jovem arrumava a cozinha, na sala, Miguel foi testando as telas e juntando as que já estavam secas, tentando libertar um pouco o espaço. Nunca se tinha preocupado com isso, pois nunca levava ninguém lá a casa, e ele próprio pouco parava por lá. Agora era diferente.
Tinha de sair. Esquecera de comprar roupa para a jovem dormir. 
Se ela quisesse sair, podiam ir às compras.
Minutos depois apareceu na cozinha.
- Quando acabar, podemos sair. Quem sabe se recorda de alguma coisa algum lugar.
- Não,- quase gritou a jovem. Depois mais calma acrescentou:
Se não se importa, eu prefiro ficar. Pelo menos hoje. Tenho medo do que posso encontrar. Por favor!
-Você é que sabe. Mas não pode encerrar-se num casulo e ficar a hibernar. Mais cedo ou mais tarde terá que enfrentar o seu medo, e procurar encontrar o seu passado.
- Eu sei. Mas como fazer isso se não me lembro de nada?
- Pode encontrar alguém que a conheça. Que lhe diga quem é.
- E terei que viver segundo o que me dizem, sem saber se é verdade ou mentira? O senhor mesmo, disse que não me conhece e não sabe quem sou. Mas, eu estava sozinha consigo, quando acordei. Como fui lá parar? Quem me levou? E como é que o senhor não viu nada?
- O que lhe disse é verdade, mas parece-me que não confia em mim. A única coisa que posso acrescentar, talvez sirva para a pôr mais confusa ainda. Por isso não lho disse antes. Mas talvez o devesse ter feito. Você preparava-se para saltar da falésia. Eu impedi que o fizesse, desmaiou e quando acordou foi o que sabe. Não há mais nada que eu saiba, ou que esteja a esconder.
Ante a palidez da jovem, calou-se, ajudou-a a sentar-se e preparou-lhe um copo de água com açúcar.
-Eu… eu, ia matar-me? - Balbuciou incrédula.
- A menos que tivesse algum paraquedas escondido, -brincou Miguel tentando desanuviar a tensão da revelação.
- Mas porquê? O que é que eu fiz de tão errado, para querer acabar com a vida?
- As vezes, não fazemos nada. A vida é alegria e dor, e às vezes a dor é tão grande que acaba com a própria existência. Um dia saberemos o que aconteceu, não se martirize mais.
 - O senhor é um anjo.
-Longe disso, menina, longe disso. E por favor, o meu nome é Miguel.
A jovem levantou para ele os olhos rasos de água, e murmurou
- Obrigado Miguel.






10 comentários:

António Querido disse...

A revelação de tentativa de saltar sem pára-quedas talvez lhe devolva algumas lembranças! Vamos esperar para saber.

O meu abraço.

Larissa Santos disse...

Está complicado a memória da moça. Vamos acompanhando :))

Bjos
Votos de uma óptima Segunda- Feira

chica disse...

Mais um capítulo de leitura agradável e boa! bjs, chica

Joaquim Rosario disse...

boa tarde
o Miguel estava com medo de lhe contar esta versão , e realmente tinha razão , pois isto pode complicar ainda mais as ideias da miúda .
JAFR

Cidália Ferreira disse...

Complicada vida desta jovem!! Amei!

Beijo e uma excelente semana.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar mas vou ter que parar, vou de férias.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Pedro Coimbra disse...

Love is all around ....

Os olhares da Gracinha! disse...

Muito para se descobrir!!!=)
bj

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
De regresso e voltando a comentar como habitualmente.
Magnífica a história que tenho seguido em silêncio e que estou a adorar.
Gosto do enredo e da forma como se está a desenrolar.
Um beijinho e boas férias.
Ailime

Portuguesinha disse...

Há uns tempos existiu um Miguel na sua história, mais velho, apaixonado por uma bela jovem que tinha sofrido de amnésia. Foi uma história que apanhei a meio, mas nao consegui abandonar. Será a mesma? E agora estou a apanhar o início?

Não importa. Estou a gostar e como prometido, vim ler.
Espero que esteja a ter férias maravilhosas, Elvira.

Um forte abraço.