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12.3.18

A TRAIÇÃO - PARTE XIV




Foi nessa altura que o seu martírio começou. Numa noite em que foram ao teatro, ver uma peça que estava a fazer grande êxito. No intervalo, uma mulher jovem, bem vestida e maquilhada, aproximou-se deles, abraçou João e beijou-o. Depois pendurou-se-lhe no braço, chamando-lhe de amor, e ignorando por completo a sua presença. Ela ficou furiosa, sentiu vontade de bater na descarada, mas conteve-se para não envergonhar o marido. Este porém afastou a mão da outra, e disse:
- Apresento-te Odete a minha esposa. E agora dá-nos licença, temos que ir.
Não lhe apresentara a outra, mas ela soube quem era. Antes do casamento, João falara-lhe de Inês, e de como estivera apaixonado por ela, até descobrir a sua traição.
Depois desse dia, todas as vezes que saíam à noite, encontravam-na sempre. Era como se ela fosse avisada previamente de que iam sair nessa noite e para onde. Descarada, ignorava-a ostensivamente, quando sem pedir licença se sentava à mesa deles no restaurante, ou quando em locais dançantes o convidava para dançar. Numa dessas ocasiões, em que ela fora à casa de banho, foi seguida por Inês, que lhe disse que João continuava apaixonado por ela, e que com ela se encontrava quando lhe dizia que estava até mais tarde no consultório.
Odete engoliu em seco e respondeu com uma segurança que na verdade não tinha, que ela era uma mentirosa, e que confiava no marido. A outra não desarmou e disse que em breve, lhe daria uma prova.
Uma semana mais tarde, numa manhã em que esperava o marido que nessa noite ficara de plantão no hospital, recebeu um telefonema de um número que não conhecia.
Pensando que podia ter acontecido alguma coisa com o seu pai, que andava em viagem atendeu. Era Inês que lhe disse que João não tinha estado de plantão, que tinha passado a noite com ela, tinha acabado de sair, e que no bolso interior do seu casaco ela encontraria a prova de que falava verdade.
Sofrendo, mas ainda incrédula, esperou a chegada do marido, e logo que ele foi dormir, foi ver o casaco dele.
No bolso interior do casaco, havia uma folha de carta, em papel cor-de-rosa, que retirou e leu com a alma em frangalhos.
“Meu querido João
Não sabes como fiquei feliz por teres passado a noite comigo. Creio ter-te dado uma prova real do meu amor por ti, e de como estou arrependida. Espero agora que cumpras o que me prometeste e peças o divórcio para que possamos viver livremente o nosso amor.
Tua
Inês” 
Por cima da assinatura, a descarada depositara um beijo, marcando com batom o desenho da sua boca.
Sentiu-se traída, enojada, e com vontade de vomitar. Não queria voltar a olhar para a cara do marido. Meteu numa mala, meia dúzia de peças de roupa, escreveu um bilhete a despedir-se, passou pela casa da mãe a despedir-se anunciando que ia de viagem, e foi-se refugiar na casa de Isabel, uma amiga dos tempos da escola, enquanto pensava no rumo a dar à sua vida.
No dia seguinte telefonou à irmã, a perguntar se podia ir visitá-la, e uma semana depois estava em sua casa, em Leeds.



E agora? Será que o doutor João tem dupla personalidade? Que vos parece?



21 comentários:

noname disse...

Vou esperar para ver :-)

Boa noite

chica disse...

Puxa, esse doutor tem história!! 😨😨😨vamos aguardar mais ainda! 😘😘chica

Pedro Coimbra disse...

Que a Inês é que está a urdir essa trama toda para separar o casal.
No princípio do meu relacionamento com a minha mulher passei por uma situação algo semelhante com uma maluca que felizmente nunca mais vi (acho que emigrou para o Canadá).
E eu nunca lhe toquei com um dedo!!
Abraço, boa semana

Manu disse...

Há mulheres muito descaradas e sem vergonha, no entanto acho que isto não passa de uma trama para separar o casal.

Abraço Elvira

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Joaquim Rosario disse...

bom dia
depois dos maus pensamentos em relação ao doutor , as coisas estão agora a ficar mais esclarecidas , já que ele com certeza não deve saber da maldita carta , mas ela também não deveria ter tomado essa decisão pois deveria ter tido mais confiança no marido .
JAFR

Os olhares da Gracinha! disse...

Houve traição ... e sofrimento por isso vamos aguardar!!!bj

Tintinaine disse...

O meu pai costumava dizer:
- As mulheres são o diabo!
Na última etapa da minha caminhada, começo a pensar que ele tinha razão.

Uma boa semana, Elvira.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais uma reviravolta nesta história.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

António Querido disse...

Histórias que podem ser reais quem as não teve! Com um pouco de inteligência sabe-se não abrir a porta de entrada.

Aquele abraço.

_ Gil António _ disse...

Mas um homem ou uma mulher trai?Isso não são coisas do passado? Actualmente tudo é tão "moderno", tão "amigo"..., lol
.
* Teus olhos negros ... Dor da minha fantasia *
.
Deixando cumprimentos poéticos

Cidália Ferreira disse...

Eu vou acreditar que a carta não passou de uma mentira venenosa e que por algum motivo lhe foi parar ao bolso. Bastava encontrarem-se no bar.... Isto sou eu a deambular.
Mas sim, pode ter dupla personalidade. O que é mau!

Beijos e uma excelente semana.

Edum@nes disse...

Eu acho que Odete não procedeu como devia. Antes de partir nessa viagem devia antes ter averiguado o que estava escrito nessa folha de papel se de facto correspondia à verdade. O que Odete fez foi por ciumes da outra que a quis ver separada do marido, para ficar ela com ele!
Tenha um um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Cantinho da Gaiata disse...

Uuuiiii, não estava à espera desse episódio, grande descarada essa Inês.
Será que não foi um desvaneio dele? É redimiu-se, afinal nunca chegou a pedir o divórcio, para ficar com a Inês.
Pode ser que ele tenha outra versão desse encontro amoroso.
Bjs vou ficar à espera do próximo post.

Gaja Maria disse...

Ummmm! Armação da Inês?

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Difícil entender quem está mentir, mas parece-me que a Inês não será digna de crédito;))!!
Ou será que o doutor João que também omite alguma coisa? Nunca se sabe,))!!
Beijinhos e óptima segunda.
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Bem que imaginei que tinha o dedo da invejosa da Inês nessa separação abrupta.
Beijos!

aluap disse...

Para mim, a "carta" é uma prova falsa. Foi uma artimanha da Inês, a vilã da história, mas a Odete também não é nenhuma santa; o marido não lhe deu provas de ter sido infiel e mesmo assim abandonou-o.
Um abraço.

redonda disse...

Não, não tem, ela devia era ter conversado com ele!

Portuguesinha disse...

Foi o que pensei.

Não há nada PIOR que pessoas de mau caráter.

Como é obvio, dois inocentes sofrendo cada um para seu lado e sem dialogarem, permitiram que uma dessas pessoas vis da vida, que só sentem prazer em tornar os outros infelizes, saísse vitoriosa.

Parece-me obvio que essa Inês plantou o bilhete no casaco do médico. Tanta vilania! Já detesto Inês. Miserável pobre de espírito.

Boa história, Elvira.
Bem escrita, dinâmica como sempre.

Andre Mansim disse...

Acho que é malandragem dessa Inês...