Foi nessa altura que o seu martírio começou. Numa noite em que foram ao teatro, ver uma peça que estava a fazer grande êxito. No intervalo, uma mulher jovem, bem vestida e maquilhada, aproximou-se deles, abraçou João e beijou-o. Depois pendurou-se-lhe no braço, chamando-lhe de amor, e ignorando por completo a sua presença. Ela ficou furiosa, sentiu vontade de bater na descarada, mas conteve-se para não envergonhar o marido. Este porém afastou a mão da outra, e disse:
- Apresento-te Odete a minha
esposa. E agora dá-nos licença, temos que ir.
Não lhe apresentara a outra,
mas ela soube quem era. Antes do casamento, João falara-lhe de Inês, e de como
estivera apaixonado por ela, até descobrir a sua traição.
Depois desse dia, todas as
vezes que saíam à noite, encontravam-na sempre. Era como se ela fosse avisada
previamente de que iam sair nessa noite e para onde. Descarada, ignorava-a
ostensivamente, quando sem pedir licença se sentava à mesa deles no
restaurante, ou quando em locais dançantes o convidava para dançar. Numa dessas
ocasiões, em que ela fora à casa de banho, foi seguida por Inês, que lhe disse
que João continuava apaixonado por ela, e que com ela se encontrava quando lhe
dizia que estava até mais tarde no consultório.
Odete engoliu em seco e
respondeu com uma segurança que na verdade não tinha, que ela era uma
mentirosa, e que confiava no marido. A outra não desarmou e disse que em breve,
lhe daria uma prova.
Uma semana mais tarde, numa
manhã em que esperava o marido que nessa noite ficara de plantão no hospital,
recebeu um telefonema de um número que não conhecia.
Pensando que podia ter
acontecido alguma coisa com o seu pai, que andava em viagem atendeu. Era Inês
que lhe disse que João não tinha estado de plantão, que tinha passado a noite com ela, tinha
acabado de sair, e que no bolso interior do seu casaco ela encontraria a prova
de que falava verdade.
Sofrendo, mas ainda incrédula,
esperou a chegada do marido, e logo que ele foi dormir, foi ver o casaco dele.
No bolso interior do casaco,
havia uma folha de carta, em papel cor-de-rosa, que retirou e leu com a alma em frangalhos.
“Meu querido João
Não sabes como fiquei feliz por
teres passado a noite comigo. Creio ter-te dado uma prova real do meu amor por
ti, e de como estou arrependida. Espero agora que cumpras o que me prometeste e peças o divórcio para que
possamos viver livremente o nosso amor.
Tua
Inês”
Por cima da assinatura, a descarada depositara um beijo, marcando com batom o desenho da sua boca.
Por cima da assinatura, a descarada depositara um beijo, marcando com batom o desenho da sua boca.
Sentiu-se traída, enojada, e
com vontade de vomitar. Não queria voltar a olhar para a cara do marido. Meteu
numa mala, meia dúzia de peças de roupa, escreveu um bilhete a despedir-se,
passou pela casa da mãe a despedir-se anunciando que ia de viagem, e foi-se
refugiar na casa de Isabel, uma amiga dos tempos da escola, enquanto pensava
no rumo a dar à sua vida.
No dia seguinte telefonou à
irmã, a perguntar se podia ir visitá-la, e uma semana depois estava em sua
casa, em Leeds.
E agora? Será que o doutor João tem dupla personalidade? Que vos parece?
E agora? Será que o doutor João tem dupla personalidade? Que vos parece?
21 comentários:
Vou esperar para ver :-)
Boa noite
Puxa, esse doutor tem história!! 😨😨😨vamos aguardar mais ainda! 😘😘chica
Que a Inês é que está a urdir essa trama toda para separar o casal.
No princípio do meu relacionamento com a minha mulher passei por uma situação algo semelhante com uma maluca que felizmente nunca mais vi (acho que emigrou para o Canadá).
E eu nunca lhe toquei com um dedo!!
Abraço, boa semana
Há mulheres muito descaradas e sem vergonha, no entanto acho que isto não passa de uma trama para separar o casal.
Abraço Elvira
A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
bom dia
depois dos maus pensamentos em relação ao doutor , as coisas estão agora a ficar mais esclarecidas , já que ele com certeza não deve saber da maldita carta , mas ela também não deveria ter tomado essa decisão pois deveria ter tido mais confiança no marido .
JAFR
Houve traição ... e sofrimento por isso vamos aguardar!!!bj
O meu pai costumava dizer:
- As mulheres são o diabo!
Na última etapa da minha caminhada, começo a pensar que ele tinha razão.
Uma boa semana, Elvira.
Mais uma reviravolta nesta história.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Histórias que podem ser reais quem as não teve! Com um pouco de inteligência sabe-se não abrir a porta de entrada.
Aquele abraço.
Mas um homem ou uma mulher trai?Isso não são coisas do passado? Actualmente tudo é tão "moderno", tão "amigo"..., lol
.
* Teus olhos negros ... Dor da minha fantasia *
.
Deixando cumprimentos poéticos
Eu vou acreditar que a carta não passou de uma mentira venenosa e que por algum motivo lhe foi parar ao bolso. Bastava encontrarem-se no bar.... Isto sou eu a deambular.
Mas sim, pode ter dupla personalidade. O que é mau!
Beijos e uma excelente semana.
Eu acho que Odete não procedeu como devia. Antes de partir nessa viagem devia antes ter averiguado o que estava escrito nessa folha de papel se de facto correspondia à verdade. O que Odete fez foi por ciumes da outra que a quis ver separada do marido, para ficar ela com ele!
Tenha um um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.
Uuuiiii, não estava à espera desse episódio, grande descarada essa Inês.
Será que não foi um desvaneio dele? É redimiu-se, afinal nunca chegou a pedir o divórcio, para ficar com a Inês.
Pode ser que ele tenha outra versão desse encontro amoroso.
Bjs vou ficar à espera do próximo post.
Ummmm! Armação da Inês?
Boa tarde Elvira,
Difícil entender quem está mentir, mas parece-me que a Inês não será digna de crédito;))!!
Ou será que o doutor João que também omite alguma coisa? Nunca se sabe,))!!
Beijinhos e óptima segunda.
Ailime
Bem que imaginei que tinha o dedo da invejosa da Inês nessa separação abrupta.
Beijos!
Para mim, a "carta" é uma prova falsa. Foi uma artimanha da Inês, a vilã da história, mas a Odete também não é nenhuma santa; o marido não lhe deu provas de ter sido infiel e mesmo assim abandonou-o.
Um abraço.
Não, não tem, ela devia era ter conversado com ele!
Foi o que pensei.
Não há nada PIOR que pessoas de mau caráter.
Como é obvio, dois inocentes sofrendo cada um para seu lado e sem dialogarem, permitiram que uma dessas pessoas vis da vida, que só sentem prazer em tornar os outros infelizes, saísse vitoriosa.
Parece-me obvio que essa Inês plantou o bilhete no casaco do médico. Tanta vilania! Já detesto Inês. Miserável pobre de espírito.
Boa história, Elvira.
Bem escrita, dinâmica como sempre.
Acho que é malandragem dessa Inês...
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