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15.1.17

UMA HISTÓRIA DE AMOR - PARTE XV


Em menos tempo do que se leva a escrevê-lo, Simão estava atrás dela, abraçando-a com firmeza. Intensificou-se o choro feminino, o frágil corpo sacudido pelos soluços.
Não chores Ana. Não suporto ver-te chorar, - murmurou atormentado.
Ela voltou-se. Continuava presa nos firmes braços dele. Ergueu o seu rosto choroso, e fitou-o. Ele não desviou o olhar. Durante alguns segundos, que aos dois pareceu uma eternidade, permaneceram assim, olho no olho, deixando que a alma aflorasse ao olhar e desvendasse  todos os seus segredos.
Com suavidade ela afastou-se. Voltou-lhe as costas murmurando.
-Não pode ser. É uma loucura.
- Eu sei, - respondeu ele, a voz rouca pela emoção. Percebes agora porque fui viver para Paris? Porque evito aproximar-me de ti?
Voltou-se. Olhou-o tentando mostrar uma serenidade que não sentia.
- Nunca me passaria pela cabeça. Não pode ser. Estás a confundir tudo e a deixar-me confusa. Somos irmãos. Os melhores irmãos do mundo, lembras-te? Tens que esquecer isso que pensas sentir. Temos que esquecer. Temos que esquecer,- repetiu
- Se repeti-lo vezes sem conta, servisse de alguma coisa, já o tinha esquecido há muito tempo, - disse ele com amargura.
Sentia-se indigno dela, dos pais, dos irmãos. Traíra a confiança de todos albergando aquele sentimento. Não lhe servia de consolo, saber que não estava a cometer um pecado, aquele sentimento não era incestuoso, eles não eram irmãos. Porque na verdade, não importava que o não fossem, se era assim que ela e toda a família o sentiam.
- Dadas as circunstâncias, peço-te que me perdoes a minha insistência. Desejo, que consigas esquecer, e perdoar-me. Não irei logo ao aeroporto. Despeço-me aqui.
Aproximou-se dele como fazia antigamente. Com a mesma confiança, de outrora, ofereceu-lhe o rosto para um breve beijo de despedida.
Como podia fazê-lo, com um homem que estava doido de amor por ela? Como podia ser tão ingénua para não pensar que ele seria incapaz de resistir, a provar as delícias da sua boca, agora que ela tinha descoberto o seu segredo?
Subitamente envolveu-a nos braços, e a sua boca aprisionou a  dela, num beijo intenso, onde deixava bem expresso o amor que lhe atormentava a alma.
Inicialmente recebeu-o surpresa, depois indignou-se.
Empurrou-o com força.
- Como pudeste fazer isto? É infame. Nunca te perdoarei.
E saiu a correr, fechando a porta atrás de si.



19 comentários:

Tintinaine disse...

Surpresa! Por esta eu não esperava! E eu que julguei que ela estava mais apaixonada que ele!
Estou a ver que esta história ainda vai dar muitas voltas.
Obrigado pelos votos de saúde da minha mais-que-tudo. Aquilo vai devagarinho, mas há-de passar.
Um bom domingo. Aqui brilha o sol, enquanto o termómetro desce!

Beatriz Pin disse...

Mestra nestas historias de amor e desamor, de situacións límite, de passións incontibeis numa lingua que entendo e que gostaría de saber escriver e falar, pois é como a nossa pero con diferente ortografía. Sempre eses suspenses que nos deijan prendidos ainda que eu non son perseverante nas lecturas. Agradezo seu comentario. Um abrazo e boa fin de semana.

Os olhares da Gracinha! disse...

Os sentimentos de amor e desamor...dão encanto à história!!!
Bom domingo!!!

Os olhares da Gracinha! disse...

Olhares novos e poesia:
https://mgpl1957.blogspot.pt/2017/01/mar-portugues.html

bj

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, é uma historia e pêras que faz pensar, qual seria a reacção num historia igual?.
AG

Marina Filgueira disse...

¡Hola Elvira!!!

Bella prosa nos deja envuelta en amores y desamores porque así es vida amorosa!
Te felicito porque eres única con tu pluma, lo bueno para mí sería seguir todos los capítulos-.
Pero estuve ausente bastante tiempo por no sentirme bien y ahora voy con mucha calma correspondiendo a todos los que me dejáis vuestra apreciada huella, me encanta esta historia salpicada de poesía, mas me queda la gana de saber el relato anterior, haber si puedo echar un vistazo.

Bueno, pues hasta otro momento, te dejo mi cálido abrazo, mi gratitud e inmensa estima.

Feliz domingo, reina.

Anete disse...

Olá, Elvira...
Um romance impossível?! Surpresas vêm por aí...
Aguardarei p ver o desenrolar...
Bjs e bom domingo...

Prata da casa disse...


Oh, o enredo complica-se! Como irá acabar?
Bjn
Márcia

aluap disse...

Pensava que ela ia corresponder, mas ainda penso que ela vai de férias para Paris!
Bom domingo/beijinhos.

Blog da Gigi disse...

Abençoado domingo! Beijos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Muito interessante, eu quase que adivinho o final, mas, posso ter alguma surpresa.
Seguindo atentamente a saga
bom domingo
beijinho
:)

Socorro Melo disse...


Ufa! Estou amando a história. Este capítulo, em particular, me deixou sem respirar, durante todo o tempo da leitura. Você é D+



Bjos

Edum@nes disse...

Mais forte foi o desejo,
que os uniu num abraço
saboreando um doce beijo
olho no olho, lábio no lábio!

Tenha amiga Elvira uma boa tarde de domingo, um abraço,
Eduardo.

Gaja Maria disse...

Não vai ser fácil, é uma situação complicada, mas não o amará também ela?

maria disse...

Surpreendente...pois é... e agora? Como irá Ana, lidar com esta descoberta? não deve ser fácil...estou muito curiosa!

Pedro Coimbra disse...

Adivinhava-se que era para aqui que se caminhava.
O consanguinidade é só uma parte.
Conviver com uma pessoa como irmã(o) toda a vida na minha cabeça impede a paixão.
Boa semana

São disse...

A Vida tem destas situações....

Beijufos

Berço do Mundo disse...

Cheguei num momento escaldante e complexo. A Elvira sabe como prender o leitor.
Continuo para ver o que se segue

Lua Singular disse...

Meu Deus, como pode.
Dê um jeito que ela seja irmã adotiva.
É muito amor.
Beijos no coração
Lua Singular