Ana, dava voltas e voltas na cama, presa de insónia. E não encontrava explicação para isso. Tinha jantado com a irmã e o futuro cunhado. O jantar estava delicioso, a conversa amena. Depois passaram lá por casa, para verem o álbum. Tinham-se entretido com as recordações que cada foto representava. Matilde acabara levando-o como tinham combinado. Na segunda-feira ela iria à ourivesaria.
Ultimamente quase não se tinha encontrado com os irmãos,
cada um preso às suas rotinas, os empregos, as casas, os filhos. A única exceção eram os domingos. Sim porque nesse dia almoçavam todos juntos na casa paterna.
Todos exceto Simão. Tinha ido para Paris há anos e por lá ficara.
Tinha saudades dele. De todos os irmãos, era Simão aquele de quem mais sentia
saudades quando lembrava a sua infância. Ela e Matilde eram as mais novas. E
ele estava sempre perto delas. Quando caíam e esfolavam um joelho, quando
foram para a escola, quando começaram a sair à noite. Ele era o anjo da guarda
delas, sempre pronto a aliviar os seus pequenos desgostos. E quando ele partiu para Paris elas choraram abraçadas, sentindo já a dor da saudade. Depois foram-se habituando à sua ausência.
Durante um tempo, Simão vinha a casa, sempre que algum dos irmãos, ou os pais faziam anos. Mas depois do casamento dos irmãos, nunca mais tinha voltado. Decerto
viria para a festa de aniversário do casamento dos pais.
Sabia que era uma data muito importante para eles.
Como estaria ele? Viria sozinho? Traria mulher? Quem sabe, se teria casado, sem a família saber.
Deu mais uma volta na cama, recordando o recente
rompimento do seu quase noivado.
Pensava ter encontrado por fim o amor. Mas foi mais uma
desilusão. Tudo ia bem, enquanto a intimidade não entrou em jogo. Quando isso
aconteceu…
Ela não era uma adolescente romântica. Não sonhava com um
amor platónico. Não acreditava no amor sem sexo, como não não acreditava no sexo, apenas como uma necessidade física. Para ela um era o complemento do outro.
E ela não seria capaz de repetir a experiência com Paulo.
Talvez fosse demasiado exigente. Mas, ou encontrava o que
queria, ou ficava solteira o resto da vida.
13 comentários:
Estou a gostar da história.
Um abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Acho que a Ana é que devia dar aos pais o album, não a Matilde.
Bom domingo!
Um viva à sua capacidade criadora, Elvira.
Abraço
seguindo...isto está bem engendrado.
vamos aguardar!
beijinho
:)
Tudo leva a crer que Ana e Simão estão predestinados a um amor que nada tem de pecaminoso ou incestuoso. Veremos o que a sua criadora decide. Louvo-lhe a capacidade de escrita, como quem bebe um copo de água...a inspiração escorre-lhe da mente como a água pela garganta.
As vinte e quatro horas do meu dia passam sem que eu tenha, por vezes, tempo de pensar para além do que farei para as refeições...:)
Um abraço, boa semana.
Sempre à espera das reviravoltas da vida, e da escrita da autora...
Abraço do Zé
Passei para acompanhar os seus contos, mas hoje está na hora de ir dar umas voltas na cama até adormecer, mas quando embalo é até às oito da manhã!
O meu habitual abraço.
Deve-se procurar encontrar TUDO.
Quase nunca se consegue mais isso não deve impedir que se tente.
Boa semana
Por ele terá de caminhar,
se for esse o seu caminho
esse pode ser o seu pensar
mas, quem manda é o destino!
Tenha um bom dia amiga Elvira.
A Ana continua com as suas recordações!
Oi Elvira
Está lindo o desenrolar da história.
Adorei a postagem
Beijos
Lua Singular
Boa noite, querida Elvira!
A cada capítulo uma estranha sensação me dá...
Bjm muito fraterno
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