foto google
Entrou no prédio e dirigiu-se ao elevador
- Boa tarde menina, - saudou a porteira que
se dirigia para a porta da rua com um balde e uma esfregona.
- Boa tarde D. Rosa. Desculpe não a tinha
visto. E dizendo isto abriu a porta do elevador.
- Não faz mal menina. Tenha cuidado ao sair
do elevador, o chão pode não estar seco ainda.
- Terei cuidado. Até logo e obrigada pelo
aviso
- Até logo menina. Vá com Deus.
A conversa com a porteira tivera o condão de
a desviar dos seus pensamentos e sentia-se agora mais calma.
Quando em 2007 ela fora morar para o prédio
já a D. Rosa lá estava. Era uma mulher sozinha. O marido morrera há anos e o
único filho que tivera emigrara para França. Queria fugir dum futuro sem
esperanças. Lá casou e lá foi pai por duas vezes. A princípio vinha sempre a
Portugal, todos os anos em Agosto. Depois os filhos começaram a crescer, foram para
a escola, arranjaram amigos e foram-se desinteressando das férias em Portugal.
Afinal lá é que era a sua terra e lá estava o seu futuro. Se a nora fosse
portuguesa, decerto faria pressão para vir ver a família. Mas não era. Aos
poucos as visitas foram rareando. A última vez que viu o filho e os netos foi
no funeral do marido. Nessa altura o filho insistiu em levá-la, tinha lá boa
vida que comprara há poucos meses, e até tinha um quartinho para a mãe. Mas ela não quis.
Costumava dizer “Vivi aqui toda a vida, quero repousar aqui". E depois
eles têm lá a sua vida os seus costumes e eu ia para lá servir de estorvo. São
outras terras, outras modas."E burro velho não aprende línguas".Aqui,
tenho a sorte de ter este trabalho, tenho a casa, não pago renda, os inquilinos
são como amigos, tratam-me com carinho que mais hei-de querer?”
Um dia Isabel perguntou-lhe: - Mas não tem
saudades deles?
-Ai menina, se tenho. É uma mágoa sem
tamanho. Mas sabe a minha avó sempre dizia. Quando casamos uma filha, ganhamos
um filho, quando casamos um filho perde-mo-lo.
- Nem sempre D. Rosa, nem sempre.
- Claro, menina há excepções. Mas do mesmo
modo que uma filha puxa o marido para nós, a nora também puxa o marido para a
família dela. É a ordem natural das coisas.
Isabel gostava dela. Talvez fosse a solidão
das duas que as aproximava.
Tomou um duche rápido, envolveu-se num roupão
de seda e dirigiu-se à cozinha.
Na dispensa havia sempre uma
latinha de milho. Decidida fez uma salada de frango.
20 comentários:
Hoje vim até aqui. Gosto de ler estes textos. Gosto de perceber as suas tramas e os seus pensamentos.
Ainda não arrumei a casa e cada dia se torna mais difícil.
Ainda não consegui encontrar as definições para colocar a lista de amigos e de leitura. Haverei de chegar. Com o primeiro blog parece que tudo foi fácil.
Desejo que tudo vá bem coma Elvira e os seus.
A vida é um presente que vamos abrindo e amando.
Conheço muito bem todos esses pormenores que descreve acerca de casar fora de Portugal e dos filhos crescerem fora do país e pouco se sentirem ligados a ele.
Um abraço
Apanhei o comboio da manhã e passei por aqui, para não perder o desenrolar da história, gostei da salada de frango ao pequeno almoço!
Com o meu abraço.
Ótimo dia!!!!!!!!!!!! Beijos
Fiquei a pensar no porquê de o Luís lhe ter dado um nome falso. Será um escroque? Em breve o saberemos!
a passar para acompanhar a história...e aquela foto já me abriu o apetite.
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Muito interessante e absorvente!
Abraço,
Rui
Elvira
estive a ler os anteriores para seguir a trama que promete.
muito talento para a narrativa tem a Elvira.
beijinho
:)
Gosto do que e como escreve! Este texto tocou-me particularmente na parte em que "casamos um filho e perdemo-lo". Há raras exceções, mas acredito que seja mesmo assim.
Tenho que aproveitar enquanto os meus são pequeninos e mostrar-lhes que a família é o pilar, o resto são acrescentos.
Beijinho e boa semana
www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt
É verdade na grande maioria das vezes. quando os homens casam, passam a ser dominados pelas mulheres e se elas implicam com a sogra, ele acaba por afastar-se da familia para não haver conflitos em casa. Raro é o caso em que a sogra e a nora dão-se bem mas acontece!
Abraço
Isabel tem com certeza vontade de se cruzar com o homem dos olhos cinzentos, mas ao mesmo tempo parece não ter coragem para o enfrentar? Todavia, se eles se amam o destino os há-de juntar!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
A ler a continuação da história :)
Beijinho Elvira
Acompanhando...
O nome falso deve ser para "baralhar" os leitores.
(Tenho cá a minha ideia, vamos ver...)
Bjo, amiga :)
Bom dia, Elvira.
A narrativa prossegue criativamente. Estou gostando do que que li nos dois últimos capítulos.
É mesmo, quando casamos um filho é bem diferente de filha. Precisamos agir com muita sabedoria!
Vamos adiante. Vêm boas novidades por aí p Isabel.
Beijinhos
Bom dia!!
Que boa história, pelo que li até agora, promete muito!
Eu tento ao máximo agradar as minhas noras ( uma nora e duas namoradas) para que sintam prazer em vir aqui, e desmistificam esta lenda que sogra é chata rsss...
Um grande abraço Elvira!
Mariangela
Lindo dia!!!!!!!!! Beijos
Isso também me passa a mim, desconheço as artes culinarias, limito-me ao dama, valete e rei, mas la vai saindo. Ela sim é uma artista, eu só ajudo.
O texto, como sempre, uma maravilha.
Besos, nuestros.
Adoro ler o que escreve Elvira
Muitos beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.com
É muito bom ler você querida Elvira, um abraço.
Mais um capitulo super empolgante!
Adorei os diálogos!
Bjs
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