Emocionado, ele agradeceu-lhes, e ofereceu os seus préstimos para tudo o que o casal precisasse. E terminou dizendo:
-Só não vos ofereço a minha amizade, porque não sei se a amizade de um traste como eu, vos interessa.
A resposta foi um forte abraço de Tiago e o convite do casal, para fazer parte da sua ceia de Natal, já que Teresa e o filho, costumavam passá-la com eles todos os anos. Aceitou, com o coração cheio de gratidão.
Depois jantaram em casa de Teresa, com Martim a falar pelos cotovelos, e a fazer inúmeras perguntas ao pai. E ele emocionado, abraçando-o e brincando com ele. Quando foi para a cama, Martim fez questão de ser o pai a ir com ele, e a contar-lhe uma história.
Para a noite ser perfeita, faltou pernoitar lá em casa, mas compreendia que Teresa precisasse de algum tempo para assimilar a nova vida. Percebeu que se queria reconquistá-la, não podia nem devia forçá-la.
Para a noite ser perfeita, faltou pernoitar lá em casa, mas compreendia que Teresa precisasse de algum tempo para assimilar a nova vida. Percebeu que se queria reconquistá-la, não podia nem devia forçá-la.
No dia seguinte, foram os três às compras. Presentes de Natal, e não só. Para eles e para Luísa, o marido e o filho. Depois foram para casa de Rui. Tê e o filho conheceram então a grande e luxuosa casa. Na sala de entrada, Rui pegou o filho ao colo e mostrou-lhe o retrato da mulher, que dominava o espaço, dizendo:
- Martim, esta era a tua avó. Uma grande mulher.
A criança olhava tudo com espanto. E com a curiosidade própria da idade, queria ver tudo. Na sala, em cima da mesinha estava o saco preto com os desenhos cinzentos, que guardava os ténis. Rui perguntou:
- Achas que servem ao Martim? Gostaria que ele os usasse se lhe servirem. Se ele os usar, é como se finalmente, eu os pudesse calçar.
- Sim. São muito bonitos, e ele nunca teve nada parecido. Vamos ver se lhe servem.
Serviam. A criança ficou encantada, e não parava quieta, só para ver as luzinhas nos ténis. Rui sorria feliz. Depois, pegando na mão de Teresa, perguntou.
-Gostas da casa? Se gostares, podemos ficar a morar aqui. Claro que poderás mudar a decoração, certamente haverá coisas de que não gostes. E quero que saibas que nunca trouxe nenhuma outra mulher a esta casa, - acrescentou fitando-a muito sério.
- Eu sei. Soube-o quando apresentaste a tua mãe ao Martim. Gosto da casa. Deveríamos mudar os sofás, ou forrá-los de novo. O branco é incompatível com crianças. Também não gosto dos reposteiros, são demasiado pesados. O resto está perfeito. Ah! E temos que fazer umas alterações num dos quartos. Decorá-lo mais de acordo com a idade do Martim.