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4.11.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XII


Esperando por Francisca, Afonso recordava aquela tarde três meses antes, quando Graça lhe aparecera no escritório, com aquela que hoje era sua mulher. Habituado a ver belas e desenvoltas mulheres, a jovem parecera-lhe um ser indefeso e assustado. Avançou para ela.
- Boa tarde. Sou Afonso, advogado, viúvo e com duas meninas de tenra idade. Parece-me que a minha irmã já lhe falou do nosso plano. Pretendo alguém de confiança, que goste de crianças e que possa criar as minhas filhas com carinho. A Graça contou-me a sua situação, sei que está com dificuldades e precisa de ajuda para criar os seus filhos. O que lhe proponho, não é um casamento normal como é evidente, mas um casamento de  conveniência, de modo a que os meus sogros não possam ter a veleidade de me tirarem as crianças, alegando que não tenho tempo para elas, ou que estão entregues à empregada. Casando-me, aos olhos da comunidade tenho uma família estável. Eu cuidarei que nada falte a seus filhos, e você cuidará que as minhas não sintam a falta da mãe nestes anos mais próximos em que ela tanta falta faz. Elas são demasiado pequenas, uma tem três anos, a outra, doze meses. Quando crescerem não terão memórias da mãe, mas de quem esteve sempre com elas. Em público seremos um casal, com uma família feliz, dentro de casa seremos uma espécie de amigos, ou companheiros de trabalho com deveres comuns. E claro, teremos quartos separados.
A jovem mantinha-se calada. Dava para ver que estava nervosa pela maneira como retorcia a asa da mala. Estava envergonhada. Afonso percebeu-o. Continuou.
- Não fique envergonhada, como se eu estivesse a tentar comprá-la. Veja isto como um contrato de trabalho, embora seja um contrato especial. Amei muito a minha mulher. Esse amor é o escudo que não me deixa voltar a pensar em me apaixonar e ter um casamento normal.  Só as minhas filhas me interessam. A Graça disse-me, que também não tem interesse em ninguém. É verdade?
Francisca assentiu com a cabeça. Ele continuou.
-Exijo respeito absoluto. Não posso impedi-la de voltar a apaixonar-se. Mas se isso acontecer quero que seja franca. Arranjarei maneira de libertá-la. Estas são as minhas condições. Espero que as aceite e que me ponha as suas. Depois farei um documento escrito que registarei em cartório e cada um ficará com uma cópia. Não quero correr riscos.
Calou-se. Pela primeira vez a jovem olhou-o nos olhos. Depois murmurou:
- Aceito as suas condições. Tem razão quando diz que me sinto como se estivesse à venda. Estou tremendamente envergonhada. Mas o que me oferece é muito atractivo para uma mãe que vê seus filhos precisados de coisas tão básicas como vestir e calçar e não sabe como comprá-las. Se não fossem eles, não estaria aqui. Não me desagrada cuidar das suas meninas e acredite que o farei de todo o meu coração, tentando que elas não sintam a falta da mãe. Mas o que me oferece não é um emprego de ama,  e daí esta sensação de algo imoral.
Afonso admirou-lhe a franqueza. Ela continuou.




17 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Vai dar em romance, aposto!
Bfds

chica disse...

Gostando de acompanhar e esperando mais! bjs, chica

Anete disse...

Um estranho contrato mesmo! Entretanto, vamos ver os próximos passos, de repente surpresas podem surgir...
Torcendo... A vida tem umas "ondas" interessantes...
Bom fim de semana, Elvira...
Abraços

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou como o Pedro isto vai dar romance.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar

Isa Sá disse...

Continuando a acompanhar a história...


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Prata da casa disse...

Também acho que vai dar romance.
Bjn
Márcia

Odete Ferreira disse...

Parabéns, Elvira. Estou a gostar muito da narrativa;li, de seguida, os últimos 6 capítulos. Confesso que me surpreendeu, pela positiva, a trama engendrada.
Bjo

Janita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Janita disse...

Tanto Francisca como Afonso, são pessoas íntegras e de carácter, pelo que daquele contrato só pode resultar uma boa relação de amizade e entre-ajuda ou...
Os próximos capítulos, que aguardo expectante, o dirão.:)

Um abraço, Elvira.

luisa disse...

Tenho a leitura de alguns episódios anteriores em falta... Tenho de voltar atrás. :)
Bom fim de semana, Elvira.

Edum@nes disse...

Não acredito no que acabei de ler! Melhor dizendo, acredito que os dois pombinhos, dentro do mesmo ninho, não serão capazes de resistir à tentação?

Boa noite e bom fim de semana, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

madrugadas disse...

Um acordo assinado. Promessas de respeito e de muita amabilidade.
O elo mais forte - As crianças.

Dorli Ramos disse...

Oi Elvira
Eu não aguentaria essa situação, iria trabalhar e colocaria minhas filhas na creche. Quanto mais difícil é a vida, mais causos temos que contar aos nossos amigos.
Beijos
Minicontista2

Gaja Maria disse...

Situação estranha, vamos ver como se desenvolve. Abraço Elvira

Rosemildo Sales Furtado disse...

Geralmente, a franqueza leva à solução, seja ela boa ou ruim. Continuo gostando.

Abraços,

Furtado

Smareis disse...

Eu estou amando a história. E bastante curiosa também risos.
Beijos!

maria disse...

A Francisca é uma mulher corajosa...vamos ver!