Teresa levantou-se cedo nessa
manhã, embora não tão cedo como antes de ficar grávida, quando chegava à
pastelaria antes das cinco da manhã.
No dia anterior, quando
chegara a casa extremamente nervosa por todas as emoções que sofrera desde o
momento que entrara no Centro Médico até à altura em que abandonou o parque da
TecnInformática, depois da longa conversa com o empresário, tomara um duche,
vestira um curto pijama de algodão e bebera um copo de leite. De seguida
estendera-se no sofá para um curto descanso e adormecera. Quando acordou, eram
quase dez da noite.
Embora sem fome, mas pensando
no bebé fez uma refeição frugal, e foi para a cama. Porém, ou por causa das
horas que tinha dormido anteriormente, ou porque só naquele momento conseguisse
racionalizar o que lhe acontecera, levou horas para adormecer, e o pouco tempo
dormido foi cheio de pesadelos, em que se via a ter o seu filho e quando depois
do nascimento pedia que lho mostrassem, a enfermeira ria-se e dizia-lhe que o
bebé não era seu, e que já o entregara ao pai.
Acordou transpirada e aflita.
Tomou o duche, secou os cabelos, que prendeu numa trança e vestiu-se. Correu a
persiana e abriu a janela para arejar o quarto. O céu mostrava um azul
brilhante e sem nuvens e o ar era ameno.
-Outro dia de calor
insuportável – murmurou
Olhou o relógio. Seis e um
quarto e o sol já nascera. Os longos dias de Verão, eram a sua paixão, embora o
calor infernal dos últimos dias a fizessem recordar com saudade os meses amenos
da Primavera.
Enquanto tomava o pequeno
almoço, recordou mais uma vez, a conversa com o empresário. Surpreendera-a. Depois de tudo o
que lhe tinham dito, julgara-o um homem arrogante e convencido, inflexível na
sua decisão de ir para a justiça e mentalmente tentara preparar-se para um duro
confronto, a fim de conseguir convencê-lo a não prosseguir as investigações e a ida ao
tribunal, porém fora muito mais fácil do que pensara.
Apesar da dureza latente no
empresário, e de alguns avisos da sua parte, ele mostrara-se bem mais
compreensivo e confiante do que ela esperara. Todavia não podia esquecer que os
dois eram pais daquela criança e os dois a queriam, pelo que teriam de tomar
uma decisão o mais justa possível, e essa decisão iria fazer com que os dois
tivessem de conviver. Não era de modo algum, o futuro que sonhara, quando
decidira ser mãe daquela forma.
Acabou o pequeno almoço, e
depois de uma passagem pela casa de banho, para lavar os dentes, fez a cama,
trocou os chinelos por umas práticas sandálias sem salto, fechou a janela, correu a persiana para evitar o aquecimento do quarto, e saiu. Olhou o relógio.
Quase sete e meia. A Inês só chegaria perto das nove, mas ela tinha que
verificar alguns documentos antes. Pegou nas chaves do apartamento e saiu. Como
a pastelaria ficava no passeio contrário, a menos de cem metros de distância do
apartamento, nunca usava o carro.
Sabia que ia sentir saudades
não só do trabalho na pastelaria, mas também do convívio com os clientes. Salvo
um ou outro turista, a esmagadora clientela era composta por moradores da
avenida e ruas adjacentes, que ela conhecia desde os tempos em que era apenas
mais uma empregada. Eram muito mais do
que clientes; eram amigos a quem ela tratava pelo nome.
16 comentários:
Ansiedade e inquietação, não são emoções desejáveis durante os primeiros meses de gravidez. Esperemos que a futura mamã se acalme.
Boa noite e um abraço.
Boa noite, Elvira
Minha querida Elvira
A adorar o desenrolar da história
Continuação de bom mês de Agosto
Deixar para trás uma vida para começar outra.
Conheço a sensação.
Abraço
Vai correr tudo bem, como diz o optimista!
Uma noite mal dormida e nada recomendável. Adiante! :)
Abraço e saúde, Elvira.
Teresa está a sofrer por antecipação, mas... neste momento, metade dela é exactamente uma vida antecipada... é quase impossível exigir objectividade a uma gestante. Todas ou quase todas nós, mulheres, ficamos emocionalmente vulneráveis quando estamos grávidas...
Forte abraço, Elvira.
Mais um belo capitulo, gostei.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Ela tem razão pra angústia e ansiedade sentir...Vamos acompanhando!beijos, tudo de bom,chica
Olá boa tarde...aguardamos o nascimento do bébé e por um final feliz.)
Após o diálogo que teve frente a frente com o empresário.Teresa parece estar mais esperançosa/confiante. Quanto ao futuro da criança, quando nascer. Se até lá não houver alguma, desagradável, reviravolta.
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Muito bom este episódio! :))
🌹🌼
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Uma luz que serena a minha alma.
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Beijo e uma excelente noite!
Boa noite Elvira,
Decerto Teresa anda angustiada, porque pensa que ainda poderá passar por momentos difíceis.
Espero que não e que ambos se entendam sempre o melhor possível.
Beijinhos,
Ailime
Ora bem, leitura retomada desta história bem contada.
Beijo.
Muita ansiedade vai acompanhar toda gravidez, mas ela supera tudo isso.
Abraços fraternos!
E entre a evolução natural da história é-nos colocado mais um pequeno tema, muito usual na vida real, a relação cliente habitual que muitas das vezes parece ganhar características familiares.
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