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19.6.20

ISABEL - PARTE XXVIII



foto do google

Isabel não saiu nesse fim de semana. Perdeu-se nas lides domésticas,  tentando esquecer o seu desassossego. E na semana seguinte tinha uma campanha para produzir e entregar o que tornou o trabalho tão intenso, que esqueceu por completo outros pensamentos que não os da campanha publicitária em curso. Foi uma semana de loucos, com o cliente a rejeitar as suas ideias iniciais, o que a fez temer não conseguir cumprir o prazo, mas felizmente conseguiu.
No início da semana seguinte quando Amélia e Luísa chegaram, já a encontraram à secretária embrenhada no trabalho. Ainda não ganhara coragem de contar à amiga, o que se tinha passado naquela Sexta-Feira quando se dirigia para os correios. Por sorte, nessa manhã, Hans telefonou-lhe da Alemanha. Tinha um novo trabalho para ela, desta vez uma coisa diferente e muito especial. Ele e Anne iam casar e queriam a sua presença na cerimónia,  como madrinha. Hans era um grande amigo. Fora ele que a recebera quando ela ganhara, quase em início de carreira, o concurso para novos talentos e fora ele quem já lhe arranjara alguns contratos vantajosos para a Alemanha. Vivia com Anne há alguns anos, mas agora queriam oficializar a relação.

-Não queremos que o Peter nasça antes do casamento.

Isabel ficou maravilhada. Então eles iam ser pais. Apesar de Hans ter feito o convite quase em cima da hora, (faltavam cinco dias para o casamento), aceitou sem hesitar.
 Desligou.
- O Hans vai casar e convidou-me para madrinha, disse com a alegria duma criança a quem prometem um brinquedo novo.
Embora não o conhecesse pessoalmente, Amélia, já tinha ouvido falar muito daquele alemão. Levantou-se e foi até à secretária de Isabel.
-Quer dizer que te vais ausentar de novo? E para quando é o casório?
- Sábado.
- Este sábado?- espantou-se Amélia. - Como é possível? Desculpa mas o teu amigo é doido.
Isabel riu.
- Luísa, liga para o aeroporto e vê se consegues marcar voo para amanhã à tarde ou para Quarta-feira. Amélia, preciso de ti, esta tarde para me ajudares na compra da “fatiota”
- Retiro o que disse. O teu amigo não é doido. Vocês são doidos!
Isabel não respondeu. Afinal aquele convite era como uma bênção divina. Seria maravilhoso rever os amigos e sobretudo sair à rua sem recear encontrar Luís.
Não sabia ao certo se temia o homem ou as emoções que ele lhe despertava. Mas sabia que temia encontrá-lo de novo.
Nessa mesma tarde depois de despachar as coisas mais urgentes saiu com Amélia para escolherem a "toilette" para a cerimónia. Escolheu um vestido longo em crepe cor de vinho,  que punha em destaque a beleza do seu colo, e ombros. Sapatos de salto alto em cetim bordado e uma pequena bolsa a condizer. A empregada da loja disse-lhe que não era necessário ser tudo a condizer, a moda actual permitia jogar com as cores, mas Isabel não estava muito convencida disso, e sentia-se mais confortável assim. Como o clima na Alemanha era diferente, comprou também um bolero em veludo, cor de marfim para o caso de precisar.
Ao vê-la, enquanto se mirava no espelho do gabinete de provas, para ver se o
agasalho ficava bem com o vestido, a amiga disse:
- Se o homem dos olhos cinzentos te visse assim, nunca mais te largava. E se ele for o padrinho?
Estremeceu
- Não sejas tonta Amélia.
- Eu? Já pensaste nas voltas que a vida dá e nas coisas estranhas que nos acontecem?
 -Não tenho pensado noutra coisa nos últimos tempos.
 Quando dois dias depois se despediam no aeroporto Amélia disse-lhe:
 - Um casamento é sempre uma óptima ocasião para se arranjar namorado. Oxalá o padrinho seja interessante.
 Não pode deixar de rir. E retorquiu:
 - Não estou à procura de namorado, muito menos vou lá com essa intenção. Vou porque adoro aqueles dois e estou muito feliz por eles.
 - Pois era bem melhor que estivesses feliz por ti,- resmungou Amélia.


                                             


12 comentários:

noname disse...

Também eu me questiono, será o Luis o padrinho? ahahah

Boa noite, Elvira

Alexandra disse...

À 1h da madrugada passei para ler mais um capítulo.

a falta de tempo está a dar comigo em doida!

Um abraço e boa noite, Elvira.

Pedro Coimbra disse...

Quem será que ela vai encontrar na cerimónia??
Bfds

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Será que o casamento os vai juntar?
Era interessante que assim fosse.
Beijinhos e um dia agradável.
Ailime

Tintinaine disse...

Encontrá-lo na Alemanha seria o cúmulo das coincidências, mas a autora é que sabe!
Bom fim de semana!!!

Maria João Brito de Sousa disse...

Hummm... o Luís pode não ser o padrinho, mas tenho um passarinho a segredar-me ao ouvido que o rapaz dos olhos cinzentos vai estar nesse casamento :)

Forte abraço, Elvira!

chica disse...

E vem coisa boa nesse casório, na certa! Gostando! beijos, lindo dia! chica

" R y k @ r d o " disse...

Acompanhando curioso
.
Tenha um dia feliz
Cumprimentos

Cidália Ferreira disse...

O Mundo é pequeno. Podem haver surpresas!:))
-
Sonho fracassado ...

Beijo, e um excelente fim de semana! :)

Edum@nes disse...

De certeza que será uma agradável surpresa para Isabel. Se o homem dos olhos cinzentos for o padrinho?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

aluap disse...

Se fôr ele o padrinho é muita coincidência!

Bom fim-de-semana.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Coincidências acontecem e mudam destinos!
Abraços fraternos!