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12.6.20

ISABEL - PARTE XXIII






Porque razão, se apresentara assim? E porque é que aquela mulher o inquietara tanto, desde que a teve nos braços, naquela manhã de nevoeiro na praia? Era bonita sim, mas na sua vida errante tinha encontrado mulheres bem mais belas, que esquecera horas depois. Não era casada. Além de não usar aliança, viu-a em várias ocasiões sempre só. O que seria que o atraía? Talvez fosse o seu olhar de gazela assustada. Há muito que não via um olhar assim. Especialmente numa mulher que já deixara há muito a adolescência. Mas podia ser falso. Nas mulheres tudo era falso.
Luís, era muito céptico em relação às mulheres. Costumava dizer duas coisas quando o assunto eram mulheres. Primeiro, as mulheres não prestam. Traem os homens, traem as amigas e pior ainda traem-se a si mesmas. Segundo, a excepção era a sua mãe, a única mulher no mundo que não desiludira o Criador. Não que alguma vez ele tivesse sido um "menino da mamã". Porém tinha nela uma fé cega, sabia que ela nunca o enganaria, nem mesmo quando tentava mostrar-lhe que a vida de casado seria melhor. A mãe julgava a felicidade do casamento, pelo seu e ele nunca encontrara outro casal tão feliz.
Horas depois, no seu quarto no hotel, escrevia rapidamente.   Acabara de ter uma ideia para um novo livro, e imediatamente tratara de registar as primeiras linhas, do que seria o primeiro capítulo. Parou ao perceber que  descrevera a protagonista com as características físicas de Isabel. 
Fechou o portátil e foi até à janela. Depois de um rápido olhar para a rua,  atravessou o quarto a passos largos. 
Sentia vontade de sair. Luís não era homem de reprimir os seus desejos, nunca o fizera. Afinal era noite de Sexta-feira, e era verão.  
Chegou à rua e olhou em volta. O ar estava quente, e a lua cheia, redonda como ventre fecundado, extremamente brilhante, derramava sobre a cidade toda a sua luminosidade. Se ele fosse romântico diria que estava uma noite para namorar. Mas não o era. Apetecia-lhe caminhar. Observar as pessoas com quem se cruzava.  
Desceu a rua até ao Rossio, entrou na rua Augusta e seguiu até à Praça do Comércio. Sempre gostara de ver o Tejo em noites assim. Desde o tempo em que ele era “o outro”. As memórias lutavam para vir à superfície e aos poucos foi deixando que elas ocupassem o seu espaço no presente.
Luís era um jovem de dezoito anos, e estava loucamente apaixonado por Odete. Eram vizinhos de bairro e conheciam-se desde meninos. Quando  tinha treze anos, tomara coragem e pedira-lhe namoro. Odete, dois anos mais velha, e já uma mulherzinha aceitou. Ele ficara todo orgulhoso. E contara aos pais. O pai esboçara um sorriso e não dissera nada. O pior foi a mãe. Primeiro não gostava da gaiata, que achava pretensiosa. Depois, ele era ainda um menino tinha que se dedicar aos estudos.
Claro que ele tinha ficado irritado com a opinião da mãe. Na verdade aos treze anos, Luís nada tinha de bonito. Era demasiado alto, e muito magro. A única coisa interessante nele, eram os seus olhos cinzentos que às vezes mais pareciam de prata e que se destacavam no rosto muito moreno. E Odete era a jovem mais bonita do bairro. Tão grande quanto o seu amor, era o orgulho que ele sentia, por ela ter aceitado namorar consigo. Tinha a certeza que era o rapaz mais invejado de todo o bairro.


Agora que já toda a gente conhece a Isabel estamos a conhecer o Luís.Ou será o Nuno? Rsrsrs. Vamos ver se estas duas peças se encaixam no puzzle. 

17 comentários:

noname disse...

Que imbróglio :-)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Esses olhos cinzentos têm assim tantos mistérios??
Abraço, bfds

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Será então que Luís usa ou usou pseudónimo?
Parece escritor...
Mistério...
Beijinhos e ótimo dia.
Ailime

Tintinaine disse...

A opinião que ele faz das mulheres não é nada realista. Há mulheres de todo o tipo e com defeitos, pois está claro, que fazem parte do pacote.
Bom fim de semana e sem bailarico!!!

Maria João Brito de Sousa disse...

Pronto. Já começo a perceber as razões que levaram o homem dos olhos cinzentos a renegar a sua verdadeira identidade. Creio eu... mas penso que o poderei confirmar nas próximas leituras.

Abraço, Elvira!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhara a história.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

chica disse...

Bah! vamos juntando as peças...Linda leitura! bjs, chica

Alexandra disse...

O véu já levantou mais um bocadinho...

Como vão estes dois encaixar, já não me atrevo a imaginar. A Elvira, tem o dom de surpreender.

Bom fim de semana.

Abraço e saúde. :)

Cidália Ferreira disse...

Mais um episódio empolgante!:)) 🍀🌹
-
Melancolia ...

Beijos e uma excelente Sexta Feira:)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

O Nuno FRaga é o escritor!
Pseudonimo do Luis.
Acho eu!
Estou a gostar deveras!
beijinhos
:)

" R y k @ r d o " disse...

A situação está confusa

Deixando uma 🌹

Gaja Maria disse...

Luis lá terá as suas razões, veremos quais são.

Edum@nes disse...

Voltarei para saber qual é o verdadeiro nome do homem dos olhos cinzentos, se Luis ou Nuno?

Bom fim de semana amiga Elvira, Um abraço.

Os olhares da Gracinha! disse...

Gosto dos olhos cinzentos e o mistério que deles advém!!! Bj

Minas cap disse...

Bole posts meus parabéns. ;)
RJ da Sorte

lis disse...

Um tanto misterioso o casal.
Fiz uma leitura dinâmica aqui e ainda preciso entender melhor com se dará o relacionamento uma vez que o Luís tem ideias confusas a respeito das mulheres.
Aguardo a ideia da escritora rs
Abraço Elvira

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Legal esse capítulo que nos fez conhecer um pouco do Luís!
Beijos!